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Vacinação mudou perfil de hospitalizados e mortos por Covid, indica estudo

Levantamento com mais de 2 500 pessoas deixa claro como as vacinas protegem muito bem e salvam vidas

Por Karina Toledo, da Agência Fapesp*
10 fev 2022, 14h39
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  • A vacinação mudou o perfil dos hospitalizados por Covid-19 no Brasil e também das pessoas que morrem em decorrência da doença. Um estudo conduzido em São José do Rio Preto, no interior de São Paulo, registrou o início desse processo.

    A equipe do Laboratório de Pesquisas em Virologia da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp) analisou retrospectivamente dados de 2 777 pacientes atendidos entre 5 de janeiro e 12 de setembro de 2021 no Hospital de Base, que é referência para toda a região.

    Nessa época, a variante gama (P.1) do Sars-CoV-2 predominava no estado, e os idosos eram maioria no grupo de brasileiros com o esquema vacinal completo (duas doses, até então).

    Todos os internados com Covid-19 no período foram divididos entre vacinados e não vacinados. E os pesquisadores compararam as características dos integrantes de cada grupo – desde idade, sexo e presença de comorbidades até os sintomas que apresentaram, as condutas clínicas adotadas durante a internação e os desfechos (recuperação ou óbito).

    Os dados completos foram divulgados este mês no Journal of Infection.

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    “Nosso objetivo era descobrir qual é o melhor preditor de mortalidade entre os vacinados”, conta Maurício Lacerda Nogueira, professor da Famerp e autor correspondente do estudo, que contou com apoio da Fapesp por meio de três projetos.

    Entre os 2 518 participantes não imunizados a idade média era de 51 anos e 71,5% apresentavam uma ou mais comorbidades, sendo as mais comuns cardiopatia, diabetes e obesidade.

    Já entre os 259 hospitalizados que haviam recebido duas doses de vacina, a idade média era de 73 anos e 95% tinham doenças de base.

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    Na análise estatística, os fatores que se correlacionaram com risco aumentado de hospitalização e morte entre os não vacinados foram idade superior a 60 anos e a presença de uma ou mais das seguintes condições: cardiopatia, distúrbios no fígado ou neurológicos, diabetes, comprometimento imunológico e doença renal.

    Já entre os imunizados, somente idade acima de 60 anos e insuficiência renal se configuraram como preditores de mortalidade.

    “Essa é uma evidência clara de que a vacina protege muito bem e salva vidas”, afirma Nogueira.

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    + Leia também: Cientistas avaliam mutações da Ômicron e refletem sobre efeito das vacinas

    Na avaliação de Cássia Fernanda Estofolete, primeira autora do estudo e integrante do Laboratório de Pesquisas em Virologia da Famerp, o avanço da vacinação mudou “drasticamente” o perfil do paciente internado por Covid-19 e também a história natural da doença, ou seja, a forma como ela evolui.

    “Hoje, com a volta das cirurgias eletivas, o avanço da vacinação e a emergência da Ômicron, temos visto um panorama diferente nos hospitais. Muitos pacientes são internados para fazer uma cirurgia agendada ou por trauma e acabam descobrindo que estão com Covid-19, ou seja, não é o vírus que leva a pessoa ao hospital. E também há muitos idosos com comorbidades que acabam sendo internados porque a Covid-19 exacerba a doença de base – descompensa o diabetes ou a insuficiência renal, por exemplo. A maioria já não é internada por SRAG [síndrome respiratória aguda grave], como era na época em que o estudo foi feito”, conta.

    *Esse texto foi publicado originalmente pela Agência Fapesp.

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