O que é tricomoníase e qual sua causa?
A tricomoníase uma infecção sexualmente transmissível (IST) causada por um protozoário chamado Trichomonas vaginalis. Ela atinge tanto homens como mulheres, afetando principalmente a vagina e o trato urinário. De acordo com um levantamento da Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2016, 156 milhões de pessoas entre 15 e 49 anos foram diagnosticadas com o problema.
A tricomoníase na mulher
A ginecologista Iara Moreno Linhares, da Comissão Nacional em Doenças Infectocontagiosas da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), conta que o perigo de contágio para a população feminina é maior. “O risco varia de 60% a 80% em uma relação sexual desprotegida”, relata.
Para evitar a enfermidade, é imprescindível usar camisinha masculina ou feminina.
Nas mulheres, a doença acomete principalmente a vulva, a vagina e o colo do útero. Mas também pode afligir a uretra e as glândulas de Skene e Bartolin. “São glândulas que têm sua abertura na parte interna da vulva, o vestíbulo, e produzem muco, que ajuda na proteção e na lubrificação durante a relação sexual”, explica.
A maior parte dos casos são assintomáticos. Quando os sinais surgem, as mulheres tendem a sofrer com corrimento vaginal, geralmente amarelo ou amarelo-esverdeado. Ao contrário da candidíase, surge um odor bem desagradável, que lembra o cheiro de peixe. E ocorre uma sensação de irritação e ardor local.
“A vulva pode ficar avermelhada e sensível, causando bastante desconforto. E é possível que haja dor ao urinar. Logicamente, o sexo se torna desconfortável na presença desses sintomas”, avisa Iara, que também é professora da Universidade de São Paulo (USP).
A tricomoníase no homem
A tricomoníase no homem afeta frequentemente a uretra. Apesar de os sintomas aparecerem com menos frequência, os principais na população masculina são irritação e corrimento no pênis, além de ardor ao urinar ou ejacular.
Principais maneiras de prevenção
Assim como qualquer IST, a melhor maneira de prevenir a tricomoníase é usando camisinha. Visitas periódicas ao ginecologista ou urologista também são úteis.
A educação sexual e o conhecimento sobre quaisquer ISTs são importantes entre os adolescentes e os adultos jovens. Entretanto, os idosos não podem ser esquecidos. A tricomoníase é capaz de infectar pessoas de todas as idades.
Como funciona o diagnóstico
“A análise dos sintomas e os achados do exame físico já levantam uma forte suspeita no médico. Mas o diagnóstico de certeza é feito através de testes realizados no laboratório ou no próprio consultório, se o ginecologista ou urologista tiver um microscópio disponível”, aponta Iara.
Para esses testes, o profissional coleta secreções da genitália. Nos homens, um exame de urina também pode ser utilizado.
Tricomoníase tratamento
A tricomoníase tem cura, que depende do uso adequado de remédios específicos. São antibióticos tomados de forma única ou em várias doses por alguns dias, a depender do quadro de cada um. Só um médico deve prescrevê-los — pedir a receita da vizinha aumenta o risco de complicações.
“É muito importante que todos os parceiros sexuais sejam tratados simultaneamente para que não ocorra reinfecção e para evitar as possíveis complicações”, orienta Iara. Transparência é tudo nessa fase.
Nesse período, não se deve consumir bebidas alcoólicas nem transar. “Depois, é necessária uma nova avaliação para confirmar a cura e controlar o estado do paciente”, complementa a ginecologista.
Mesmo sem sintomas, a tricomoníase pode persistir por algum tempo no corpo e se disseminar. E dá para pegar a doença mais de uma vez.
Tricomoníase é grave? Quais as complicações?
Quando não diagnosticada ou não cuidada corretamente, a tricomoníase facilita o aparecimento da chamada doença inflamatória pélvica (assim como a clamídia, por exemplo). Ela, por sua vez, levaria à infertilidade.
“Se a mulher estiver grávida, há o risco de complicações na gestação, como ruptura precoce de membranas, conhecida como ‘perda das águas’, e parto prematuro”, alerta a professora.
Na ala masculina, os perigos são prostatites (inflamação da próstata), epididimite (inflamação do epidídimo, uma estrutura dos testículos) e alterações na mobilidade e capacidade de fertilização dos espermatozoides (o que eleva o risco de esterilidade).
“Além disso, pesquisas têm mostrado que o Trichomonas vaginalis pode ‘ajudar’ outras infecções sexuais”, informa Iara. Ou seja, diversas ISTs podem aproveitar a ação desse protozoário para causarem mais estragos no trato genital. Sabe-se, por exemplo, que o processo inflamatório facilita a entrada e a disseminação do HIV no corpo.