Clique e Assine VEJA SAÚDE por R$ 9,90/mês
Imagem Blog

Com a Palavra

Por Blog Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Neste espaço exclusivo, especialistas, professores e ativistas dão sua visão sobre questões cruciais no universo da saúde
Continua após publicidade

As cortinas de fumaça que envolvem os pulmões

Cigarro eletrônico e poluição atmosférica representam ameaça urgente por aumentar risco de doenças como o câncer de pulmão

Por Carlos Henrique Teixeira, oncologista*
21 out 2022, 10h16
ilustração de pessoa fumando numa cápsula
Pesquisas associam danos pulmonares a cigarro eletrônico e exposição à poluição.  (Ilustração: Amy Maitland/SAÚDE é Vital)
Continua após publicidade

Há tempos sabemos que o cigarro é o principal fator de risco para o câncer de pulmão. Felizmente, o número de fumantes diminuiu significativamente, sendo o Brasil um dos melhores exemplos internacionais de políticas públicas para a restrição do tabagismo.

Essas iniciativas estão entre aquelas que deram certo no país, e seu resultado pode ser mensurado não só em vidas salvas mas em centenas de milhares de reais economizados no tratamento de doenças como o câncer.

No entanto, outra cortina de fumaça nos amedronta atualmente, a dos cigarros eletrônicos. Não é difícil encontrar adeptos e defensores, dizendo até que eles são menos prejudiciais que o cigarro tradicional.

É urgente e necessário abrir as cortinas desse teatro para enxergar os personagens e perigos dessa história. Os cigarros eletrônicos têm se popularizado e ameaçam toda uma nova geração que não foi atingida pelas campanhas antitabagismo dos anos 2000.

A Anvisa manteve a proibição de comercialização e propaganda desses produtos, mas sabemos que eles são vendidos de forma clandestina em larga escala e a agência se comprometeu a aprimorar a fiscalização. O cigarro eletrônico não é mocinho, mas outro vilão: causa inflamações potencialmente graves nos pulmões e costuma conter nicotina (que leva à dependência) e várias substâncias nocivas diluídas no líquido inalado.

Continua após a publicidade

+ LEIA TAMBÉM: Entenda as causas, os exames e os tratamentos para o câncer de pulmão

Mas o nevoeiro tóxico ao organismo não se restringe ao cigarro. No congresso europeu de oncologia realizado há pouco em Paris, cientistas postularam o mecanismo que leva ao desencadeamento do câncer de pulmão em indivíduos expostos à poluição ambiental.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) já alertava para a associação das partículas encontradas na fumaça produzida pela queima de combustíveis fósseis com a doença, mas agora o mecanismo de ação foi desvendado. E isso é crucial para abrir janelas à prevenção e ao tratamento em um momento mais inicial.

Em um estudo com quase meio milhão de pessoas de três países, pesquisadores do Francis Crick Institute and Cancer Research, na Inglaterra, descobriram que a exposição a concentrações elevadas de certos poluentes está ligada ao maior risco de câncer de pulmão com mutações no gene do EGFR — essa alteração é vista em metade das pessoas com a doença que nunca fumaram.

Continua após a publicidade

No laboratório, os cientistas observaram que as mesmas partículas promovem mudanças rápidas nas células das vias aéreas que apresentam mutação em dois genes ligados a esse câncer (o EGFR e o KRAS) e notaram que os poluentes ativam uma reação inflamatória capaz de impulsionar a expansão das células mutantes.

Esse elegante trabalho, um dos mais aclamados no congresso, comprova o papel da poluição como fator determinante para o câncer.

Ainda que tenhamos o que comemorar com a chegada de novos tratamentos para os tumores de pulmão — eles estão cada vez mais precisos e com benefícios expressivos —, atuar de forma preventiva e coibir a nuvem de fumaça produzida por escapamentos, chaminés e cigarros é a via mais inteligente para não deixar a chama do câncer acesa.

Continua após a publicidade

Compartilhe essa matéria via:

* Carlos Henrique Teixeira é oncologista do Centro Especializado em Oncologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz (SP)

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 9,90/mês*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja Saúde impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 14,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.