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“Primo” mais forte do Ozempic, Wegovy começará a ser vendido no Brasil

Um ano e meio após aprovação pela Anvisa, medicamento contra a obesidade à base de semaglutida anuncia data da chegada oficial ao país

Por Ingrid Luisa
Atualizado em 26 jun 2024, 15h49 - Publicado em 26 jun 2024, 09h00
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  • Um ano e meio depois de sua liberação pela Anvisa, o Wegovy, primeira injeção semanal aprovada formalmente para o tratamento da obesidade no Brasil, tem data para chegar as farmácias.

    A Novo Nordisk, farmacêutica responsável pelo medicamento, anuncia que ele estará disponível a partir de agosto de 2024. O preço máximo pelas injeções, estabelecido pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), será de R.484, valor que pode variar para mais ou para menos nos pontos de venda. 

    “A aprovação da Anvisa foi rápida, a grande questão sobre a demora da chegada do medicamento foi a demanda”, explica Priscila Mattar, médica endocrinologista e vice-presidente da área médica da Novo Nordisk. 

    Segundo Priscila, o grande aumento da procura nos Estados Unidos — primeiro país onde o Wegovy foi lançado — exigiu ajustes na capacidade produtiva da empresa. 

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    O Wegovy tem o mesmo princípio ativo do Ozempic, a semaglutida. Os dois são fabricados pela Novo Nordisk, porém o Ozempic é aprovado pela Anvisa somente para o tratamento do diabetes — o uso que se faz para emagrecimento é off label. A diferença entre os dois é a dose: enquanto o Ozempic contém 1g do princípio ativo, o novo produto possui 2,4g.

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    Isso, segundo estudos, resulta em efeitos melhores contra a obesidade. Nas pesquisas pré-aprovação, a redução média da perda de peso com o uso do Wegovy é 17%, mas um terço dos pacientes conseguiram perder mais do que 20% do peso corporal.

    A nível de comparação, essa costuma ser a média de perda de peso da cirurgia bariátrica. O Saxenda (liraglutida), outro remédio para obesidade, leva à redução de 5 a 7% do peso corporal, e o Ozempic de 10 a 15%.

    Assim como seu irmão de fábrica, o Wegovy também chegará ao país sem necessidade de retenção de receita nas farmácias, apenas com a tarja vermelha no rótulo, que avisa que a venda deve ocorrer sob prescrição médica.

    Mas, ao contrário do Ozempic, Wegovy já chega aprovado para adolescentes maiores de 12 anos com obesidade, enquanto seu irmão mais velho só é autorizado para maiores de 18 anos.

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    “A gente sabe que crianças e adolescentes são os que mais estão tendo piora nos índices de obesidade no nosso país, então, ter uma medicação com uma molécula que é extremamente eficaz, potente e que já chega aprovada para essa faixa etária é um ponto bem importante”, ressalta a médica Cintia Cercato, membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia (SBEM).

    +Leia Também: Ozempic: os riscos de usar apenas para perder uns quilinhos

    Apesar da grande popularização desses medicamentos, de uma maneira até preocupante, Priscila Mattar frisa que todo tratamento para obesidade deve ser feito com acompanhamento médico, e que a única indicação oficial pro uso do WeGovy é para o tratamento do sobrepeso — índice de massa corpórea (IMC) acima de 27 com comorbidades — e obesidade — IMC acima de 30.

    E a própria aprovação da Anvisa ressalta que o remédio é um complemento a uma dieta baixa em calorias e exercícios físicos direcionados para o controle do peso.

    “Essa é a única comunicação científica que é feita. Toda a questão do uso off label e recreativo é uma coisa muito séria e sensível. Não existe nenhum endosso da Novo Nordisk para o uso fora das indicações de bula”, finaliza.

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    +Leia Também: Obesidade: novos remédios, velhos dilemas

    Relembrando: o que é a semaglutida?

    A badalada semaglutida, princípio ativo do Ozempic e WeGovy, é um agonista de receptores do hormônio GLP-1.

    Nosso corpo fabrica este hormônio naturalmente no intestino em resposta à ingestão de comida, o que estimula o pâncreas a secretar insulina para que a glicose seja captada do sangue e vire energia nas células. Ele também retarda o esvaziamento do estômago e atua no sistema nervoso controlando a sensação de saciedade.

    A sacada da indústria farmacêutica foi criar moléculas que imitam esse hormônio. Só que as versões sintéticas dão um passo além: enquanto a ação do GLP-1 natural dura no máximo 3 minutos, a semaglutida é quebrada gradualmente e permanece agindo por até sete dias. Daí a necessidade de picadas semanais.

    Mas não há pílula ou injeção milagrosa. A medicação deve vir aliada ao cuidado com a alimentação, mudanças de comportamento e a prática de exercícios físicos.

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    +Leia Também: Da teoria ao prato: como reverter empecilhos para uma alimentação saudável

    Quais são os efeitos colaterais do uso desses remédios?

    Até agora, sabe-se que o uso de semaglutida pode causar náuseas, vômitos, dores estomacais fortes, diarreia, desconforto no abdômen (como azia e queimação), dor de cabeça, sonolência e constipação.

    A pessoa pode sentir fraqueza indisposição. Quem tem refluxo ou bebe álcool regularmente precisa conversar bem com o médico antes de apostar nesta categoria de medicamentos.

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