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Por que as mulheres estão parando de se exercitar?

Entre as barreiras para romper a inatividade estão questões relacionadas ao tempo disponível, baixa autoconfiança e ambientes intimidadores

Por Lucas Rocha
15 abr 2024, 18h17
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Estudo reafirma a correlação positiva entre os níveis de exercícios das mulheres e seu bem-estar mental (Foto: Freepik/Divulgação)
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Os benefícios da prática regular de atividade física incluem fatores como prevenção e controle de doenças crônicas, apoio para a manutenção do peso, além de redução do risco de declínio cognitivo e promoção da melhora da saúde mental.

No caso das mulheres, o movimento ainda atua como um forte agente protetor da saúde do coração. Os exercícios podem reduzir em até 36% os riscos de mortalidade por doenças cardiovasculares, de acordo com um estudo da Universidade de Harvard, com a participação de pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), publicado no periódico Circulation.

No entanto, quase metade da população brasileira está abaixo das recomendações mínimas de atividade física. A Organização Mundial da Saúde (OMS) preconiza pelo menos 150 a 300 minutos de exercícios de moderada intensidade por semana para adultos. Dados do Ministério da Saúde apontam que o percentual é maior entre mulheres do que em homens, com um índice de 55,7%.

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Um levantamento global inédito, com a participação de quase 25 mil pessoas, revela as diferenças entre homens e mulheres nesse quesito. Os dados são alarmantes: mais da metade das mulheres no mundo está desistindo ou parando completamente de se exercitar, o que tem afetado negativamente o bem-estar emocional.

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Encomendada pela Asics, a pesquisa foi conduzida pela cinesiologista Dee Dlugonski, da Universidade de Kentucky (EUA), e pelo fisioterapeuta Brendon Stubbs, professor da Kings College de Londres (Reino Unido).

O estudo também mostra que mais da metade das mulheres está insatisfeita com seus níveis de exercícios. Entre as barreiras para romper a inatividade estão questões relacionadas ao tempo disponível (74%), baixa autoconfiança (35%), ambientes intimidadores (44%) ou sensação de não serem suficientemente atletas (42%).

“Um dos motivos alegados é a de que elas precisam conciliar o papel de mãe ou cuidadora com a demanda profissional. E não se trata apenas de uma questão da gestão de tempo. Além disso, no momento que teriam para praticar a atividade física, elas já estão exaustas“, afirma Karina Hatano, médica do esporte do Hospital Israelita Albert Einstein.

No estudo, quase dois terços (61%) das mães citaram a maternidade como a principal razão pela qual interromperam suas práticas de exercícios ou esportes.

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Na etapa qualitativa da pesquisa, participantes revelaram dificuldades associadas às expectativas da sociedade sobre os papéis de gênero, incluindo o fato de que as mulheres devem arcar com a maior parte dos cuidados com a família e e as responsabilidades domésticas.

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Mais da metade das mulheres em todo o mundo está desistindo ou parando completamente de se exercitar, aponta estudo (Foto: Drazen Zigic/Freepik)

Por outro lado, o levantamento observou o reconhecimento da correlação positiva entre os níveis de exercícios e o bem-estar mental. As voluntárias relataram que se sentem mais felizes (52%), mais energizadas (50%), mais confiantes (48%), menos estressadas (67%) e menos frustradas (80%) quando se exercitam regularmente.

No que diz respeito à motivação, o estudo destaca que mais de um terço diz que suas amigas são as mais importantes influenciadoras de exercícios. Pais e parceiros também foram mencionados, mostrando que ambos os gêneros possuem um impacto sobre a participação feminina no esporte.

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“Um dos alicerces para se exercitar mais é realmente fazer parcerias, seja com companheiro ou companheira, familiares, amigas ou clubes que tenham grupos importantes para ela”, diz Karina. “A mulher se sentir pertencida a um grupo faz com que ela consiga lidar melhor com desafios internos de autoconfiança ou do ambiente que possa ser mais hostil”, acrescenta.

Quando perguntadas sobre o motivo pelo qual se exercitariam, elas disseram universalmente que é mais pela saúde mental (92%) e física (96%) do que pela estética.

Já as percepções dos homens sobre os desafios que as mulheres enfrentam se mostraram diferentes da realidade. Apenas 34% deles reconheceram a falta de tempo como uma barreira para o exercício das mulheres, apesar de três quartos (74%) delas citarem o problema.

Em vez disso, eles pensavam que as inseguranças corporais eram o principal entrave, com 58% dos homens relatando isso em primeiro lugar, em comparação com 36% das participantes.

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Benefícios diferentes entre mulheres e homens

Enquanto isso, um novo estudo publicado no Journal of the American College of Cardiology (JACC) mostra que as mulheres podem se exercitar com menos frequência do que os homens, mas recebem maiores ganhos cardiovasculares.

Para chegar aos resultados, os pesquisadores analisaram dados de mais de 412 mil adultos norte-americanos. A partir de indicadores de atividade física no lazer no período de 1997 a 2019, os investigadores avaliaram pontos específicos de gênero em relação a frequência, duração, intensidade e tipo de exercício.

Naturalmente, o risco de mortalidade se mostrou menor entre aqueles envolvidos com qualquer prática regular em comparação com os sedentários. No entanto, houve uma queda mais expressiva de 24% nas mulheres em comparação com 15% nos homens.

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“A beleza desse estudo é aprender que as mulheres podem tirar mais proveito de cada minuto de atividade moderada a vigorosa do que os homens. É uma noção incentivadora que esperamos que as mulheres levem a sério”, disse a autora do artigo Martha Gulati, diretora de Cardiologia Preventiva do Departamento de Cardiologia do Smidt Heart Institute do Cedars-Sinai, em comunicado.

Os cientistas decidiram então analisar mais profundamente a atividade física aeróbica moderada a vigorosa, como caminhada rápida ou ciclismo. Aqui, eles descobriram que os homens atingiram benefícios máximos com esse nível de exercício por cerca de cinco horas por semana, enquanto as mulheres alcançaram o mesmo grau com pouco menos de duas horas e meia semanais.

Com métodos de fortalecimento muscular não foi diferente. No levantamento de peso ou musculação, eles alcançaram o pico com três sessões semanais, enquanto elas colheram resultados semelhantes com apenas um treino por semana.

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