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Há muita ciência por trás das refeições. Neste espaço, profissionais da Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição destrincham o papel de alimentos, nutrientes e cardápios realmente equilibrados em prol da saúde
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Sarcopenia, a desnutrição silenciosa

Professor esclarece o elo entre dieta desequilibrada e redução da massa muscular — e o impacto disso na qualidade de vida

Por Dr. Marcos Ferreira Minicucci*
Atualizado em 21 abr 2020, 10h59 - Publicado em 14 dez 2017, 16h41
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  • A desnutrição, fruto de um déficit no consumo energético e de proteínas, já é considerada um problema de saúde pública, principalmente na população idosa. Segundo a definição europeia, é caracterizada pela falta de ingestão ou absorção de nutrientes capaz de levar a alterações na composição corporal, diminuição da função física e mental, bem como a maior risco de doenças e complicações.

    O índice de massa corporal (IMC) – calculado dividindo-se o peso pela altura elevada ao quadrado – menor que 18,5 ou a perda de peso maior que 5% durante três meses são critérios que sugerem desnutrição. Esse quadro, aliás, pode ser dividido de acordo com a sua causa em:

    São diversas as alterações no organismo que acontecem com o envelhecimento e estão associadas à desnutrição. Os mais idosos frequentemente reduzem a ingestão alimentar devido a perdas sensoriais como as do paladar e olfato, podem sofrer de condições crônicas como depressão e demência, além de usarem medicações que interferem no apetite.

    O próprio processo inflamatório das doenças crônicas, mais comuns com o avançar da idade, pode levar à perda da vontade de comer e à deterioração dos músculos.

    Além disso, o envelhecimento é naturalmente acompanhado de uma lenta e progressiva diminuição da massa muscular. Com o tempo, ela acaba sendo substituída por colágeno e gordura. A redução excessiva desse suporte, juntamente à diminuição da capacidade funcional da musculatura, é que está por trás da sarcopenia.

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    É interessante observar que pessoas com a condição podem não apresentar necessariamente redução do peso ou do IMC, justamente porque a musculatura é substituída por gordura. Logo, a sarcopenia não fica aparente, o que dificulta inclusive o diagnóstico.

    Para a detecção do quadro, indica-se um exame que evidencie a redução da massa muscular – como ressonância magnética, bioimpedância elétrica ou densitometria de raio X de dupla energia – associada à redução da força muscular, determinada pelo teste de força de preensão manual, ou da performance muscular, apontada pela análise da velocidade da marcha ou de um teste de caminhada de 6 minutos.

    Os fatores de risco

    Apesar da escassez de dados brasileiros, um estudo realizado com idosos na área urbana da cidade de São Paulo indica uma prevalência de 15,4% de sarcopenia.

    A sarcopenia representa um fator de risco importante para a fragilidade e a perda de independência das pessoas mais velhas. Também está ligada a um maior risco de sofrer acidentes, quedas e mesmo uma morte precoce. Atualmente, a sarcopenia apresenta um grande impacto socioeconômico, consumindo aproximadamente 18,5 bilhões de dólares só nos Estados Unidos.

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    Falamos de uma condição de origem multifatorial. São vários os fenômenos fisiológicos que desempenham papel em seu aparecimento, como diminuição na produção de alguns hormônios, sem contar o peso dos aspectos do estilo de vida. Concorrem a favor do problema inatividade física, redução na ingestão de proteínas, tabagismo e deficiência de vitamina D.

    Plano de ação

    Hoje, diversos tratamentos promissores para a sarcopenia são estudados. Mas a combinação entre dieta balanceada e atividade física regular segue como principal terapia contra a doença. Nesse sentido, vale destacar que a oferta de proteína deve estar adequada, ficando entre 1,2 e 1,5 grama diários do nutriente por quilo. Assim, um indivíduo de 60 quilos poderia comer algo em torno de dois a três bifes. Algumas pesquisas sugerem inclusive que esse aporte de proteínas deve ser fracionado ao longo do dia.

    Além disso, a reposição de vitamina D em casos de deficiência e o tratamento da anemia, uma vez presente, reforçam o índice de sucesso do combate à sarcopenia.

    A suplementação de leucina, um aminoácido essencial não produzido pelo organismo, também é estudada com resultados promissores. Seu uso, vale lembrar, vai depender de indicação e orientação de um profissional de saúde.

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    Em relação à atividade física, exercícios supervisionados, preferencialmente de resistência (musculação e afins) ou combinados com os aeróbicos (caminhada, corrida..) são recomendados.

    O objetivo é frear ou reverter a perda da massa muscular para que esse processo não interfira na qualidade de vida.

    * Dr. Marcos Ferreira Minicucci é professor da disciplina de Clínica Médica Geral da Faculdade de Medicina de Botucatu da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e editor-chefe da Nutrire, a revista da Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição (SBAN)

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