Depois de um longo e tenebroso período com números abaixo das metas, com problemas de acesso e adesão, fake news e uma pandemia no caminho, a vacinação volta a ganhar fôlego e escala no país.
Notícia celebrada pelo governo, que, há um ano, lançou um movimento em prol da retomada, baseado em conscientização da população e reorganização do Programa Nacional de Imunizações (PNI).
O empenho valeu a pena: considerando os dados até outubro de 2023, houve crescimento, em todo o Brasil, na aplicação de oito vacinas do calendário infantil, caso das fórmulas que protegem contra pólio, sarampo, hepatite A e meningite.
O trabalho, claro, continua e mira a busca e a manutenção das metas de cobertura vacinal a fim de resguardar a sociedade e evitar o retorno de doenças controladas. Dentro dessa ampla estratégia de prevenção, o PNI deve incorporar neste ano a vacina contra dengue.
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Passado: 70 anos da ligação entre amianto e câncer
Em 1954, o médico britânico Richard Doll trouxe à tona o primeiro estudo a delatar que trabalhadores da indústria do amianto, mineral utilizado na fabricação de telhas, pisos e caixas-d’água, enfrentavam maior mortalidade por tumores pulmonares. Foi um alerta inédito sobre o perigo da exposição ao material e também sobre fatores de risco ocupacionais para o câncer.
Futuro: venenos de serpentes podem render remédio para pressão alta
Moléculas encontradas na peçonha de duas espécies brasileiras, a jararaca-de-barriga-preta e a surucucu, apresentam potencial anti–hipertensivo, segundo pesquisas tocadas pela Unifesp e o Instituto Butantan (SP). A expectativa é que essas substâncias possam ser testadas para dar origem a fármacos com menos efeitos adversos.
Um lugar: EUA veem aumento em doença causada por príons
Nem vírus nem bactéria: príons são proteínas anormais e infecciosas capazes de desencadear quadros neurodegenerativos graves e fatais. A forma mais conhecida é a doença de Creutzfeldt-Jakob, apelidada de “mal da vaca louca”. Pois o problema cresceu em incidência em território americano, especialmente entre mulheres e idosos. Cientistas investigam os porquês.
Um dado: 73% dos custos com a demência são arcados pelas famílias
Essa realidade é bem conhecida nos lares com pessoas que sofrem de Alzheimer e outras condições que abalam a cognição e a autonomia. E confirmada pelo Relatório Nacional sobre a Demência no Brasil, elaborado pelo Hospital Alemão Oswaldo Cruz (SP) junto ao Proadi-SUS. As mulheres são as principais cuidadoras, muitas vezes tendo de abrir mão da carreira e do lazer.
Uma frase: Jim Allison
“O fato é que hoje podemos curar pacientes. E quero dizer curar mesmo. Eu costumava ter muito cuidado há dez anos ao usar essa palavra, mas, agora, com milhares de pessoas tratadas com sucesso pela imunoterapia, podemos falar em cura. Ao menos no sentido de décadas de vida sem precisar de um tratamento. Ao obter uma boa resposta imunológica, chegamos a curar 60% dos casos de melanoma [câncer de pele agressivo]. Quando não tínhamos esse recurso, a doença era incurável.”
Jim Allison, imunologista americano e Prêmio Nobel de Medicina, em entrevista à revista VEJA