Quetiapina: bula, para que serve e como tomar
Além de um antipisicótico para esquizofrenia, a quetiapina está relacionada ao tratamento de diversos transtornos. Veja benefícios e reações adversas
A quetiapina é um medicamento da classe dos antipsicóticos atípicos. Ela pode ser encontrada em diferentes nomes (Seroquel, Quetros, Neuroquel, Queropax, entre outros) e dosagens é usada no tratamento de esquizofrenia e diversos outras condições psiquiátricas, como transtorno bipolar, ansiedade generalizada e até insônia.
Confira agora os detalhes, para que serve e quais os efeitos colaterais da quetiapina:
Um breve histórico dos antipsicóticos
A esquizofrenia e outras doenças psiquiátricas foram as responsáveis pelo lotamento dos antigos manicômios, que isolavam diversas pessoas com transtornos mentais da sociedade.
Mas, em 1952, a descoberta do primeiro antipsicótico, a clorpromazina, indicada para crises mentais agudas e esquizofrenia, mudou o panorama dos cuidados psiquiátricos.
Esse medicamento, junto a outros de sua mesma geração, facilitou a alta hospitalar e possibilitou que muitos pacientes se tratassem sem se afastar da comunidade, ficando próximos da família e dos amigos.
A quetiapina, por sua vez, veio décadas depois. Desenvolvida em 1985 pelo laboratório AstraZeneca, ela também é consideada um antipsicótico, mas de segunda geração.
Também chamados de antipsicóticos atípicos, essa nova linhagem foi desenvolvida para pessoas que tiveram uma resposta ruim aos antipsicóticos clássicos ou que não conseguiram tolerar esses medicamentos por causa dos efeitos colaterais.
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As drogas da segunda geração, no geral, tratam os sintomas da doença mental e garantem maior qualidade de vida e melhores relações sociais.
Além disso, elas apresentam um perfil de segurança e tolerabilidade alto, o que justamente amplia a indicação para diversas doenças.
A quetiapina é o maior dos exemplos para isso: pela sua afinidade por diversos receptores cerebrais, hoje é prescrita não apenas contra esquizofrenia, como para transtorno bipolar, depressão unipolar e demências. Ela também pode participar do tratamento de transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), estresse pós-traumático, transtorno de ansiedade generalizada (TAG) e até insônia.
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Para que serve a quetiapina
Ela tem duas ações principais: é uma antagonista dos neurotransmissores serotonina e dopamina e uma estabilizadora de humor.
Então vamos por partes. Essa droga possui ampla afinidade por diferentes subtipos de receptores presentes no cérebro, como os serotonérgicos (5HT2A), histaminérgicos (H1) e dopaminérgicos D1 e D2.
Ocorre que diversos transtornos psiquiátricos estão ligados a desregulações desses neurotransmissores, por isso a quetiapina acaba tendo uma gama grande de indicações.
“Ela melhora ideações delirantes e alucinações auditivas e reduz a paranoia, a desconfiança e outros sintomas”, enumera o psiquiatra Alexandre Valverde, autor do livro Ruptura, Solidão e Desordem (FAP-Unifesp). “Em doses baixas, a quetiapina potencializa antidepressivos, e também consegue diminuir a ansiedade de outros quadros que não só os psicóticos”, complementa o especialista.
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Posologia adequada
Por atuar em diversas vias, existem nas farmácias comprimidos de quetiapina com dosagens bem variadas:
- 25 miligramas (mg)
- 100 mg
- 200 mg
- 300 mg
Entre eles, há forma de administração diferente:
- Liberação imediata: todo o conteúdo da medicação vai para a corrente sanguínea de uma vez. Geralmente tomado duas vezes ao dia, por via oral, com ou sem comida.
- Liberação controlada: o princípio ativo é espalhado lentamente. Comumente se toma uma única dose diária, à noite.
Quem define a melhor estratégia para cada caso é o psiquiatra. O remédio é prescrito com receita médica branca, em duas vias, sendo que uma fica retida na farmácia.
“Em casos de esquizofrenia e crises agudas de trantorno bipolar, pode-se chegar a prescrever até 800 mg da medicação por dia. Já doses mais baixas, como a de 25 mg, são usadas pra depressão, insônia ou ansiedade”, esclarece Valverde.
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Efeitos colaterais da quetiapina
Dos antipsicótico da segunda geração, ela é um dos com menos efeitos colaterais. Mas, claro, também pode trazer reações adversas.
Uma das mais sentidas é o aumento do apetite, o que pode culminar em ganho de peso e aumento de glicemia, colesterol e trigicérides. É preciso um bom acompanhamento médico, e até nutricional, para barrar esses efeitos.
A sonolência é outro efeito comum (até por isso seu uso contra insônia). “Há estudos que mostram um aumento do risco de AVC em idosos. Por isso, é essencial um bom acompanhamento através de consultas e exames periódicos”, pontua Valverde.
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Bula da quetiapina
Para segurança do paciente que faz uso desse medicamento, é importante que casos de febre, sintomas semelhantes à gripe, dor de garganta, ou de qualquer outra infecção seja comunicado imediatamente ao médico.
Isso porque, em caso de fragilidade do sistema imunológico, é possível que o tratamento com a quetiapina seja interrompido.
Para mais informações sobre o medicamento, consulte aqui as bulas de algumas versões da droga que são atualmente vendidas no Brasil.