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Pele não foi feita para queimar no sol

Médico referência em melanoma - o câncer de pele mais agressivo - mostra como mudanças no estilo de vida podem contribuir para o surgimento da doença

Por André Biernath
Atualizado em 13 jun 2017, 12h32 - Publicado em 17 mar 2016, 15h22
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  • Entrevistamos Sanjiv Agarwala, que é chefe do Setor de Oncologia e Hematologia do St. Luke’s Cancer Center e professor da Universidade Temple, nos Estados Unidos, e conduz pesquisas com novas drogas para o melanoma. Veja o que ele tem a dizer sobre o câncer de pele.

     

    SAÚDE: Por que a incidência de melanoma tem aumentado nos últimos anos?

    Não existe uma resposta definitiva para esse fenômeno. Sabemos, por exemplo, que um dos maiores fatores de risco para a doença não é a exposição crônica ao sol, mas, sim, a exposição ocasional. Isso acontece, por exemplo, quando o indivíduo passa a maior parte de seu tempo no escritório, num local fechado, vai à praia uma vez a cada dois meses e fica com a pele queimada. Essa pessoa tem um risco muito maior de desenvolver um tumor desse tipo do que um fazendeiro que passa o dia todo exposto aos raios solares. Outra teoria leva em conta a destruição da camada de ozônio da atmosfera. Essa película recobre todo o planeta, mas está cada vez mais fina por causa dos químicos lançados no ambiente. Sem essa proteção, a entrada dos raios UVA e UVB fica facilitada, o que é bastante prejudicial.

     

    Então mudanças no estilo de vida estão relacionadas a esse crescimento?

    Com certeza. Hoje em dia, passamos a maior parte do nosso tempo dentro de prédios e casas. Daí, não desenvolvemos uma resistência da pele ao sol. Sabemos ainda que, nas últimas décadas, nosso modo de se vestir na praia sofreu alterações. Se você olhar fotografias dos anos 1930, verá pessoas totalmente vestidas, cobrindo boa parte do corpo. As roupas de banho atuais são curtas, o que significa mais exposição solar.

     

    Dá para prevenir o melanoma?

    A melhor maneira de se proteger contra esse tumor é usar o filtro solar com fator de proteção (FPS) superior a 15. É importante evitar o sol do meio-dia, quando está muito forte, e utilizar acessórios como chapéus. Não podemos nos esquecer das crianças, que são mais vulneráveis. Se um paciente de 50 anos desenvolve um melanoma, pode ser que ele teve uma queimadura solar aos 12 anos de idade. Câmaras de bronzeamento artificial também devem ser evitadas, porque emitem alta dose de radiação. Por último, vale prestar atenção na pele e no surgimento de pintas ou manchas escuras e consultar o dermatologista.

     

     

    Pacientes com melanoma estão entre os que mais se beneficiam dessa nova terapia que usa a imunidade para contra-atacar a doença. Por quê?

    Sabemos há algum tempo que o melanoma tem uma relação única com o sistema imune. Quando fazemos biópsias do tecido doente, vemos muitas células de defesa ali. Também já havíamos acompanhado alguns casos raros em que a doença regredia espontaneamente pela ação da imunidade. Todo esse conhecimento serviu de base para a criação da imunoterapia, que estimula o corpo a atacar o tumor. O mais interessante é notar que estão surgindo novas drogas que tornarão o futuro desse tratamento ainda mais promissor.

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