Calor, umidade, pele à mostra… o verão é o paraíso do Aedes aegypti e de outros mosquitos que espalham doenças como a dengue. Pois então: repelentes naturais e soluções caseiras afastam mesmo esses insetos?
Certos elementos naturais, como cravo da índia, citronela, andiroba e alho, têm propriedades repelentes quando aplicados na pele. Geralmente eles vêm na forma de óleo ou spray, mas isso varia.
“O problema é que seu período de atuação é muito curto”, aponta o infectologista Alberto Chebabo, diretor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI). De acordo com o especialista, a média de duração da ação dessas substâncias é de 15 a 20 minutos.
Há também quem cultive plantas que seriam capazes de espantar os mosquitos ao redor. O poder delas viria do forte odor, que desagradaria os vetores de dengue, febre amarela e afins. Outras pessoas preferem colocar soluções caseiras em locais que acumulam água – como os pratinhos dos vasos –, com o intuito de evitar o nascimento dos insetos.
A questão, aqui, é a falta de evidências científicas de qualidade. Alberto Chebabo acredita que esses métodos até podem auxiliar no controle da quantidade de bichos, mas, sozinhos, não vão repeli-los. “Não temos nenhum estudo específico de validação dessas soluções”, complementa.
É aí que mora o problema. Ainda que essas táticas e mesmo os repelentes naturais funcionem por determinado tempo, sua ação contra o Aedes aegypti, causador de dengue, zika e chikungunya, não é comprovada.
“Normalmente, o produto que tem registro apresenta estudos contra vários tipos de mosquitos e de duração do seu efeito. Já a maior parte dos repelentes naturais não passa por esses testes”, alerta Chebabo. “Então, não tem como saber”, arremata.
Ele lembra que, para ser infectado com as doenças que citamos acima, basta uma picada. Portanto, recomenda apostar nos repelentes disponíveis no mercado mesmo e não dar trégua à água parada.