Dois corpos nus, entrelaçados em sinal profundo de afeto e desejo. A pele enrugada, salpicada por marcas que só o tempo pode deixar.
É assim que milhares de homens e mulheres, um tanto quanto longevos, estão neste momento, enquanto você lê esta página.
A imagem incomoda? O problema está nos olhos de quem vê. Fato é que o sexo entre aqueles com mais tempo de vida ainda é cercado de preconceitos. Equivocadamente, idosos que “ousam” demonstrar motivações sexuais são tachados de “velha safada” ou “velho tarado”.
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Para alguns, é como se existisse uma espécie de interruptor que, acionado após os 60 anos, desligasse o interesse, a vontade e o tesão que só os encontros mais íntimos podem proporcionar.
Com o aumento da expectativa de vida, porém, o sexo entrou de vez no horizonte da longevidade. E a experiência no cuidado de pacientes mais maduros do Hospital das Clínicas de São Paulo permitiu a construção de um livro que discute, em contos, as vivências e subjetividades a quatro paredes.
“Somos atravessados pela sexualidade do nascer ao morrer. Combatendo tabus, garantimos a qualidade de vida também nesse contexto”, afirma o geriatra Milton Crenitte, coordenador da especialização em sexualidade e envelhecimento da USP e um dos autores da obra intitulada “A velhice como ela é: vivências e subjetividades sexuais no envelhecimento”.
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Falar para se cuidar
A vergonha e o medo, muitas vezes sinais de uma cultura repressora, impedem que idosos abordem, nas consultas e rodas de conversa, questões de suma importância para a manutenção de uma sexualidade saudável.
A falta de diálogo sobre prevenção, por exemplo, reflete no aumento de casos de HIV nessa população nos últimos anos.
As orientações médicas incluem o uso de preservativos, diagnóstico e tratamento de infecções, além de instruções para melhorar a lubrificação feminina e driblar a disfunção erétil.
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