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O Fim das Dietas

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Antonio Lancha Jr, professor expert em atividade física e nutrição da USP e autor de livros como "O Fim das Dietas", ensina como emagrecer sem cair em promessas furadas
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Isolamento social: uma oportunidade de rever sua rotina para emagrecer

O distanciamento social imposto pelo novo coronavírus traz armadilhas engordativas. Mas também pode ser uma chance para equilibrar o estilo de vida

Por Antonio Lancha Jr.
Atualizado em 24 abr 2020, 16h20 - Publicado em 3 abr 2020, 15h54
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  • Quando o primeiro caso da Covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus, surgiu na China ao final do ano passado, poucos poderiam imaginar como nossas vidas virariam do avesso. Mas essa situação está colocada — e negá-la só ajuda a disseminar ainda mais a infecção. Então o que podemos tirar de aprendizado em nome de hábitos mais saudáveis?

    A vida é um roteiro escrito diariamente. Embora esse fato seja de domínio público, a mente busca sempre um porto seguro ou uma previsibilidade do que acontecerá nos dias vindouros. A gente quer ter controle do que está ao redor. É até por isso que adultos gostam tanto de parques infantis: lá, os personagens não envelhecem nem morrem, e ainda podemos nos lembrar de quando éramos crianças e nos preocupávamos menos com o futuro.

    Essa armadilha da mente humana, decorrente de diversos processos evolutivos, resulta em ansiedade. E, caprichosamente, tal sentimento é processado em um centro neurológico próximo ao da fome. Resultado: ansiedade se confunde com vontade de comer. Já reparou nisso? Eu me aprofundei sobre o assunto no livro O Fim das Dietas.

    Pois bem, a pandemia do novo coronavírus trouxe a nossa vida para o dia de hoje. Tudo o que programamos e planejamos se refere apenas ao dia que vivemos, até porque novas informações que interferem nos nossos comportamentos chegam a cada segundo. Poderíamos supor que isso geraria menos ansiedade, uma vez que temos de focar mais no presente. Porém, a mente, treinada em tentar viver o futuro, não se aguenta na quarentena. Ela vaga feroz para os dias e meses adiante, pintando cenários catastróficos. Vamos dar o crédito: essa forma de pensar é resultado de um processo evolutivo onde os mais pessimistas se preparavam melhor para os piores cenários.

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    Só que uma mente assustada molda nossas decisões para garantir a energia necessária para sobreviver um futuro onde, hipoteticamente, haveria falta de alimentos. Nós ficamos tentados a encher a despensa de comida, mesmo que as autoridades garantam que o abastecimento nos mercados está garantido no momento. E, quanto mais comida em casa, maior a chance de você abusar.

    Além disso, a ansiedade dispara processos fisiológicos de sobrevivência. O corpo de alguém cronicamente estressado estoca mais a energia dos alimentos na forma de gordura. Ou seja, há uma maior predisposição ao ganho de peso, o que não ajuda em nada durante o isolamento social.

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    Em tempos desafiadores como esse, precisamos ser racionais. Engordar não ajuda em nada. Aliás, até atrapalha, porque a obesidade está associada a quedas no sistema imunológico e, possivelmente, a complicações do coronavírus.

    Qual poderia ser o aprendizado dessa situação? Viva cada dia, compre o necessário de comida e não estoque na despensa (ou em você mesmo) as calorias que não utilizará. Entenda a impermanência da vida e dessa pandemia, se concentre no aqui e agora. Quando tudo isso passar, sairemos mais fortes, resilientes e menos preocupados com um lugar que não existe em qualquer situação: o futuro.

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