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Outubro Rosa: 7 novidades sobre o câncer de mama, de exames a tratamentos

Confira os principais avanços relacionados ao câncer de mama que ocorreram desde o último Outubro Rosa

Por Maria Tereza Santos
Atualizado em 28 out 2020, 10h33 - Publicado em 2 out 2020, 15h25
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  • O Outubro Rosa de 2020 chegou com muitas novidades sobre o câncer de mama, o tumor mais comum entre as mulheres no mundo todo. De exames a novos tratamentos, confira sete avanços recentes na área:

    1. Tecnologia diminui número de sessões de radioterapia

    Para tratar o câncer de mama, podem ser necessárias 30 sessões de radioterapia. Mas, com o chamado hipofracionamento, a quantidade de aplicações cai para até cinco. É que essa tecnologia consegue aumentar o número de doses de radiação sem colocar a vida da paciente em risco.

    Anteriormente, a radioterapia era condenada por alguns especialistas devido à grande possibilidade de causar estragos no coração quando o tumor se encontrava do lado esquerdo do peito. Porém, com o aprimoramento da terapia, ela voltou a ser uma opção viável.

    “Hoje, são feitas programações mais sofisticadas e menos doses chegam ao pulmão. E, quando o tratamento é na mama esquerda, o benefício é incrível, pois reduz drasticamente a dose no coração”, informou a radio-oncologista Lilian Faroni, do Hospital São Vicente da Gávea – Oncologia D’Or, no Rio de Janeiro, em comunicado à imprensa.

    Em tempos de pandemia, com as pacientes evitando idas às clínicas e aos hospitais, o hipofracionamento se mostra uma alternativa ainda mais útil.

    De acordo com a assessoria da Elekta, fabricante de equipamentos de radioterapia, a estratégia vem sendo aplicada mais extensamente nos últimos dois anos e pode ser usada para quase todos os tipos de câncer de mama.

    2. Reforço da cardio-oncologia

    Falando em coração, uma subespecialidade médica da cardiologia nasceu em hospitais da rede pública brasileira para complementar o acompanhamento das mulheres com neoplasias da mama: é a cardio-oncologia.

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    De acordo com a cardiologista Marina Bond, especialista do CPO Oncoclínicas nessa nova área, em São Paulo, a especialidade foca em prevenção, diagnóstico e tratamento das complicações cardiovasculares que podem surgir devido às diversas terapias realizadas no combate ao câncer de mama.

    A necessidade de recorrer à cardio-oncologia vai depender do tipo e da localização do tumor, além do tratamento utilizado. “Tanto os oncologistas quanto os pacientes estão começando a ver a importância de ter por perto um cardiologista que saiba lidar com as peculiaridades dos portadores de câncer”, comenta Marina. “Atuamos com o intuito de evitar danos e principalmente garantir que os efeitos colaterais não compliquem nem interrompam a terapia oncológica”, acrescenta.

    3. Mais uma opção de teste genômico para evitar a quimioterapia

    Os testes genômicos já são conhecidos na oncologia para encontrar mutações em genes específicos nos tumores. E, agora, as brasileiras terão mais uma opção com cobertura dos planos de saúde.

    A Exact Sciences desenvolveu um teste chamado Oncotype DX® Breast Recurrence Score, que promete identificar a possibilidade de recorrência da enfermidade nos próximos 10 anos e também avaliar se a quimioterapia é o tratamento mais indicado.

    O estudo que indica a eficácia do exame foi realizado em parte no Brasil. Das 155 voluntárias tratadas no país entre agosto de 2018 e abril de 2019, 97% (ou seja, 151) receberam a recomendação inicial de fazer químio, além de terapia hormonal. Mas, após a análise dos testes genômicos, 69% (104) foram poupadas desse tratamento porque se concluiu que ele não seria necessário.

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    “Além de conseguirmos identificar quem de fato se beneficiará da quimioterapia, observamos um melhor uso dos recursos de saúde”, comentou o oncologista Sergio Oliveira, diretor médico da Exact Sciences para América Latina, em comunicado à imprensa.

    A abertura para consulta pública da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) está prevista para acontecer em outubro.

    4. Medicamento contra tumor de alto risco

    Um estudo publicado no periódico científico Journal of Clinical Oncology trouxe resultados animadores sobre o câncer de mama HR+/HER2-, que responde por cerca de 70% de todos os casos.

    Apresentada no Congresso Virtual da Sociedade Europeia de Oncologia Médica de 2020 (Esmo), a pesquisa mostrou que, combinado à terapia endócrina padrão, o medicamento abemaciclibe reduziu em 25% a possibilidade de recidiva – a volta do tumor – em participantes recém-operadas, em comparação com o tratamento padrão.

    O oncologista Gilberto Amorim, da Rede D’Or, no Rio de Janeiro, conta que, nos últimos 20 anos, o procedimento adotado para essas pacientes tem sido praticamente o mesmo: elas passam por cirurgia para retirar o tumor, permanecem realizando químio ou radio e usam remédios orais durante cinco a dez anos para prevenir a recorrência – algo que é bem comum quando falamos do HR+/HER2-.

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    O que os estudiosos do laboratório Eli Lilly fizeram foi testar a eficácia do abemaciclibe como parte desse esquema padrão em um período de dois anos. As análises contaram com a participação de 5 637 mulheres de 38 países, incluindo o Brasil.

    “O resultado impressionou porque foi a primeira vez que vimos a ação dessa classe medicamentosa em tumores iniciais de risco alto. É um estudo sério, com um número robusto de voluntárias e conduzido por pesquisadores de ponta”, comenta Amorim.

    Ainda serão necessárias outras pesquisas e também um acompanhamento mais longo antes de qualquer aprovação. Por isso, não dá para prever sua disponibilidade.

    “Ter um tratamento mais efetivo é realmente impactante. A última grande mudança na terapia anti-hormonal chegou ao Brasil na virada do século”, aponta o oncologista.

    5. Nova edição do livro “Vencer o Câncer de Mama”

    A doença ainda é cercada de mitos. Por isso, o Instituto Vencer o Câncer lançou, no dia 1º de outubro de 2020, a segunda edição do livro “Vencer o Câncer de Mama”, que traz informações atualizadas sobre a neoplasia, os fatores de risco, o diagnóstico, a prevenção e os tratamentos existentes.

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    A edição revisada foi coordenada pelos oncologistas Antonio Carlos Buzaid, Fernando Maluf e Débora Gagliato, e conta com oito novos capítulos, que complementam os 20 temas presentes na primeira versão. O conteúdo foi produzido a partir de perguntas e respostas elaboradas por uma equipe multidisciplinar – ilustrações ajudam na compreensão.

    Segundo a assessoria do instituto, uma parte dos mil exemplares impressos será distribuída para os pacientes da BP- A Beneficência Portuguesa de São Paulo, parceira do projeto, e a outra será vendida em estabelecimentos que apoiam a causa, com a renda revertida para o Instituto Vencer o Câncer.

    O livro também está disponível online gratuitamente no site para download. Clique aqui para baixar.

    6. Medicamento contra o câncer metastático disponível no SUS

    Na coletiva de imprensa do coletivo Pink, iniciativa da farmacêutica Pfizer para conscientizar sobre o câncer de mama metastático — ou seja, em estágio avançado —, a oncologista Maria Del Pilar Estevez Diz, diretora do corpo clínico e coordenadora da Oncologia Clínica do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp) falou a respeito das novidades no tratamento desse tumor.

    A principal, segundo ela, é a incorporação do pertuzumabe no Sistema Único de Saúde (SUS). Essa droga, associada a outras, gera um maior controle sobre o subtipo HER2+, o mais agressivo de todos, do tipo metastático.

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    “O remédio aumenta a sobrevida das pacientes. Ele já estava disponível no setor privado e entrará também no SUS a partir desse mês. É um avanço bem importante”, comenta a especialista do Icesp.

    Segundo a Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (Femama), a incorporação do pertuzumabe ao SUS aconteceu na verdade em 2017, mas ele não foi disponibilizado por falta de acordo para compra do medicamento. Após campanhas e mobilizações de entidades e pacientes, o governo finalmente deu esse passo.

    7. Obrigatoriedade da ultrassonografia mamária pelo SUS agora é lei

    A mamografia é o principal exame usado para diagnosticar o câncer de mama. Só que nem sempre ela é suficiente para visualizar as alterações no órgão, como pode acontecer em mulheres que têm o tecido denso. Nessas situações, é essencial lançar mão da ultrassonografia.

    Acontece que, até o início de 2020, o SUS garantia apenas a realização da mamografia para rastreio do tumor na população feminina acima dos 40 anos.

    Por isso, o dia 12 de março de 2020 ficou marcado por uma importante vitória: a sanção de uma lei que obriga a rede pública a realizar a ultrassonografia mamária em jovens com elevado perigo de ter a doença ou que não possam ser expostas à radiação, e em mulheres de 40 a 49 anos de idade ou com alta densidade mamária.

    Dessa forma, o acesso ao diagnóstico precoce será ampliado. Lembrando que a indicação do exame depende de avaliação do médico.

    Nem tudo são flores

    Infelizmente, não há só boas notícias sobre o câncer de mama. É preciso finalizar essa lista com um alerta, cuja relevância ficou nítida após uma investigação do Instituto Avon e do Observatório de Oncologia.

    Os pesquisadores analisaram a cobertura mamográfica do Brasil de 2015 a 2019, registrada pelo SUS, e constataram que, de lá para cá, houve uma redução de 4%.

    No último ano, o rastreamento chegava em apenas 23% entre mulheres de 50 a 69 anos de idade, sendo que a Organização Mundial de Saúde (OMS) preconiza que a cobertura da mamografia nessa faixa etária seja de 70%.

    O levantamento também mostrou que 47% dos diagnósticos acontecem já em estágios avançados. Já o tempo médio da primeira consulta até o começo do tratamento ambulatorial demora, em média, 113 dias — um número bem acima do estipulado pelas leis dos 30 e 60 dias.

    A mastologista Juliana Francisco, da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) e consultora médica do Instituto Avon, explica que um dos principais fatores que impactam na cobertura mamográfica é o acesso ao exame – seja por medo, falta de conhecimento ou impossibilidade de agendamento próximo.

    “Também temos que levar em consideração a qualidade da mamografia, o que impacta na detecção precisa da suspeita”, destaca a especialista.

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