Quais são os efeitos colaterais comprovados de Ozempic e Mounjaro?
Europa acrescentou na bula de Ozempic e Wegovy um risco elevado de problemas na visão, gerando dúvidas entre quem toma esses medicamentos
Os agonistas de GLP-1, medicamentos como Ozempic, Mounjaro e Wegovy, levam a perdas de peso nunca antes vistas por fármacos. Mas, aliado a isso, crescem dúvidas na população.
Uma das principais é a que custo chega-se a resultados tão expressivos, quais os possíveis efeitos colaterais. É verdade que eles causam muito enjoo, geram perda de músculo e podem até cegar?
Saiba o que é real e o que é mito em meio a toda essa especulação.
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Questões gastrointestinais
Super presentes. É o efeito colateral mais bem presente e consta em pacientes de praticamente todos os ensaios clínicos conduzidos com essas medicações até o momento.
“De 20 a 30% das pessoas podem ter náuseas; alterações no ritmo intestinal, gerando diarreia ou constipação; dentre outros, como 10% tendo dor de cabeça”, afirma o médico endocrinologista Alexandre Hohl, membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia (SBEM).
Além disso, vômitos, dores estomacais fortes, desconforto no abdômen (como azia e queimação), sonolência, fraqueza e indisposição também podem aparecer, principalmente nos ajustes de dose.
Tudo isso é considerado normal e até esperado dentro dos 3 a 4 primeiros meses de uso, mas é crucial um bom acompanhamento médico, para que tais revezes sejam manejados sem atrapalhar a progressão do tratamento.
Lembrando que pessoas com refluxo ou que bebem álcool regularmente precisam conversar bem com o médico antes de optar por essa categoria de medicamentos.
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Problemas no pâncreas
A medicação é contraindicada em bula para pessoas que já tiveram inflamação no pâncreas, ou pancreatite.
“O uso dessas medicações talvez aumente o risco de uma nova pancreatite. É precaução não usar”, aponta Hohl.
Faz sentido: como os agonistas de GLP-1 fazem o pâncreas secretar mais insulina, essa hiper-estimulação pode ser negativa para quem já não tem esse órgão 100%.
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Questões de fertilidade
O termo “ozempic babies” ficou famoso por várias mulheres relatarem gravidez após o uso da medicação. Mas, aumentar a fertilidade não é um efeito direto do medicamento, mas sim da perda de peso.
“A obesidade e seus desreguladores endócrinos atrapalham muito na fertilidade”, frisa o endocrinologista.
Recentemente, em um documento da Agência Reguladora de Medicamentos e Produtos para a Saúde do Reino Unido (MHRA, a Anvisa deles), indica-se a adoção de um método contraceptivo não oral para quem faz uso de pílula e está tomando Mounjaro.
Mas, novamente, pode ser uma precaução: como vômitos e diarreia após a ingestão da pílula podem alterar o efeito do anticoncepcional, pacientes que fazem uso dessa medicação ficam mais vulneráveis a gravidez.
Não há nenhum estudo que comprove relação direta entre fertilidade e os agonistas de GLP-1.
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Problemas na visão
Recentemente, após revisar todo os dados sobre a relação entre a neuropatia óptica isquêmica anterior não arterítica (NOIANA) e a semaglutida, a Agência Regulatória Europeia (EMA, na sigla em inglês) concluiu que a NOIANA é um efeito colateral muito raro do uso da substância, o que significa que pode afetar até 1 em cada 10.000 pessoas que tomam semaglutida.
A EMA diz que estudos epidemiológicos de grande porte sugerem que isso afeta mais quem tem diabetes tipo 2 e faz uso da substância para controlar a doença. Segundo os dados, a exposição por pelo menos 3 anos está associada a um aumento de cerca de duas vezes no risco de desenvolver NOIANA em comparação com pessoas que não tomam o medicamento.
Lembrando que questões oftamológicas são comuns em pessoas com diabetes tipo 2 descontrolado: além da famosa retinopatia diabética, eles têm mais chance de desenvolver doenças como catarata, glaucoma e olho seco.
A agência europeia pediu que o risco de NOIANA fosse acrescentado na bula de Ozempic e Wegovy por lá.
“Não há certeza de causalidade direta pelos estudos que temos até agora, inclusive há uma investigação em andamento, chamada FOCUS, que visa justamente esclarecer esse ponto, e temos que esperar até 2027 para conhecer seus resultados”, pontua Hohl.
“Mas, esse pronunciamento do EMA serve de alerta, chama a atenção dos médicos lembrando que precisamos ter um cuidado global no acompanhamento de pacientes que fazem uso dessas medicações. É nosso dever considerar todos os sintomas, e agir rapidamente caso algo seja relatado, como qualquer alteração na visão, por exemplo”, completa o endocrinologista.
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Perda de massa muscular
Mito. Todo processo de emagrecimento envolve perda de gordura e massa magra, e isso está bem mais relacionado ao seguimento de uma dieta balanceada e prática de atividade física durante o tratamento que com qualquer medicação.
Por isso, a regra é clara: ninguém deve tomar agonistas de GLP-1 sem mudanças no estilo de vida e orientação médica.
Importante frisar também que o Ozempic, o primeiro agonista de GLP-1 da nova geração, foi lançado nos Estados Unidos em 2017, e aqui no Brasil em 2019, não faz nem 10 anos que o público utiliza esse tipo de medicação.
A farmacovigilância mundial está de olho em possíveis novos efeitos colaterais que ainda possam surgir. Mas, até agora, usar as medicações com acompanhamento médico tem se mostrado seguro.
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