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Casos de hanseníase aumentam – e ainda são subnotificados

No Janeiro Roxo, mês de conscientização da doença que já foi conhecida como lepra, fique por dentro do contexto atual e dos sintomas e tratamentos

Por Alex Rodrigues, da Agência Brasil*
12 jan 2024, 11h59
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O Janeiro Roxo é o mês de conscientização da hanseníase (Foto: arquivo/Veja Saúde)
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Entre janeiro e novembro de 2023, o Brasil diagnosticou ao menos 19 219 novos casos de hanseníase. Mesmo que preliminar, o resultado já é 5% superior ao total de notificações registradas no mesmo período de 2022.Casos de hanseníase aumentam – e ainda são subnotificadosCasos de hanseníase aumentam – e ainda são subnotificados

Segundo as informações do Painel de Monitoramento de Indicadores da Hanseníase, do Ministério da Saúde, o estado de Mato Grosso segue liderando o ranking das unidades federativas com maiores taxas de detecção da doença.

Até o fim de novembro, os 3 927 novos casos no estado já superavam em 76% os 2 229 do mesmo período de 2022. Em seguida vem o Maranhão, com 2 028 notificações, resultado quase 8% inferior aos 2 196 registros anteriores.

Consultada pela Agência Brasil, a Secretaria de Saúde de Mato Grosso informou que nos últimos anos os diagnósticos da doença vêm aumentando gradualmente, resultado de uma “política ativa de detecção” que, entre outras medidas, inclui a “capacitação dos profissionais da saúde”.

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A exemplo do Mato Grosso, outras unidades federativas seguem abastecendo o cadastro nacional com informações anteriores a novembro, o que significa que o percentual de 5% tende a aumentar.

+Leia também: Manchas e perda de sensibilidade na pele? Pode ser hanseníase

“Para nós, o aumento do último ano não é novidade, porque há uma grande subnotificação de casos no país”, diz o coordenador Nacional do Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan), Faustino Pinto.

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A Secretaria de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde, no boletim epidemiológico divulgado em janeiro de 2023 (com dados relativos a 2022), admite que a pandemia de Covid-19 impôs um desafio extra. Isso porque teria dificultado novos diagnósticos e o seguimento do tratamento de pacientes com hanseníase, o que contribui para a para a subnotificação e o pior prognóstico dos casos.

Tanto que, de 2019 para 2020, o total de casos diagnosticados caiu de 27 864 para 17 979. Por outro lado, em 2021, 11,2% dos 18 318 novos pacientes identificados já apresentavam lesões graves nos olhos, mãos e pés quando foram diagnosticados. Ou seja, a doença foi flagrada em estágio tardio.

“Muitas pessoas estão deixando de ser tratadas a tempo de evitar sequelas neurológicas. Também estamos falhando nos esforços para interromper o ciclo de transmissão da doença”, comenta Pinto. Uma vez iniciado o tratamento, a pessoa infectada deixa de transmitir a bactéria causadora da hanseníase para outras pessoas susceptíveis a desenvolver a doença.

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Janeiro Roxo, o mês de conscientização da hanseníase

Considerada uma das mais antigas doenças a afligir o ser humano, a hanseníase é uma infecção contagiosa provocada pelabactéria Mycobacterium leprae. Ela atinge a pele, mucosas, nervos e gânglios. Embora tenha cura, pode causar lesões e danos neurais irreversíveis, se não diagnosticada a tempo e tratada de forma adequada.

Entre os sinais e sintomas mais frequentes estão:

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  • Aparecimento de manchas, que podem ser brancas, avermelhadas, acastanhadas ou amarronzadas
  • Areas da pele com alteração da sensibilidade
  • Engrossamento da pele, associado a alterações motoras

Também podem ser indícios da doença o surgimento de áreas com diminuição dos pelos e do suor; sensação de formigamento ou fisgadas, principalmente em mãos e pés; diminuição da força muscular na face, nas mãos ou nos pés e caroços (nódulos) no corpo, em alguns casos avermelhados e dolorosos.

A maioria das pessoas expostas à bactéria Mycobacterium leprae não desenvolve a doença.

De acordo com o Ministério da Saúde, a hanseníase é identificada por meio de exame físico geral, dermatológico e neurológico. Realizado com o uso de medicamentos antimicrobianos, o tratamento é feito gratuitamente, no Sistema Único de Saúde (SUS). A duração do tratamento varia conforme a forma clínica da doença.

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Em crianças, o diagnóstico exige uma avaliação mais criteriosa, devido à dificuldade de aplicação e interpretação dos testes de sensibilidade. Além disso, casos infantis são indicadores de transmissão ativa da doença, especialmente entre parentes. Pessoas que convivem com quem possui a hanseníase transmissível – ou seja, não tratada – têm três vezes mais risco de desenvolver a doença, devido ao contato próximo e prolongado.

Para conscientizar a população em geral sobre a importância do diagnóstico precoce e do enfrentamento ao preconceito contra a hanseníase, no Brasil, desde 2016, o mês de janeiro é dedicado à campanha Janeiro Roxo. Oficializada pelo Ministério da Saúde, a iniciativa busca disseminar informações sobre os principais sinais, sintomas, tratamento e prevenção da doença.

Embora conste do calendário do Ministério da Saúde, a iniciativa, na prática, é realizada por estados e municípios. Faustino Pinto, coordenador do Morhan, reconhece que, em todo janeiro, encontra iniciativas de certos municípios valorizando o diagnóstico e a busca ativa de casos.

“Mas essas campanhas são tímidas. Se ocorresse uma campanha nacional, ela resultaria na notificação de muito mais casos do que os que temos visto Só com isso poderíamos, daqui a alguns anos, pensar em reduzir e até, quem sabe, erradicar a doença”, conclui.

*Este conteúdo foi adaptado da Agência Brasil. Confira a reportagem completa clicando aqui.

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