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Como os exercícios físicos fortalecem a ação das vacinas

Não é exagero: suar a camisa dá uma força à imunidade e aumenta inclusive a resposta do corpo às vacinas. Aprenda a tirar proveito disso

Por Chloé Pinheiro
Atualizado em 14 fev 2020, 18h21 - Publicado em 11 nov 2019, 10h20
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  • Se os brasileiros querem mesmo se prevenir das principais infecções espalhadas por aí, deveriam começar revendo dois comportamentos: o sedentarismo e a negligência com a imunização. Tanto manter as vacinas em dia como praticar atividade física na rotina são atitudes que treinam nossas células de defesa para debelar ataques de vírus e bactérias. Quando combinadas, então, elas produzem uma sinergia digna de nota. A ciência vem comprovando que os exercícios podem melhorar até o efeito dos imunizantes. É o que acontece, por exemplo, no caso da gripe.

    Um novo estudo, conduzido em Singapura com 56 mulheres idosas que receberam uma dose para se proteger do vírus influenza, constatou que as mais ativas apresentavam um maior número de anticorpos contra o agente infeccioso até um ano e meio após a picada. Elas também ostentavam outros biomarcadores (pistas no sangue) que indicavam uma atuação mais intensa e efetiva das unidades de defesa, especialmente dos macrófagos, responsáveis por engolir literalmente os inimigos microscópicos.

    Essa repercussão do exercício é especialmente bem-vinda aos idosos, porque, com a idade, o sistema imune perde em desempenho. Um dos aspectos comprometidos é a renovação das células de defesa de memória, que reconhecem intrusos específicos e coordenam a produção de anticorpos contra eles.

    “Assim, o organismo se torna menos capaz de responder ao desafio imposto pela vacina”, explica o biólogo André Bachi, da Universidade Federal de São Paulo.

    Caminhadas, corridas e pedaladas também minimizam outro processo mais comum com o envelhecimento, as inflamações pelo corpo.

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    “Suspeitamos que a liberação de moléculas anti-inflamatórias possa tornar as células de defesa mais sensíveis aos patógenos da vacina”, diz o biólogo Anis Larbi, pesquisador da Singapore Immunology Network e um dos responsáveis pelo trabalho que visualizou o impacto dos exercícios na imunização contra a gripe.

    Como os exercícios físicos fortalecem a imunidade

    Esse foco na gripe não é fruto do acaso. Estima-se que metade dos idosos vacinados não desenvolva imunidade ao influenza circulante com a dose aplicada. Metade! Daí a necessidade de pensar em estratégias que sensibilizem o organismo a reagir ao imunizante.

    Já há um consenso, porém, de que o suor da camisa também se reverte em benefícios para outras faixas etárias. “Em jovens adultos, sabemos que o exercício pouco antes da vacinação pode tanto melhorar sua eficácia quanto reduzir efeitos adversos, como dor e perda de apetite”, afirma a imunologista Kate Edwards, da Universidade de Sydney, na Austrália.

    Em uma das pesquisas que coordenou, a cientista notou que fazer uma sessão de 15 minutos de atividades e ser imunizado na sequência é capaz de turbinar a resposta à vacina pneumocócica, que nos protege contra bactérias por trás de pneumonia e meningite.

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    Já existem indícios inclusive de que a prática teria potencial para mitigar fatores que atrapalhariam a resposta à imunização. Um experimento com roedores da Universidade de Illinois, nos Estados Unidos, mostrou que a movimentação ajuda o corpo a administrar o estresse fisiológico da própria vacinação.

    Ora, a vacina não deixa de ser encarada pelo organismo como um fator estressor, mas se trata de algo controlado e posteriormente proveitoso. Ao preparar o terreno e atenuar essa tensão natural, acredita-se que o imunizante produza um resultado superior.

    “A atividade física exige uma adaptação sistêmica, e isso também mobiliza nossas defesas”, explica o cardiologista Henrique Fonseca, pesquisador do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP).

    O papel dos exercícios na imunidade, é bom que se diga, não se resume a otimizar o efeito da vacinação. “Durante a prática, ocorre a liberação de hormônios como a adrenalina, que recrutam células imunes, as colocam em circulação e melhoram seu funcionamento”, conta o fisiologista José Cesar Rosa Neto, professor do ICB-USP.

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    “Não quer dizer que quem se exercita não pega infecções, mas sim que o organismo está mais bem preparado para lidar com elas”, completa o estudioso da USP.

    Quanto mais exercício, melhor?

    Nem pense em se matar na academia com a proposta de nunca mais ficar gripado. Com o exagero, o tiro sai pela culatra. “O corpo passará a trabalhar para inibir o recrutamento das células de defesa, e isso cria um quadro muito desfavorável para o combate a infecções”, avisa Fonseca.

    Pesquisas com atletas de elite demonstram que se exigir demais diminui a resistência a vírus e bactérias. Tem maratonista que até cai de cama após a prova!

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    “A sobrecarga imposta por treinos de alta performance provoca, ainda, uma deficiência de imunoglobina A, que resguarda as vias respiratórias”, observa o médico Fábio Jennings, coordenador da Comissão de Medicina Física e Reabilitação da Sociedade Brasileira de Reumatologia.

    E como determinar, então, a frequência e a intensidade adequadas para o sistema imune? Embora o ideal seja traçar isso com um profissional depois de uma avaliação individualizada, no geral os experts recomendam cinco sessões semanais de exercícios moderados com até uma hora de duração — ou três dias de malhação mais puxada.

    E é bom lembrar que falamos aqui de uma atividade programada, um treino com começo, meio e fim. Ir a pé até o trabalho ajuda, mas não entra nessa conta.

    Para potencializar o efeito das vacinas, atividades aeróbicas (caminhada, natação, ciclismo…) em um período próximo à picada parecem ser particularmente interessantes. Naquele estudo de Singapura, por exemplo, as voluntárias caminhavam após tomar sua dose.

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    Mas o decisivo aqui é a constância. Não adianta malhar só perto da campanha de vacinação da gripe ou de qualquer outra infecção. Tem que buscar a regularidade — o ano todo! Do contrário, feito um atleta sem treino, as defesas podem deixar a desejar em desempenho.

    Estou doente! Devo malhar?

    Vai depender. Exercícios leves ou moderados diante dos primeiros sintomas de uma gripe ou resfriado podem até ajudar no combate à infecção. Agora, se o mal-estar já estiver instalado (sobretudo na presença de febre), significa que o corpo clama por repouso. E é melhor respeitá-lo.

    Efeito anti-inflamatório

    Além de melhorar o contra-ataque a agentes infecciosos, o exercício físico auxilia a atenuar inflamações crônicas, um fenômeno presente em males tão diversos quanto doenças cardiovasculares e problemas reumáticos.

    Correr ou puxar ferro até instiga uma reação inflamatória, que entra em cena para recuperar a musculatura, mas também estimula a liberação de moléculas que apagam o incêndio depois. Dessa forma, o corpo fica menos exposto a condições adversas atreladas a processos inflamatórios — uma lista que vai de câncer a depressão.

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