Alguns registros históricos mostram uma série de comportamentos do pintor pós-impressionista Vincent Van Gogh que motivaram um diagnóstico póstumo de bipolaridade. Por esse motivo, a International Bipolar Foundation (IBPF) propôs a criação do Dia Mundial do Transtorno Bipolar em 30 de março, quando se celebra o aniversário do artista holandês.
A data foi criada com o intuito de quebrar alguns estigmas que ainda cercam o transtorno bipolar. Em anos recentes, vários famosos com esse diagnóstico têm usado suas plataformas para abordar o assunto, caso da cantora Demi Lovato.
Outros notáveis como Mariah Carey, Mel Gibson, Selena Gomez, Jean-Claude Van Damme, Ben Stiller e até mesmo a eterna Rita Lee, falecida em 2023, também foram diagnosticados com bipolaridade.
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A Organização Mundial da Saúde (OMS) estimou em 2019 que aproximadamente 130 milhões de pessoas podem ter algum tipo de transtorno bipolar.
Quais são os indícios mais marcantes de bipolaridade?
Considerado um distúrbio psiquiátrico complexo com causas biológicas, neuroquímicas e psicossociais, o transtorno é marcado por uma alternância de episódios depressivos e momentos de euforia, com períodos amenos entre esses extremos.
As mudanças de humor podem variar em intensidade (leve, moderada e grave), duração e frequência, com reações desproporcionais em momentos cotidianos.
A primeira crise costuma se manifestar entre os 15 e os 25 anos, o que por vezes pode tornar um diagnóstico precoce desafiador, com as alterações de humor sendo atribuídas erroneamente a questões hormonais da adolescência.
Não existe uma causa única para o desenvolvimento da bipolaridade, mas é consenso que alguns pontos que influenciam o distúrbio de humor, como alterações nos níveis de neurotransmissores, fatores genéticos, episódios estressantes e depressivos constantes, puerpério, inibidores de apetite e disfunções da tireoide.
Quais são os tipos de bipolaridade?
Existem 4 tipos principais de transtorno:
- Tipo I: Os episódios de mania duram pelo menos 7 dias e os depressivos podem durar de 2 semanas até vários meses. Marcado por extremos, com mudanças comportamentais que comprometem relações, tem risco aumentado de suícidio e pode demandar internação hospitalar.
- Tipo II: Períodos depressivos alternados com hipomania (euforia menos intensa, mas com perspectivas otimistas e indícios de agressividade). Com menor impacto social que o Tipo I.
- Ciclotímico: Considerado o quadro mais leve, tem mudanças crônicas de humor, pode ter contrastes diários de hipomania e depressão leve, lido muitas vezes apenas como imaturidade ou temperamento instável.
- Não especificado ou misto: Os sintomas indicam bipolaridade, mas são considerados insuficientes em quantidade e tempo de duração para serem incluídos no Tipo I ou II.
Como é feito o diagnóstico do transtorno bipolar?
O diagnóstico de transtorno bipolar é baseado nos relatos do paciente, amigos e familiares, e é feito segundo critérios definidos no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, o DSM-5.
No entanto, é comum que a confirmação do quadro demore – em alguns casos, podem se passar anos antes que a bipolaridade seja identificada como tal.
Isso ocorre porque diferentes fases do transtorno podem ser confundidas com outras condições psiquiátricas, como depressão, ansiedade, síndrome do pânico ou esquizofrenia.
Como o transtorno bipolar pode ser agravado por questões fisiológicas, exames de urina e sangue são usados para verificar os níveis de alguns compostos no organismo.
Como é o tratamento indicado para bipolaridade?
O uso de medicamentos (que incluem neurolépticos, antipsicóticos, anticonvulsivantes e ansiolíticos), psicoterapia, hábitos de alimentação e sono saudáveis são essenciais na amenização dos desconfortos causados pelo transtorno bipolar. A bipolaridade não tem cura, mas pode ser controlada.
É recomendada a redução no consumo de substâncias psicoativas (cafeína, álcool, cocaína e anfetaminas) para que não haja riscos em função da combinação com os medicamentos.
A cautela na prescrição dos remédios por parte dos psiquiatras também é essencial. Em alguns casos, as crises do paciente podem ser acentuadas com a dosagem errada.
Especialmente na fase de identificação da condição, deve ser feito um monitoramento constante dos sintomas e da resposta do paciente ao tratamento.