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Órgão dos EUA antecipa faixa etária para rastreamento do câncer colorretal

A chamada USPSTF agora defende que pessoas a partir dos 45 anos deveriam fazer exames para detectar a doença. Isso vale para o Brasil?

Por Fabiana Schiavon
Atualizado em 25 Maio 2021, 18h26 - Publicado em 25 Maio 2021, 15h32
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  • A United States Preventive Services Task Force (USPSTF) publicou um novo documento que recomenda o rastreamento do câncer colorretal a partir dos 45 anos de idade. Até então, a entidade americana indicava a realização de diferentes exames para a população em geral só dos 50 anos em diante.

    A USPSTF é um órgão que, a partir do acúmulo de evidências científicas robustas e atuais, emite orientações para sociedades médicas, autoridades e os habitantes dos Estados Unidos. “A recomendação é pensada no âmbito da saúde coletiva. O objetivo é detectar casos precoces e reduzir a mortalidade”, explica o cirurgião oncológico Samuel Aguiar Junior, do Centro de Referência em Tumores Colorretais e Sarcoma do A.C.Camargo Cancer Center.

    O documento foi escrito com base em pesquisas já divulgadas em 2017, que apontavam um aumento de óbitos por esse tipo em câncer em adultos mais jovens nos Estados Unidos. Entre os americanos de 40 a 49 anos, houve um acréscimo na mortalidade de 15%, ao compararmos os anos de 2000 a 2002 com 2014 a 2016.

    A doença é a terceira principal causa de morte por câncer entre homens e mulheres. Por lá, estima-se que 52 980 pessoas vão falecer por causa dela até o fim de 2021.

    Apesar de antecipar em cinco anos a recomendação, a USPSTF avisa que a prioridade para esse rastreamento segue sendo os adultos de 50 a 75 anos. O órgão também menciona possíveis benefícios de seguir os exames entre indivíduos de 76 a 85 anos, mas reconhece que as evidências científicas são menos contundentes.

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    O rastreamento no Brasil

    Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), foram confirmados no nosso país 20 540 casos de câncer colorretal no sexo masculino e 20 470 no feminino, em 2020. Esses valores correspondem a 19,64 casos novos a cada 100 mil homens e 19,03 a cada 100 mil mulheres. Os índices mais altos se concentram nas regiões Sudeste (28,62 para 100 mil) e Centro-Oeste (15,40 para 100 mil).

    O médico sanitarista Arn Migowski, chefe da Divisão de Detecção Precoce e Apoio à Organização de Rede do Inca, pondera que o contexto brasileiro é diferente do americano. De acordo com ele, o nosso grande desafio é disponibilizar mais profissionais de saúde qualificados e equipamentos para aumentar a taxa de diagnósticos precoces e para aprimorar o tratamento desse tipo de tumor.

    Antes disso, antecipar a idade do rastreamento seria complicado como uma medida de saúde pública. Atualmente, o Inca continua recomendando essas avaliações contra o câncer colorretal a partir dos 50 anos na população em geral.

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    Aguiar Júnior, por sua vez, aponta que essas faixas etárias devem ser discutidas individualmente no consultório. Afinal, há quem possua mais fatores de risco para esse tipo de tumor — aí, se beneficiaria mais de exames feitos antes na vida.

    “Esse câncer tem muito a ver com estilo de vida”, completa o médico. Obesidade, baixa ingestão de frutas e excesso no consumo de carnes vermelhas ou embutidas (mortadela, linguiça, bacon…) estão entre os quesitos que catapultam a probabilidade de desenvolver o problema.

    Infelizmente, no quesito alimentação os brasileiros têm cada vez mais imitado os americanos. E a teoria é que a dieta predominante nos Estados Unidos tenha favorecido a explosão de casos entre os adultos mais jovens.

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    “O tabagismo é outro fator de risco importante”, completa Migowski. A presença de doenças inflamatórias intestinais (colite ulcerativa e doença de Crohn) e a herança genética também entram na lista. Se seus pais ou irmãos foram diagnosticados com câncer colorretal, pólipos adenomatosos e certas síndromes (como a de Lynch), consulte um especialista para ver como proceder.

    Quais são os exames?

    Há diferentes exames que levantam a suspeita para o câncer colorretal — converse com o médico para saber qual o mais adequado para a sua situação. De acordo com a USPSTF, a rotina de rastreamento pode incluir:

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