Pesquisadores da Universidade de Oxford e do Imperial College de Londres, na Inglaterra, anunciaram um novo estudo com as vacinas que as instituições estão desenvolvendo contra o novo coronavírus (Sars-CoV-2). O objetivo é verificar a eficácia de uma versão inalável desses imunizantes.
Veja: as vacinas britânicas que já estão sendo testadas são intramusculares. Ou seja, são administradas no músculo. Enquanto os resultados finais não saem, os cientistas decidiram investigar em paralelo a aplicação via spray nasal.
A expectativa é de que a substância inalada através de um nebulizador seja mais eficiente por induzir a produção de anticorpos direto nas vias respiratórias, que é por onde o Sars-CoV-2 entra no organismo.
Dessa forma, o agente infeccioso nem chegaria a invadir outros órgãos, pois nosso sistema imunológico começaria a combatê-lo assim que ele desse as caras no sistema respiratório.
O pediatra Renato Kfouri, da Sociedade Brasileira de Imunizações (Sbim), conta que essa não seria a primeira vacina inalável da história. “Só existe uma licenciada no mundo, que é a da gripe”, informa. Mas ela não está disponível no Brasil.
No comunicado à imprensa sobre a novidade, o infectologista Chris Chiu, do Departamento de Doenças Infecciosas do Imperial College de Londres, inclusive citou esse imunizante: “Temos evidências de que a aplicação de vacinas contra a gripe por spray nasal protege contra a enfermidade e ajuda a reduzir a transmissão”, disse o profissional.
“Estamos ansiosos para explorar se a administração no trato respiratório também é segura e produz uma resposta imunológica eficaz para a Covid-19”, completou Chiu, líder do projeto que avaliará se a alternativa é viável contra o coronavírus. Os testes começarão nas próximas semanas. As entidades esperam recrutar, inicialmente, 30 voluntários adultos.
Os benefícios e as limitações das vacinas inaláveis
Segundo Kfouri, por não se tratar de uma injeção, a adesão tende a ser maior. “Quem tem medo de agulha não vai deixar de tomar”, brinca o pediatra.
Curiosamente, a forma de aplicação é, ao mesmo tempo, a grande virtude e a grande limitação das vacinas inaláveis. Como mencionado, esse tipo de vacina foi bem sucedido contra a gripe, porque induz a produção de anticorpos diretamente no local de entrada do vírus influenza. Mas, em doenças com outras vias de acesso, como as hepatites e o HPV, um imunizante desse tipo teria mais dificuldades de provocar a reação imunológica necessária.