Maconha medicinal também é estudada em animais
A discussão sobre o uso de canabidiol não envolve só gente. Pesquisas também estão acontecendo na medicina veterinária
Estudiosos da Universidade Estadual do Colorado, nos Estados Unidos, analisaram 26 cachorros com um tipo de epilepsia por 12 semanas e notaram uma queda significativa nas crises entre os pets que usaram óleo de canabidiol (CBD) comparados aos que receberam placebo — produto sem nenhum princípio ativo.
“Existem mais de 30 mil trabalhos sobre o tema no mundo, mas menos de um terço abrange cães e gatos. No Brasil, estão em fase inicial”, conta o veterinário Tarcísio Barreto, da Policlínica Animal, em Natal. Há ainda a expectativa de recorrer à substância em casos de câncer, dor crônica e outras desordens neurológicas.
Por ora, no entanto, os veterinários não podem receitá-la. “Esperamos que, no futuro, o canabidiol dê qualidade de vida aos bichos”, diz Barreto.
E os efeitos alucinógenos?
Barreto explica que não há risco de o canabidiol (CBD) provocar nos animais o mesmo impacto sentido por indivíduos que fumam a erva, já que o tal “barato” é fruto de outra substância da maconha, o tetra-hidrocanabinol (THC).
“O THC é a substância psicótica. O CBD, por outro lado, promove benefícios de forma indireta, sem provocar efeitos adversos”, diferencia o profissional.
O que muda na vida do pet se ele tiver de fazer uso do canabidiol
Comida especial: é necessária uma dieta rica em proteínas, gorduras e fibras e menos carboidratos para fortalecer o organismo.
De olho nos filhotes: eles são mais suscetíveis a efeitos adversos. Por isso, dependem de uma avaliação cuidadosa quanto à dose.
Quantidade ideal: vai depender da raça do animal e também do tipo de doença ou sintomas apresentados.
Ache um especialista: como se trata de uma terapia nova, será crucial consultar um veterinário atualizado sobre a planta.
Maconha não é a cura: “Ela é coadjuvante em tratamentos já instituídos. Sozinha, não resolve as doenças”, pontua Barreto.
Faltam pesquisas: a maioria ainda está em andamento. “Mas já temos muitas evidências clínicas”, afirma o veterinário.