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Vacinas contra a Covid-19: o que esperar dos efeitos colaterais

Apesar de seguros, os imunizantes podem causar reação adversas. Veja os possíveis sintomas que as vacinas contra o coronavírus mais avançadas trazem

Por Ingrid Luisa
Atualizado em 9 mar 2021, 13h57 - Publicado em 14 dez 2020, 15h52
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  • Diferentes vacinas contra a Covid-19 surgem no horizonte — a da Pfizer-BioNTech inclusive já foi aprovada emergencialmente e começou a ser aplicada no Reino Unido e nos Estados Unidos. Com a distribuição em larga escala cada vez mais próxima, cresceram as dúvidas quanto aos possíveis efeitos colaterais das doses. Pois Veja Saúde abre o jogo para você saber o que esperar. Mas uma coisa é certa: os imunizantes que forem aprovados contra o coronavírus passaram por uma avaliação criteriosa de diversas entidades quanto à sua segurança.

    Em primeiro lugar, toda e qualquer vacina pode causar desconfortos. Como resposta aos componentes da injeção, o corpo às vezes dispara vermelhidão e inchaço no local da aplicação, tontura e até febre. Em casos muito raros, certos imunizantes desencadeiam efeitos colaterais graves. Porém, o risco disso é menor do que o de sofrer pra valer com a doença contra a qual as vacinas protegem. Esses efeitos variam de pessoa para pessoa — e de vacina para vacina.

    “Existe uma heterogeneidade genética na população humana que resulta em indivíduos mais frágeis ou mais resistentes às reações das vacinas”, explica Rodrigo Pinheiro Araldi, doutor em biotecnologia e pesquisador associado do Laboratório de Genética do Instituto Butantan (SP), que já trabalhou com o desenvolvimento de imunizantes. “Algumas pessoas tomam medicamentos e não sentem nada, outras tomam e desenvolvem um efeito colateral. Acontece o mesmo com as vacinas”, completa.

    Apesar disso, as vacinas contra a Covid-19 especificamente estão imersas em um contexto complexo: fake news que falam sobre alterações genéticas ou implantação de um chip rondam o imaginário popular. Nada disso faz sentido, diga-se de passagem.

    Ricardo Gazzinelli, presidente da Sociedade Brasileira de Imunologia e pesquisador da Fiocruz e da UFMG, admite que as pesquisas atuais para as vacinas contra o coronavírus não tiveram tempo para detectar eventuais efeitos colaterais tardios. “Como há uma urgência pela aprovação, faz-se uma autorização emergencial e continua-se acompanhando o teste clínico e as pessoas vacinadas. Se houver algum problema sério, a distribuição será revista rapidamente”, completa o especialista.

    Porém, não há motivo para pânico: nenhuma das vacinas testadas provocou reações fora do esperado. Além disso, incômodos eventualmente deflagrados por vacinas quase sempre surgem em alguns dias — e as pesquisas com os imunizantes contra a Covid-19 já acompanharam os voluntários por meses, sem identificar problemas graves.

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    “Até o momento, podemos afirmar que são vacinas seguras, sem efeitos adversos sérios”, afirma Gazzinelli.

    Listamos abaixo reações adversas que podem acompanhar as principais vacinas do momento contra o Sars-CoV-2.

    Pfizer-BioNTech

    De acordo com os últimos resultados dos testes da fase 3 dessa vacina, as reações que deram as caras foram majoritariamente leves ou moderadas — e resolvidas em um a dois dias. A maior parte das pessoas sentiu um pouco de dor e vermelhidão ou inchaço no local da injeção em até sete dias após a picada. Alguns também registraram cansaço, dor de cabeça ou muscular e febre.

    No dia 9 de dezembro, depois de terem recebido a vacina, dois funcionários do NHS (sistema de saúde público do Reino Unido) sofreram um choque anafilático. Ou seja, uma resposta alérgica grave.

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    Entretanto, ambos os indivíduos possuíam um longo histórico de alergias. Para ter ideia, os dois carregavam canetas de adrenalina, um dispositivo usado para frear rapidamente respostas alérgicas severas. Os funcionários foram tratados e passam bem. Após o incidente, o governo decidiu que pessoas com alergias graves não devem receber essa vacina, enquanto se estuda mais o assunto. É uma medida de precaução.

    CoronaVac

    A vacina da farmacêutica Sinovac, que vem sendo estudada no Instituto Butantan, deve ter seu pedido de registro enviado para a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no dia 23 de dezembro.

    Até agora, não há relatos divulgados de efeitos colaterais graves. Em setembro, um estudo com mais de 50 mil voluntários chineses registrou apenas incômodos leves: dor no local da injeção, fadiga e febre baixa. Alguns participantes experimentaram perda de apetite, dor de cabeça e febre mais elevada.

    No Brasil, a vacina foi testada em 9 mil voluntários. Os resultados preliminares apresentados pelo Instituto Butantan mostraram reações parecidas: inchaço e dor no local da injeção, fadiga e dor de cabeça foram registrados em 35% dos participantes.

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    O maior percalço encontrado por essa vacina foi a suspensão dos testes aqui no Brasil em novembro. Após saber que um voluntário morreu, a Anvisa tomou essa decisão. No entanto, constatou-se que o óbito nada tinha a ver com a vacina — era um caso de suicídio. Com o esclarecimento, os testes voltaram normalmente.

    Mesmo ainda em avaliação, a CoronaVac e as vacinas da farmacêutica Sinopharm têm sido aplicadas na China em regime emergencial desde julho, o que gerou críticas da comunidade científica na época. Diversos profissionais da saúde, equipes de fronteira e membros do governo receberam o imunizante. Nada sobre efeitos colaterais severos foi divulgado.

    Moderna

    A vacina dessa farmacêutica está na terceira fase dos testes. Até agora, ela registrou efeitos colaterais de gravidade leve a moderada. A maioria dos voluntários que apresentou incômodos sentiu fadiga, dores musculares e desconforto nas articulações. Um número menor registrou cefaleia ou vermelhidão no local da injeção.

    O imunizante da Moderna deve ser avaliado pela FDA (agência reguladora de alimentos e medicamentos norte-americana) ainda em dezembro. Mesmo com a permissão do órgão, no entanto, a vacina não poderá ser aplicada em crianças e adolescentes, pois começou apenas no dia 10 de dezembro a realizar testes clínicos com esses grupos.

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    Oxford/AstraZeneca

    Ela chegou a preocupar quando os testes foram interrompidos em setembro por conta de um caso, registrado no Reino Unido, de mielite transversa – síndrome inflamatória que afeta a medula espinhal. Mas isso não obrigatoriamente significa um problema com a vacina: de acordo com um comitê de avaliação independente, é mais provável que o quadro não tenha sido disparado pela picada. Acasos do tipo não são estranhos se você considerar que os estudos incluíram mais de 20 mil voluntários.

    “Outros eventos como esse não foram registrados, então os testes foram liberados normalmente”, completa Gazzinelli.

    No dia 8 de dezembro, foram publicados resultados preliminares da fase 3 dessa vacina no conceituado periódico The Lancet. O texto comenta sobre o episódio já reportado de mielite transversa e também sobre um de febre superior a 40 °C, registrado na África do Sul, dois dias após o voluntário ter se vacinado.

    No entanto, a recuperação foi rápida, e o paciente não precisou de internação. Como o caso também foi isolado, não dá para saber se têm a ver com vacina. Mas, mesmo que sim, provavelmente ele não é comum.

    Entre as vacinas mais comentadas contra a Covid-19, a de Oxford é a com o desenvolvimento mais conturbado. Ela despontou como uma das maiores apostas para vencer a corrida, mas tropeços nos estudos e uma certa falta de transparência chamaram a atenção da comunidade científica.

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