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Balanças de bioimpedância estão em alta: saiba prós e contras

As vendas da versão doméstica desse item aumentaram, mas é preciso saber usar para ter um bom acompanhamento (e não se enganar). Entenda mais

Por Ingrid Luisa
7 Maio 2024, 12h10
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  • Você já subiu em uma balança de bioimpedância? Figurinha carimbada nos consultórios nutricionais, ela mede muito mais que o peso: dá valores de porcentagem de gordura, músculos, ossos, taxa de gordura visceral, entre outros dados.

    Ou seja: fornece uma análise completa da composição corporal. E isso é positivo, pois o peso é inespecífico: o que faz o número da balança comum mudar não é apenas a quantidade de gordura, como também a de todos os outros componentes do seu corpo (músculos pesam mais que gordura, aliás).

    “Às vezes, num tratamento para perda de gordura, o peso pode não estar diminuindo na balança comum, mas, quando a gente vai para a bioimpedância, consegue discriminar. Se o percentual de gordura reduziu e o de massa muscular subiu, ótimo. É um resultado benéfico, mas que não aparece em uma balança comum”, explica a médica Paula Rosado de Souza, do Rio de Janeiro.

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    E a tal balança de bioimpedância tem se tornado mais acessível, devido a popularização das versões domésticas.

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    “Em 2015, a gente começou a vender o primeiro modelo dessas balanças, bem simples. E não havia muita procura”, relata Renato Carvalho, CEO da RelaxMedic, empresa que vende itens de saúde e bem-estar domésticos. “O que alavancou esse mercado foi a pandemia. Com todo mundo preso em casa, preocupado de estar mudando o corpo, aumentou a compra de balanças de todos os tipos. E a bioimpedância ganhou tração ali”, explica.

    Apenas no último ano, a RelaxMedic vendeu mais de 100 mil balanças de bioimpedância de vários modelos. As opções da marca incluem itens mais acessíveis, de 200 reais, até opções mais modernos, que chegam a 900.

    E essa popularização pelas residências facilitou até consultas médicas.

    “Nos atendimentos por telemedicina, não consigo pesar os pacientes”, afirma Paula, que trata problemas metabólicos. “Mas, se eles têm essa balança em casa, conseguem me mandar os resultados, mesmo que uma estimativa, discriminando o percentual de massa gorda, massa magra, gordura visceral. Isso ajuda a fazer uma prescrição mais direcionada”, completa.

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    Que fique claro: a balança de bioimpedância de casa não substitui uma avaliação corporal completa feita por um médico ou nutricionista. Mas ela é um bom quebra galho e ajuda no acompanhamento – desde que você a use corretamente, e saiba escolher modelos mais confiáveis.

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    Mas, afinal, como essa tecnologia funciona?

    A análise por bioimpedância é feita em balanças que possuem polos de metal em sua base, onde a pessoa deve posicionar bem os pés para que uma fraca corrente elétrica atravesse o corpo.

    Nas versões mais simples, com dois sensores, a corrente geralmente chega até a cintura – e o aparelho estima o resto da composição corporal através de equações matemáticas. Nas mais precisas, que possuem suporte para segurar a mão e pelo menos oito sensores, essa corrente atravessa o corpo inteiro e consegue medições mais confiáveis.

    A balança analisa os dados de acordo com sexo, idade, altura e até intensidade da atividade física, dependendo da marca. Mas o maior trunfo é também seu maior calcanhar de Aquiles: ela funciona através da água corporal.

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    Como a corrente elétrica viaja facilmente pela água, ela consegue percorrer tecidos e músculos, assim calculando e estimando valores para eles e para gordura. Ocorre que a concentração de água no organismo é o índice que mais varia no corpo durante o dia. 

    E isso devido a diversos fatores, como quantidade de água ingerida (tanto isolada quanto em alimentos), o funcionamento do sistema digestório, o nível e o tipo de atividade física praticada, a excreção pela urina.

    Para mulheres, devido as mudanças hormonais do ciclo menstrual, é normal que o peso varie de dois a três quilos ao longo do dia – muito por causa dessa flutuação da concentração de água. Isso significa que a composição corporal de músculos e gordura mudou? Certamente que não.

    Então, a bioimpedância é imprecisa?

    Quando bem aplicada, não. Mas é claro que existem muitos fatores de confusão e que ela depende bem mais do paciente que da máquina.

    Para que uma bioimpedância seja feita de forma adequada, o ideal é a pessoa siga uma série de regrinhas para que as variações de água corporal não interfiram tanto no resultado. E, sim, algumas delas são complicadas de seguir no dia a dia, principalmente se as medições forem frequentes. Mas vamos lá:

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    • Jejum de no mínimo 3 horas antes do exame
    • Não praticar exercícios físicos intensos nas 3 horas que antecedem a medição
    • Esvaziar a bexiga antes do teste (o último copo pequeno de água pode ter sido, no máximo, uma hora antes)
    • Não usar diuréticos nas últimas 72 horas
    • Não ter ingerido bebidas alcoólicas ou alimentos com cafeína (como café, chocolate ou matcha) 24 antes do teste
    • Pisar na balança descalço, com roupas leves e sem qualquer adereço metálicos (brincos, colares, relógios, etc)
    • Realizar a pesagem sempre no mesmo horário

    E tem um ponto aqui: uma medição isolada pode sofrer muitas influências, realmente. Então é unanimidade que a melhor forma de tirar proveito de uma bioimpedância (principalmente a caseira) é a título de comparação. Ou seja, ao repetir as pesagens com frequência – uma vez por semana, por exemplo – vai se criando uma curva de evolução que é, no todo, mais confiável.

    Por exemplo: se, na sua composição atual, deu que você tem 30% de gordura, e, daqui a seis meses, esse número caiu para 25%, certamente houve progresso. Mesmo os números absolutos não sendo esses, mediar a progressão é positivo. Então não se desespere com uma medida isolada muito pior do que o esperado (nem comemore tanto outra muito melhor).

    Ah, lembrando: mulheres grávidas e pessoas com partes metálicas no corpo (como marcapasso ou próteses) não devem fazer esse exame.

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    Toda bioimpedância é igual?

    Não. Como já foi mencionado, a depender da quantidade de sensores da balança, da postura que a pessoa fica e até da marca do aparelho, os resultados são mais ou menos precisos.

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    Para começar, é essencial seguir as instruções cuidadosamente, seja do profissional ou do manual, caso esteja fazendo o exame em casa. Pés e mãos mal posicionados alteram os resultados.

    As marcas de bioimpedância profissional mais estudadas e atestadas são InBody e Tanita. Já entre as domésticas, a Xiaomi despontou com bons modelos, assim como as tradicionais Omron e RelaxMedic.

    Mas, atenção: tecnologias mais antigas ainda precisam de calibragem, então cuidado caso for fazer um teste de farmácia com um aparelho que não é ligado e ajustado constantemente. Ele pode alterar, e muito, o resultado.

    Também tenha noção que esse investimento não é de baixo custo: as boas versões domésticas não saem por menos de 200 reais. Comprar um aparelho de 30 reais de uma marca desconhecida certamente não vale a pena.

    Antropometria é melhor que bioimpedância?

    A análise antropométrica é um conjunto de técnicas utilizadas para tirar medidas e dimensões corporais de uma pessoa.

    Nela, se avalia alguns parâmetros para chegar a composição corporal:

    • Peso
    • Altura
    • Dobras Cutâneas
    • Circunferências corporais 

    Geralmente, o profissional usa fita métrica para fazer medições e um adipômetro para aferir as dobras (é aquele equipamento que belisca as suas gordurinhas, sabe?).

    A rigor, os estudos atestam que, por não depender do comportamento do paciente, a antropometria tem resultados mais precisos que a bioimpedância.

    Mas é um método mais lento (várias medidas e dobras são retiradas e calculadas), trabalhoso e que exige técnica apurada do profissional. Sem as aferições e cálculos corretos, também não se chegará a um resultado preciso.

    No mais, pessoas com obesidade, ou mesmo que passaram por uma cirurgia bariátrica e não fizeram procedimentos reparadores, medir as dobras pode ser complexo. E aí a bioimpedância surge como uma opção melhor, mesmo no consultório.

    Hoje, muitos nutricionistas e médicos usam as duas avaliações em conjunto para chegar a uma visão mais completa da composição do paciente.

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