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A tecnologia aproxima quem está longe e afasta quem está próximo

Autor de livros infantis faz um apelo para que pais enfrentem o abuso de telas, tão comum entre crianças hoje em dia

Por Rico Ourives, escritor e palestrante*
2 mar 2024, 07h00
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O lado pernicioso das mídias sociais: comprometimento das relações na vida real (Ilustração: Eduardo Pignata/Veja Saúde)
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Basta olhar uma mesa de uma praça de alimentação de qualquer shopping para ver cada um em sua tela; próximos fisicamente, mas com suas mentes bem longe. Cadê o olho no olho? Será que os vínculos afetivos estão diminuindo?

Como escritor infantil, sempre trafeguei por centenas de escolas e vi a paixão que as crianças têm por tecnologia. A geração Z parece que já nasce amando o mundo digital.

Ao conversar com muitas delas, foi notável em boa parte a carência afetiva. Fiz inclusive um exercício em sala de aula no qual perguntei o que elas mais sentiam falta. A resposta, em grande parte, estava ligada de alguma forma à atenção familiar.

+ Leia também: O perigo no uso (e abuso) das telas pelas crianças

Em tempos de streaming, “memes”, redes sociais, séries, games, as crianças (e os adultos) passam muito tempo dando audiência para a tela de seus celulares.

Antes o celular era apenas um telefone. Hoje é tudo: despertador, câmera, consultor sentimental, brinquedo… tudo na palma das mãos! A tecnologia se tornou uma ferramenta para que nossas crianças não se sintam sós.

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Educação de qualidade exige tempo – e dinheiro. Talvez seja por isso que estamos terceirizando a responsabilidade da educação de nossas crianças para o smartphone.

Enquanto isso, elas vão deixando de serem crianças para viverem em um mundinho só delas, criado por alguém que não é você!

O uso exagerado das tecnologias afasta as crianças da realidade. Talvez em breve não teremos mais jogadores de bolinha de papel e atletas da amarelinha.

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+ Leia também: Excesso de redes sociais prejudica o sono e a saúde mental

Escrevi o livro Jonny Net, que retrata a imersão exagerada de um garoto num mundo virtual. Lá, ele perde sua identidade para viver o mundo que escolheram para ele.

Jonny brincou tanto com seu smartphone que deixou de ser filho, melhor amigo, irmão, neto, aluno… Ele é sugado para dentro do celular e, aí, enxerga a vida de dentro para fora, percebendo o que estava perdendo.

Para manter tudo que desejamos, para comprar tudo que desejamos, temos que trabalhar mais, e mais. Mas será que é isso que as crianças mais querem, ou precisam?
Não! O que elas mais desejam é você! Seus abraços, seu coração batendo bem pertinho do deles.

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Tanto faz a marca do tênis, o que importa é estreitarmos laços e transmitirmos bons valores. Não estou demonizando as tecnologias: saiba que a internet é uma porta para exatamente tudo, o bem ou o mal. Então equilibre, monitore e viva mais a vida do lado de quem realmente importa!

*Rico Ourives é escritor e palestrante nacional e internacional. Autor do livro infantil Jonny Net, que trata justamente do mau uso do celular.

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