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Do ganho muscular ao desejo sexual: o que é e como age a testosterona

Estigmatizada como “hormônio do homem”, ela é fundamental para a saúde de todos, mas seus níveis exigem atenção

Por João Antonio Streb
18 jun 2024, 16h22
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A testosterona tem várias funções primordiais no organismo, mas sua suplementação com fins puramente estéticos é banida (Drazen Zigic/Freepik)
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testosterona é tradicionalmente relacionada ao corpo masculino — uma ideia que não está totalmente equivocada, mas acaba sendo uma simplificação grosseira. Afinal, esse hormônio está presente e tem funções importantes em todas as pessoas, mesmo que apareça de forma mais intensa nos homens.

A própria origem do nome do hormônio carrega essa noção: testosterona é a junção de testis, “testículos” em latim, com esteroides, que é o grupo de compostos que o hormônio faz parte.

No organismo masculino, a substância de fato é produzida nessa região e numa parcela bem menor nas glândulas adrenais, enquanto no corpo feminino a produção vem das adrenais e dos ovários.

+Leia também: Hormônios desregulados podem causar depressão

Qual é a função da testosterona no organismo?

No corpo masculino, o hormônio tem um papel importante durante a puberdade. Ele atua no processo de crescimento e na acentuação das características consideradas masculinas, como crescimento de pelos faciais e corporais, aumento de massa muscular, engrossamento da voz, estímulo a produção de esperma e crescimento dos órgãos sexuais.

No organismo feminino, a testosterona tem algumas ações semelhantes em relação aos músculos e saúde óssea, além do bom funcionamento do sistema cardiorrespiratório. O hormônio ainda é importante na regulação da libido de ambos os sexos, e no ciclo reprodutivo feminino.

O que ocorre quando os níveis de testosterona estão altos?

Em mulheres, o nível elevado de testosterona pode resultar no crescimento excessivo de pelos corporais, principalmente em locais menos típicos, como rosto, abdômen e costas. O surgimento de acne, aumento de oleosidade, alterações no ciclo menstrual e no desejo sexual podem também pode ocorrer, assim como o crescimento anormal de massa muscular.

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O corpo masculino também é afetado negativamente pelo excesso de testosterona, com sintomas semelhantes, como acne e ganho desproporcional de massa muscular. Neles, também pode haver infertilidade, dificuldade para dormir, aumento da libido e da irritabilidade.

No senso comum, a testosterona muito elevada também costuma ser culpada pela queda de cabelo. Mas esse é um processo mais complexo do que parece: o que leva à queda de cabelo é outro hormônio, o DHT (di-hidrotestosterona), que de fato é sintetizado pelo nosso organismo a partir da testosterona, mas o efeito só vai aparecer, mesmo, em quem tem predisposição genética.

Ou seja: a testosterona alta até pode facilitar a perda de cabelo nessas condições, mas não é um processo automático nem afeta de forma igual a todas as pessoas.

E a testosterona baixa, o que significa?

Além da redução brusca da libido, um baixo índice de testosterona também pode causar, em ambos os sexos, fadiga, redução da musculatura, distúrbios sexuais e mudanças no humor, o que inclui episódios de baixa autoestima, ansiedade e depressão.

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A redução da testosterona no homem, mesmo quando ocorre naturalmente em função do envelhecimento, aumenta as chances de desenvolver obesidade.

É possível usar a testosterona para ganhar massa muscular?

O Conselho Federal de Medicina (CFM) proíbe o uso de testosterona e outros anabolizantes com fins puramente estéticos. Apesar de fazer parte do grupo dos esteroides naturais, não há consenso de que a suplementação de testosterona apresente melhora significativa na saúde muscular, além dos riscos que a ingestão pode trazer.

Para que serve o gel de testosterona?

O produto é usado sob orientação médica em uma situação específica que exige a reposição de testosterona, o hipogonadismo, condição em que o homem não produz praticamente nada do hormônio. 

Entre outras situações, a terapia hormonal é aplicada para homens trans. Neste caso, o tratamento é feito majoritariamente com injeções e dura a vida toda, com a dosagem podendo variar por fatores como a remoção cirúrgica dos ovários.

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