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Maca peruana: quais os benefícios e como usar

A maca, raiz nativa do Peru, chegou por aqui prometendo muitas vantagens. Saiba para que ela serve e veja como tirar proveito de seu pó

Por Giovana Feix
Atualizado em 4 mar 2020, 13h38 - Publicado em 12 mar 2018, 10h05
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  • Em 2014, uma reportagem do respeitado jornal americano The New York Times revelou que chineses estavam contrabandeando um produto muito valioso do Peru. Não se tratava de ouro nem de pedras preciosas. O tesouro que gerou a tensão toda era um… alimento. Batizada de maca, a raiz tem ligação tão estreita com a cultura e com o orgulho do povo andino que uma lei nacional proíbe, pelo menos em teoria, que ela seja processada fora do seu território.

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    Hoje, no entanto, a planta é massivamente cultivada na China, onde faz enorme sucesso. Mas no mundo todo, incluindo o Brasil, há um certo frenesi em torno dela – fenômeno curioso, visto que a maca é cultivada no Peru desde antes mesmo de os incas formarem seu império. O pontapé inicial da popularização do alimento provavelmente tem a ver com uma característica alardeada há tempos: seu poder de aumentar a libido e a fertilidade.

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    Reza a lenda que, com o intuito de garantir energia ao seu exército, um imperador inca botou a maca na dieta de seus soldados. Mas ele não demorou a se arrepender. Apesar das vitórias conquistadas, parece que o desejo sexual dos homens ficou meio, digamos, fora de controle. Por essa e outras histórias, a raiz chegou a receber o apelido de “Viagra dos Incas”.

    Para a ciência, porém, tais trunfos ainda não são tão cristalinos quanto a tradição sugere. Ainda assim, segundo uma revisão de estudos da Universidade College London, na Inglaterra, o alimento promete. O que se pode dizer, por ora, é que, nos homens, a maca protege contra fatores nocivos à fertilidade e, nas mulheres, aumenta as chances de uma gravidez vingar.

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    Nesse mesmo pente-fino, os ingleses notaram que o vegetal realmente ajuda na hora do rala e rola: homens com disfunções sexuais obtiveram vantagens ao comer a raiz. Para as mulheres na menopausa, período marcado por prejuízos na libido, a planta também animaria os momentos sob o lençol.

    Não à toa, quando descobriu a maca, o pesquisador brasileiro Paulo Março se impressionou com seu currículo – e fez de tudo para achá-la in natura. Mas ele não a encontrou nesse formato. Como a raiz deve ser processada apenas no Peru, só vem para o Brasil em pó. Março, que é professor de engenharia de alimentos na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), queria analisar os nutrientes e as propriedades do vegetal em si. Ficou a ver navios…

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    Situações como essa fazem com que especialistas daqui tenham o pé atrás em afirmar 100% que os benefícios observados nas pesquisas sejam válidos em qualquer circunstância. Afinal, é preciso ter certeza, por exemplo, de que a raiz processada é tão poderosa quanto o tubérculo ao natural. Mas pesquisas já insinuam que, a despeito da apresentação, a maca traz ganhos para o corpo.

    “Por tudo que já se sabe sobre sua influência na função hormonal, é um alimento que merece destaque”, elogia a nutricionista clínica Gabriela Soares Maia, do Rio de Janeiro. Em resumo, a raiz auxiliaria no equilíbrio entre hormônios importantes, como testosterona, estrogênio e progesterona. Tanto é que há enorme interesse em relação aos efeitos da maca na fase da menopausa, quando os níveis de estrogênio despencam.

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    Parece, contudo, que as vantagens do vegetal andino nesse período não têm a ver obrigatoriamente com os hormônios. Recentemente, cientistas da Universidade Victoria, na Austrália, testaram a raiz em 29 chinesas na pós-menopausa. Verificaram que consumir 3,3 gramas do ingrediente por dia não promoveu mudanças hormonais importantes. Porém, as voluntárias apresentaram redução nos sintomas de depressão e melhoras nos níveis de pressão arterial.

    Não é a primeira vez que o pessoal dessa instituição avalia o impacto da raiz nesse público. Em 2008, constatou-se por lá que o alimento diminuiu problemas como ansiedade e, de novo, sinais depressivos em 14 mulheres na pós-menopausa.

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    Para além das questões emocionais, a maca teria outro papel bacana nessa etapa da vida: auxiliar na manutenção dos ossos, que sofrem com a falta de estrogênio, seu protetor natural. “A raiz possui cálcio e magnésio, minerais essenciais para a composição do esqueleto”, explica a nutricionista Flávia Morais, da rede Mundo Verde. Segundo a pesquisadora Carla Gonzales, da Universidade Peruana Cayetano Heredia, o alimento seria capaz até de recuperar a massa óssea perdida especificamente pelo déficit hormonal.

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    Boa para todo mundo

    Ficou com a impressão de que as mulheres são as mais agraciadas com a presença da maca na rotina? Nada disso. Em diversos estudos (inclusive um feito na UFTPR), o tubérculo demonstrou seu caráter antioxidante. Ou seja, ele dificulta a formação de radicais livres, moléculas que dão sua contribuição para diversos problemas, como Alzheimer, doenças cardíacas e até câncer.

    Tanto é que, em estudo peruano com pessoas de 40 a 75 anos, o consumo da raiz foi associado a um envelhecimento mais saudável. “Para as agências regulatórias do Brasil, a maca é vista como um vegetal fonte de fibras e de nutrientes importantes para o organismo”, conta o nutricionista Waldemar Rinaldi, da rede Natue. Há indícios de que esse combo turbina a nossa vitalidade. Para Carla, isso pode ajudar a justificar o elo entre a raiz e a manutenção do desejo sexual.

    O professor Março só chama a atenção para um contratempo: a possibilidade de adulteração. “Durante pesquisas, suspeitamos da presença de farelo de arroz misturado ao produto”, informa. Infelizmente, é bem difícil escapar desse tipo de fraude. “Mesmo assim, sempre que houver um pouco de maca no pacote, algum benefício você terá”, tranquiliza o pesquisador. Aliás, há muito mais sobre a maca que deve vir à tona. Como um verdadeiro tesouro, ela deixou pistas de seus feitos ao longo da história – agora cabe à ciência desvendá-los.

    Um pó versátil

    Confira sugestões de preparos simples e saudáveis para incluir a maca no dia a dia

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    Em bolos e afins
    “Adicionar maca a farinhas melhora o aporte nutricional das receitas”, diz o nutricionista Waldemar Rinaldi, da Natue. Use a mistura em bolos, panquecas e pães. Mas, quente, a raiz perde um pouco de seu valor nutritivo.

    Nas bebidas
    Sucos, vitaminas, smoothies… Todo líquido tem algo a ganhar com a maca. “Como o seu pó é muito fibroso, ele não dilui na bebida. Um liquidificador facilita na hora de homogeneizar”, ensina Rinaldi.

    Nas frutas
    “A maca deve entrar em preparos prioritariamente frios”, avisa a nutricionista Gabriela Maia. Frutas são, portanto, ótimas bases. Que tal provar o pó com banana e uma pitada de canela?

    Em cremes
    Além de ficar excelente no creme de abacate ou manga, a maca combina muito com patês. “Dá pra adicioná-la a pastas de amendoim, amêndoas, castanha de caju…”, propõe Gabriela. Abuse da criatividade!

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    Curiosidades sobre a maca peruana

    De onde vem?
    A maca é originária dos Andes ­ mais especificamente do Peru, onde sua história começou antes mesmo do surgimento do Império Inca.

    Local de cultivo
    Boa parte das virtudes da planta surge a partir das dificuldades que ela enfrenta. Afinal, cresce em altitudes elevadíssimas e no frio das montanhas.

    Sucesso mundial
    Hoje é na Ásia que estão os países mais apaixonados pelo alimento, como China e Japão. O que seduz o povo de lá é seu suposto caráter afrodisíaco.

    Como se apresenta
    Originalmente é uma raiz. Mas, como a maca só pode ser processada no Peru, por aqui ela chega em forma de farinha e cápsulas.

    Tem gosto de quê?
    A maca é parente do rabanete – até se parece muito com ele. Já o sabor do pó é neutro, tanto que pode ser colocado em pratos doces e salgados.

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