Como a vergonha nos faz adoecer
Autora esmiúça como o constrangimento (inclusive o virtual) envenena o cotidiano
A americana Cathy O’Neil sabe bem o que é viver em um mundo que busca oprimir e causar embaraços quando você não se encontra no padrão desejado — de corpo, renda, status etc. Desde pequena, penou com constrangimentos devido aos quilos a mais.
Matemática com um Ph.D. e autora de um best-seller sobre os efeitos perniciosos dos algoritmos, ela decidiu mergulhar nesse sistema que, insuflado pelas redes sociais, se retroalimenta de mensagens e comportamentos que, em comum, buscam sempre colocar alguém mais pra baixo ou de escanteio por não integrar uma suposta elite da beleza, das finanças e da saúde.
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O resultado de suas investigações e reflexões se encontra em A Máquina da Vergonha (clique aqui para comprar), livro que, fora expor as repercussões psíquicas e sociais desse modus operandi, levanta a perspectiva de usar as mesmas armas para denunciar os agressores.
Acanhar & oprimir
Exemplos sobre os quais Cathy O’Neil se debruça no livro
Obesidade
Nas redes sociais, há um desfile de corpos esbeltos e propagandas que, no fundo, pressionam quem está acima do peso a entrar na calça… ou sumir.
Pobreza
Os cidadãos de menor renda são vítimas corriqueiras da máquina da vergonha quando não conseguem acesso a serviços básicos na rotina.
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Vício
A abordagem das dependências químicas como uma fraqueza moral é absolutamente contraproducente. Constrange e afasta as pessoas do tratamento.
Discriminação racial
A maneira como policiais tratam negros e brancos — tanto no Brasil como nos EUA — evidencia até que ponto vai a coação racial.