Aparelhos auditivos, implantes cocleares e eletrodos cerebrais são os principais recursos que a medicina tem a oferecer, hoje, a pessoas com prejuízos na capacidade de ouvir sons.
Em um futuro não tão distante, terapias gênicas deverão integrar o rol de tratamentos. É o que indicam estudos clínicos cujos resultados dão esperança a crianças que nasceram surdas devido a mutações no DNA.
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Em testes realizados na China, na Europa e nos Estados Unidos, pacientes infantis submetidos a intervenções que corrigem alterações genéticas passaram a conseguir identificar falas, escutar sons em volumes normais e ter um bom processamento cerebral desses barulhos.
Os resultados dos estudos foram publicados nas renomadas revistas científicas The Lancet e Nature Medicine.
“São resultados promissores, ainda que incipientes”, avalia Ida Schwartz, presidente da Sociedade Brasileira de Genética Médica e Genômica (SBGM). “Ansiamos ver os efeitos dessas terapias no longo prazo.”
Sem ruídos
Entenda como funcionam as terapias que reparam o DNA
O problema
Cerca de 30 milhões de jovens em todo o mundo têm perda auditiva ligada a razões genéticas.
O alvo
Dos mais de 150 genes relacionados à condição, estudos têm focado em alterações no gene OTOF. As alterações neste gene específico representam até 8% de todos os casos de surdez congênitas ao redor do mundo.
A intervenção
Versões “corrigidas” do gene são levadas por vetores virais até as células da cóclea, dentro da orelha.
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A reforma
A fórmula é injetada no ouvido, facilitando o processo de reparação de células.
O resultado
A cópia corrigida se replica, dando início a uma nova linhagem de células aptas a captar o som.
A ponderação
A técnica ainda precisa ter benefícios e efeitos adversos analisados em maior escala e tempo.