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Depois de caso de suicídio ligado ao ChatGPT, OpenAI anuncia medidas

Empresa diz que 1 milhão de pessoas mostram tendências suicidas na plataforma. Especialistas contraindicam o uso como ferramenta de saúde mental

Por Lucas Rocha Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
31 out 2025, 09h28
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OpenAI atualiza ChatGPT para aprimorar conversas sensíveis (Foto: Solen Feyissa/Unsplash)
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A OpenAI, desenvolvedora do ChatGPT, implementou uma atualização na plataforma para melhorar a forma como a inteligência artificial interage com o usuário diante de conversas sensíveis.

O update teve como foco os diálogos relacionados à saúde mental, como suicídio, autolesão e dependência emocional. A iniciativa ocorre meses após o registro de caso de um adolescente que tirou a própria vida depois de conversar com a ferramenta (relembre aqui).

Para o aprimoramento, a empresa contou com o apoio de mais de 170 especialistas na área, incluindo psicólogos e psiquiatras, que treinaram o modelo a reconhecer sinais de angústia, responder com empatia e encaminhar os usuários para suporte humano ou profissional quando necessário.

De acordo com a OpenAI, cerca de 0,15% dos usuários ativos em uma semana abordam planos ou intenções suicidas. O índice corresponde a cerca de 1,2 milhão de pessoas, considerando que mais de 800 milhões usam o ChatGPT semanalmente, segundo a companhia.

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Terapia com um robô: praticidade ou armadilha?

O crescimento da procura por aplicativos e robôs que conversam sobre sentimentos decorre da combinação de uma série de fatores.

A lista inclui avanços tecnológicos que permitem interações cada vez mais naturalizadas com agentes virtuais, a conveniência e o anonimato dessas ferramentas, tudo isso em um contexto social marcado pelo aumento de ansiedade, depressão, solidão e dificuldades de acesso a serviços de saúde mental.

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A avaliação é do psiquiatra Antonio Egídio Nardi, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

“Esses sistemas oferecem escuta imediata, disponibilidade contínua e ausência de julgamento, o que atrai especialmente pessoas que enfrentam barreiras econômicas, geográficas ou estigma para buscar atendimento tradicional”, afirma Nardi.

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Isso não é necessariamente ruim. “Para muitas pessoas com sofrimento psíquico brando ou moderado, esse primeiro movimento de falar, escrever, desabafar e refletir já produz alívio e pode até facilitar o passo seguinte, que é buscar um atendimento profissional”, explica o psiquiatra.

Mas o especialista pontua que, apesar das aparentes vantagens, há um risco elevado de ilusão de acolhimento. A IA não vive o encontro humano, sendo incapaz de captar dimensões fundamentais do cuidado psíquico.

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“A conversa com um robô pode criar a sensação de estar sendo acolhido, mas esse acolhimento é estruturalmente limitado: ele não envolve um outro que se transforma na relação, não há risco, não há implicação do desejo, não há corpo presente”, resume.

A IA e o suicídio

Os riscos de recorrer à inteligência artificial em situações críticas podem ser ainda maiores. Quando alguém está em crise — especialmente com ideação suicida — a busca imediata costuma ser por alívio rápido, anonimato e alguém que “escute sem julgar”.

A IA oferece justamente essa resposta imediata e disponível 24 horas, o que pode levar a pessoa a recorrer ao chatbot em vez de procurar ajuda profissional ou ligar para serviços de emergência.

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“O problema é que a IA não tem capacidade confiável de avaliar risco, interpretar nuances de desesperança, captar contradições emocionais e outros elementos fundamentais para situações de crise. Além disso, ela pode oferecer respostas genéricas ou inadequadas, minimizando a urgência do sofrimento, o que pode agravar o quadro ou adiar a busca por ajuda humana”, alerta Nardi.

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Nesse contexto, é importante criar e ampliar estratégias para facilitar o acesso a serviços com profissionais acolhedores, avalia o psicólogo Maycon Torres, vice-coordenador do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal Fluminense (UFF).

“Temos, por exemplo, a estrutura do CVV, o Centro de Valorização da Vida, que tem um modo de funcionamento de chat ou ligação por telefone, de forma anônima, com pessoas treinadas, facilitando esse primeiro contato. Há também instituições de saúde pública que funcionam 24 horas, como o CAPS III, com acesso a qualquer momento”, pontua Torres.

Para os especialistas, a proteção contra os riscos que envolvem sofrimento psíquico e uso de IA começa pela educação emocional e digital, especialmente no caso de crianças e adolescentes.

“É preciso aprender a reconhecer e nomear sentimentos, entender que tristeza, frustração e medo fazem parte da vida, e desenvolver consciência de que os algoritmos tendem a reforçar aquilo que clicamos, podendo intensificar espirais negativas”, diz Nardi.

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Torres enfatiza a importância do envolvimento de pais, familiares e educadores nesse processo.

“É extremamente importante que os adultos criem estratégias de vínculo com os filhos a partir de uma postura mais acolhedora. Essa aproximação permite que crianças e adolescentes possam se abrir para o diálogo de temas mais difíceis”, afirma o professor da UFF.

Atenção

Diante de problemas persistentes ou graves, busque ajuda especializada de um médico psiquiatra ou psicólogo. Se você estiver em situação de dificuldade, o Centro de Valorização da Vida (CVV) oferece ajuda durante 24 horas. O contato pode ser feito pelo telefone 188, ligação gratuita, ou via chat pelo site.

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