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Primeiro remédio para depressão pós-parto é aprovado nos EUA

O medicamento, administrado na veia, ameniza os sintomas da depressão pós-parto rapidamente. Mas há restrições e cuidados

Por Maria Tereza Santos
Atualizado em 16 dez 2019, 11h01 - Publicado em 22 mar 2019, 15h30
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  • O tratamento atual para a depressão pós-parto é baseado em psicoterapia e antidepressivos tradicionais, que demoram um certo tempo para surtir efeito. Mas, nesta semana, o U.S. Food & Drug Administration (FDA), órgão que regula os remédios nos Estados Unidos, aprovou o primeiro medicamento específico para esse transtorno: a brexanolona.

    O fármaco é intravenoso (aplicado diretamente na veia), foi desenvolvido pela farmacêutica Sage Therapeutics e funciona de forma diferente dos antidepressivos comuns. “Esses levariam de quatro a seis semanas para trazer algum resultado”, afirma, em comunicado à imprensa, a psiquiatra Samantha Meltzer-Brody, professora da Faculdade de Medicina do Centro Médico UNC, nos Estados Unidos.

    Segundo os cientistas, a brexanolona ajuda a regular alguns hormônios que contribuiriam para o problema. Além disso, interfere positivamente em neurotransmissores associados ao bem-estar, como os outros fármacos.

    “As semanas e os meses seguintes ao nascimento são um período crítico para a ligação mãe-bebê. Por isso, encontrar um tratamento de ação rápida é crucial. Nos testes [com a nova droga], nós vimos pacientes começando a se sentir melhor dentro de dias”, complementa a doutora, que liderou as pesquisas de desenvolvimento.

    Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que, em países de baixa renda, a média de casos de depressão pós-parto é de 19,8%. De acordo com levantamento de 2016 da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), uma em cada quatro brasileiras sofre do transtorno.

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    As pesquisas para aprovação do remédio

    Foram realizados dois estudos pela faculdade de Medicina do UNC: um avaliou mulheres com depressão pós-parto severa e outro se concentrou nas com a condição em nível moderado. Todas haviam acabado de ter um filho.

    Em ambas as pesquisas, uma parte das participantes recebeu infusão intravenosa de brexanolona por 60 horas no hospital; a outra, placebo (um tratamento sem efeito, para servir de comparação). As turmas foram acompanhadas por quatro semanas.

    Para medir a eficácia, os especialistas levaram em consideração os sintomas, medidos por uma escala de classificação de depressão.

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    Nas duas análises, o medicamento se mostrou superior ao placebo no fim do período de infusão. A melhora também foi observada quando os 30 dias de acompanhamento chegaram ao fim.

    As reações adversas mais reportadas pelas voluntárias foram sonolência, boca seca, súbita perda de consciência e rubor.

    Como será aplicado e quais as restrições

    Apesar do avanço, a brexanolona será administrada apenas em um programa clínico restrito e supervisionado devido aos riscos. O fármaco deve ser aplicado continuamente na veia durante 60 horas em um ambiente hospitalar e com acompanhamento do especialista, com autorização prévia das mulheres.

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    Por quê? Entre outras coisas, o remédio pode causar perda de consciência por sedação excessiva, o que é perigoso se a mamãe estiver, por exemplo, com o bebê no colo. O nível de oxigênio no sangue das pacientes e os momentos de interação com o filho precisam ser monitorados de perto.

    Recomenda-se que os cuidadores considerem alterar o regime terapêutico e até abortá-lo caso a depressão pós-parto piore ou se surgirem pensamentos e comportamentos suicidas.

    “Diante dos resultados dos testes clínicos, acreditamos que essa será uma importante opção de tratamento que pode proporcionar alívio às mulheres com depressão pós-parto, um distúrbio com uma série de gravidades”, conclui Samantha Meltzer-Brody.

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    Ainda não há previsão de chegada desse remédio ao mercado brasileiro.

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