Pneumonia ou pneumonite: existe diferença?
Uma é uma infecção pulmonar; a outra, uma inflamação desse órgão com diferentes causas. Conheça as particularidades, sintomas e tratamentos das duas
A veiculação de alguns termos médicos nos meios de comunicação após a morte do empresário Abilio Diniz tem gerado dúvidas em muita gente. A dúvida principal é: o que é pneumonite e qual sua relação com a pneumonia?
Em linguagem médica, o sufixo “ite” designa doenças de natureza inflamatória. Então, quando utilizamos o termo pneumonite, estamos nos referindo a inflamação do tecido pulmonar.
Já a pneumonia é uma infecção que inflama os sacos aéreos dos pulmões, chamados de alvéolos, que são os responsáveis pela troca de oxigênio e gás carbônico. Diante dessa doença, essas estruturas ficam preenchidas de líquido ou pus.
Ela pode ser causada por bactérias, vírus ou fungos. Geralmente, se apresenta com febre, tosse com secreção pulmonar, fadiga e falta de ar. O tratamento, por sua vez, é baseado no uso de antibióticos e, eventualmente, antivirais ou antifúngicos.
Tecnicamente falando, a pneumonia é uma pneumonite, porque inflama o tecido pulmonar. Mas a verdade é que o termo “pneumonite” é usualmente utilizado pelos médicos para descrever as causas não infecciosas de inflamação pulmonar.
Então o que pode causar a pneumonite?
A pneumonite ocorre quando alguma substância irritante produz a inflamação no pulmão. Existem inúmeros agentes com potencial de gerar o quadro. Em alguns casos, não é possível identificar qual o agente responsável. Confira exemplos:
- Pneumonite química: ocorre quando a pessoa inala ou aspira substâncias tóxicas para o pulmão (como gás cloro, pesticidas, fumaças tóxicas, cocaína, cigarro eletrônico, conteúdo ácido do estômago, óleos laxativos etc).
- Pneumonite de hipersensibilidade: é um tipo de reação alérgica que causa inflamação no pulmão (pode ser disparada por proteínas e excrementos de pássaros, algumas bactérias e fungos presentes em umidificadores, mofo e fungos etc).
- Pneumonite por medicamentos: inúmeros remédios podem provocar a situação (entre eles, antibióticos, antiarrítmicos e quimioterápicos).
- Pneumonite por radiação: relativamente comum nas pessoas submetidas à radioterapia do tórax para tratamento de determinados tipos de cânceres.
- Pneumonite autoimune: ocorre quando o corpo gera uma resposta imunológica contra o próprio pulmão (doenças como lúpus, artrite reumatoide e esclerose sistêmica podem fazer isso).
Quais os sintomas?
A pneumonite se apresenta de forma aguda, subaguda ou crônica.
Nos casos agudos, pode se manifestar como um quadro infeccioso de vias aéreas, com febre, tosse e falta de ar.
Já nos quadros subagudos e crônicos, falta de ar progressiva e tosse, geralmente seca, são mais comuns.
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Quais as complicações e tratamentos da pneumonite?
Dependendo do grau e tempo de exposição ao agente irritante para o pulmão e da intensidade da inflamação, pode-se ter como complicações um quadro de insuficiência respiratória aguda, capaz de levar a morte, até um quadro progressivo de formação de cicatriz no pulmão, chamada de fibrose pulmonar, onde o pulmão vai perdendo a elasticidade e capacidade de troca de oxigênio.
O tratamento da pneumonite é baseado no afastamento do agente desencadeante do processo de inflamação pulmonar, associado a medicações que desinflamam o pulmão. Eventualmente, pode se usar medicações que diminuem a velocidade de cicatrização do pulmão (antifibróticos).
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E se eu tiver pneumonite, o que eu posso esperar?
Os casos mais leves, com diagnóstico precoce e identificação do agente causal, vão trazer o melhor prognóstico, com menos tempo de sintomas e menor sequela pulmonar.
Mesmo nos mais graves e crônicos, com sinais de cicatriz no pulmão, o tratamento ajudará a controlar sintomas e evitar a progressão da doença.
Guarde essa informação: a melhor forma de diminuir o risco de desenvolver pneumonite é evitar o contato com os agentes que possam causar a inflamação pulmonar.
(Este conteúdo foi feito em uma parceria com a Brazil Health)
*André Apanavicius é médico pneumologista do Núcleo de Doenças Pulmonares e Torácicas do Hospital Sírio-Libanês, e do Hospital Vila Nova Star