Um jovem de 14 anos morreu na Índia como consequência do vírus Nipah no último dia 21 de julho, levantando alarme no país e na comunidade internacional. O óbito ocorreu apenas um dia após a confirmação do diagnóstico, tamanha a virulência da doença que ataca o cérebro.
O vírus Nipah, ou NiV, está na lista da Organização Mundial da Saúde (OMS) como potencial causador de epidemias. Cerca de 60 pessoas que tiveram contato com o adolescente estão em isolamento.
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O que é o Nipah
O NiV é um vírus zoonótico, transmitido a seres humanos por animais infectados — porcos e morcegos estão entre os principais vetores — mas também pode passar diretamente de pessoa para pessoa.
A principal causa de contágio é a ingestão de alimentos contaminados por secreções infectadas. Não é preciso que o consumo seja do próprio animal: vários casos costumam ser associados a pessoas que beberam frutas ou sucos preparados em condições pouco higiênicas, que tiveram contato com saliva ou urina de morcegos, por exemplo.
Entre seres humanos, a transmissão direta costuma ocorrer por meio das secreções contaminadas, e é mais comum em pessoas que tiveram contato muito próximo com alguém doente, como familiares e profissionais de saúde.
Sintomas do Nipah vírus
Em alguns casos, a doença pode não causar sintoma algum ou trazer sintomas leves, que lembram uma gripe ou resfriado. Em outros pacientes, porém, o vírus pode afetar o cérebro e ter uma progressão muito rápida, levando a encefalite, convulsões, coma e morte.
O período médio de incubação do vírus leva entre 4 e 14 dias, segundo a OMS, mas há registro de casos que levaram até 45 dias para manifestar sintomas.
Quando sintomas graves aparecem, é comum que o paciente vá a óbito em até 48 horas. Cerca de 40 a 75% dos casos são fatais, dependendo da região e do acesso a cuidados sanitários em que o surto ocorre.
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Como é a prevenção e tratamento
Não existe um tratamento específico e nem uma vacina para lidar com o Nipah. O vírus costuma ser chamado de “incurável” em casos de sintomas severos, devido à falta de medicamentos comprovadamente eficazes para lidar com a infecção, mas é possível sobreviver à doença.
Hoje, os casos conhecidos estão limitados a surtos na Ásia, e não se fala na possibilidade de ele chegar a outros lugares do mundo, exceto se a transmissão entre humanos se intensificar muito, o que não parece ser o caso agora.
Em áreas onde a doença é endêmica, as autoridades sanitárias recomendam cuidado ao lidar com animais potencialmente infectados, além de lavar bem frutas antes do consumo, descartando aquelas com sinais de que foram mordidas por morcegos, o principal vetor na vida silvestre.
Quanto à transmissão de pessoa para pessoa, a recomendação é evitar o contato desprotegido com pacientes doentes ou potencialmente infectados, com o uso de luvas, máscaras e lavando as mãos com frequência.