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Perigo na tinta de cabelo?

Tinturas fazem parte da vida de 26% dos brasileiros, só que podem esconder algumas ameaças. Saiba quais são e como fazer um uso sem riscos

Por Ana Luísa Moraes
Atualizado em 14 fev 2020, 18h26 - Publicado em 29 jun 2017, 09h30
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Dá para pintar o cabelo de maneira segura  (Carlos Bessa/SAÚDE é Vital)
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Pintar os fios de cabelo é costume antigo na história da humanidade. Arqueólogos já encontraram hena, um corante natural utilizado ainda hoje, no cabelo de múmias egípcias com mais de 4 mil anos de idade. O fato é que as opções para tingir as madeixas se modernizaram e multiplicaram – graças aos avanços na química, as tintas ganharam maior duração, variedade de cores e popularidade. No Brasil, um levantamento do Target Group Index, vinculado ao Ibope, indica que 26% da população usa tintura para cabelo, sendo que 85% desse público pertence ao sexo feminino. Vira e mexe, porém, a segurança desses produtos é questionada pelo meio científico. A acusação da vez vem de uma megapesquisa na Finlândia.

Os pesquisadores da Universidade de Helsinque analisaram dados de 6 600 mulheres com câncer de mama e 21 600 sem a doença. Cruzando as informações, constataram que, entre aquelas que pintavam o cabelo, havia um risco 23% maior de encarar um tumor. A epidemiologista e coordenadora do trabalho, Sanna Heikkinen, diz que uma das hipóteses para explicar a relação reside na contaminação de um dos compostos mais comuns das tinturas, a P-fenilenodiamina (PPD), por uma substância conhecida como 4-Aminobifenil (4-ABP). Isso aconteceria durante o processo de produção. “Há indícios de que o 4-ABP causa mutações no genoma humano, além de poder interferir em questões hormonais“, conta Sanna. Tem mais: a Agência Internacional de Pesquisa em Câncer já o reconheceu como carcinogênico, isto é, um patrocinador de tumores.

A cientista esclarece, porém, que o elo só foi observado em mulheres que passaram da menopausa. “Pessoas mais velhas tendem a acumular mais anos de uso das tinturas. Outra possibilidade é que elas tenham entrado em contato com compostos químicos mais pesados que eram empregados nesses cosméticos antes dos anos 1980”, justifica. Embora o estudo finlandês não seja o primeiro a apontar o dedo para uma possível ligação com o câncer, Sanna ressalta que ainda não dá para bater o martelo numa relação de causa e efeito. “Mas temos um indicativo de que pode ter alguma coisa aí”, diz. Achados como esse servem inclusive para a indústria cosmética aperfeiçoar suas fórmulas. Felizmente, a tecnologia já permitiu aposentar diversas substâncias consideradas mais tóxicas.

Ainda assim, o PPD é apontado como fator por trás de problemas mais imediatos associados às tintas de cabelo. É o caso de alergias e irritações na pele. “Os produtos podem provocar uma dermatite de contato, em que a pessoa sente dor e queimação na hora, como são capazes de induzir uma dermatite alérgica, cuja reação pode acontecer dias depois e inclusive se espalhar pelo corpo”, explica a dermatologista Caroline Semerdjian, do Hospital 9 de Julho, em São Paulo. Fique atento, portanto, a sinais como coceira e descamação. Aliás, se você faz uso de tintas com frequência, vale a pena inspecionar regularmente o couro cabeludo. A região tem muitos vasinhos, e uma pequena ferida já pode servir para ampliar a absorção dos compostos.

Como a tintura também está relacionada a fios mais secos, quem busca uma opção menos agressiva em todos os sentidos pode recorrer aos tonalizantes. É o que sugere Ana Carolina Ribas, diretora científica da Associação Brasileira de Cosmetologia. Ao contrário das tintas permanentes, os tonalizantes possuem menos corantes e não ficam depositados no cabelo. Uma alternativa, sobretudo para os alérgicos, são as tinturas hipoalergênicas, que costumam vir livres do PPD.

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Para quem busca uma solução mais natural, Ana Carolina indica a boa e velha hena, hoje com mais possibilidades de cores. “Mas é preciso ficar de olho na qualidade e na procedência”, alerta. Uma novidade na área é a coloração vegetal 100% natural – a primeira do gênero, feita com plantas indianas, foi lançada ano passado no Brasil. Como se vê, opção não falta para quem não abre mão de colorir as madeixas. Com critério, dá para preservar os fios e a saúde.

Pinte com segurança

Conselhos para a tintura não causar problema

Tempo ideal
Nunca exceda o período indicado para a permanência da tintura. Isso pode afetar os fios e o couro cabeludo.

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Teste antes
Passe um pouco do produto em uma mecha e siga as instruções para verificar reações.

Respeite o prazo
O ideal é aguardar no mínimo duas semanas para pintar o cabelo de novo, mesmo que seja apenas a raiz.

Um por vez
Não faça mais de um procedimento no cabelo por dia, como alisar e tingir. Isso minimiza as agressões à região.

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Com profissional
O risco de errar a mão ao pintar os cabelos sozinho é alto. Melhor fazer com o cabeleireiro.

Proteja o couro
Todo cuidado durante o procedimento porque essa região é sensível por natureza. Produtos com silicone ajudam a resguardá-la.

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