Jejum intermitente: o que sabemos sobre 4 supostos benefícios
Problemas cardiovasculares (como diabetes), câncer, doenças neurodegenerativas e emagrecimento: será que o jejum intermitente ajuda nesses cenários?
Você certamente já deve ter ouvido que o jejum intermitente pode ser uma estratégia interessante para o emagrecimento, ou mesmo para auxiliar o tratamento de algumas condições clínicas. Mas, antes de entrar nesses pontos, o que é jejum intermitente?
Eu conversei com minha colega, a nutricionista Renata Safiotti, que trouxe algumas ponderações sobre esse tema, tão comentado ultimamente. O jejum intermitente é uma estratégia de consumo alimentar, que mescla períodos de alimentação com outros de jejum prolongado.
Existem diferentes formas de fazer o jejum: a mais comum (desconsiderando práticas religiosas) é a focada na restrição de tempo. Geralmente, o tempo de jejum varia de 14 a 18 sem poder comer (podendo ser estendido). É, por exemplo, o caso da pessoa que janta às 10 da noite, e aí só volta a comer ao meio-dia.
Se buscarmos na ciência o que já foi estudado sobre o assunto, podemos encontrar:
Jejum nas doenças crônicas como diabetes e doenças cardiovasculares
Os resultados são promissores em modelos animais para o controle dessas doenças. Mas precisamos de mais estudos em humanos para fazer qualquer recomendação segura.
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Jejum e câncer
Algumas pesquisas mostram que a técnica ativaria vias de reparação do DNA e também a inibição do aumento de células. Mas, de novo, não temos estudos robustos para fazer uma indicação para o tratamento de câncer.
Outros estudos sugerem que o jejum no dia de quimioterapia ajuda a reduzir os sintomas indesejáveis. Só que essa prática também pode trazer riscos para uma pessoa fragilizada pelo câncer, então é fundamental conversar com um profissional capacitado para verificar se vale mesmo fazer essa aposta.
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Jejum nas doenças neurodegenerativas
Algumas evidências apontam que as alterações do metabolismo causadas pelo jejum podem aumentar o desempenho cerebral e a resistência a certas doenças, enquanto o comer em excesso prejudicaria o metabolismo cerebral.
Sim, eu sei que estou parecendo repetitiva, mas, de novo, ainda precisamos de mais estudos para confirmar os benefícios do jejum na saúde cerebral.
Jejum e emagrecimento
Apesar de muito se ouvir na mídia sobre os efeitos do jejum no emagrecimento, a ciência nos mostra que essa estratégia não é superior a nenhum outro estilo alimentar que promova restrição calórica.
Ou seja, ela pode ser uma opção, porém não é melhor que outras já disponíveis – e exige acompanhamento profissional para evitar possíveis efeitos colaterais, como descontrole alimentar.
Ainda existe controvérsia se a perda de peso entre pessoas que fazem jejum se deve à diminuição da ingestão calórica, ou se o período prolongado sem comer ocasionaria efeitos metabólicos que contribuiriam ao emagrecimento.
Acima disso, é importante salientar que esses efeitos metabólicos não foram demonstrados em seres humanos, somente em animais.
Conclusão
De forma geral, os benefícios do jejum intermitente não estão claros e sua prática deve ser feita com supervisão profissional respeitando cada etapa do processo, a individualidade e muita atenção aos efeitos, que podem ser positivos ou negativos.