A diástase abdominal é uma situação comum, que atinge especialmente as mulheres.
Por volta do início do terceiro trimestre de gestação, o abdômen da mulher precisa se expandir para comportar o bebê. Para isso, o músculo reto abdominal, composto por dois feixes de tecido paralelos — os mesmos que formam os gomos da barriga tanquinho —, se afasta. O que une esses dois lados é a linha alba. Seu alargamento, e consequente separação dos músculos, recebe o nome de diástase.
A linha alba é um tecido formado por colágeno, com capacidade para se expandir e, depois, voltar à forma original. Logo depois do parto, ela já se retrai um pouco, e o tecido tende a se restabelecer por completo em até seis meses. Para algumas mulheres, contudo, o afastamento persiste, em diferentes posições.
Como sua sustentação, que era o músculo, saiu do lugar, a pele fica com aparência murcha, bem fina, e a região pode exibir uma protuberância. Essa espécie de calombo nada mais é do que parte do intestino, que deixa de estar protegida pelos músculos. Em mulheres magras, esse fenômeno fica ainda mais evidente.
Tipos de diástase
Embora todas sejam consideradas diástases, elas podem ocorrer em várias regiões ao longo da barriga.
Mexe lá dentro
A mudança nas estruturas internas desencadeia alterações gastrointestinais, como gases, desconforto, intestino preso e hérnias. A bexiga também sofre — não é raro que surja incontinência urinária. Por fim, a perda de uma das paredes do core, musculatura que estabiliza o tronco, provoca dores nas costas.
Ah, e não é só com a gestante. Diástases podem ocorrer em função de tendência genética, excesso de peso e realização de exercícios que aumentam a pressão dentro do abdômen.
Para corrigir a diástase
Uma vez que ocorre a diástase, pele, músculos e intestino não voltam para o lugar naturalmente. Mas é possível amenizá-las.
Existem duas opções. Os casos mais leves são tratados com exercícios chamados hipopressivos, que diminuem a pressão interna do abdômem. São várias técnicas, mas, em geral, eles envolvem abdominais, em que a pessoa respira e “suga” os músculos para dentro, como na imagem abaixo.
Já a cirurgia para diástase é feita literalmente costurando as duas porções de músculo que se separaram. O procedimento de fato corrige o problema, mas só é recomendado para diástases maiores, e exige fortalecimento complementar.
Para prevenir e contornar, respire!
Um jeito fácil de amenizar a diástase na gestação é praticando exercícios de respiração. Diariamente, por cinco minutos, inspire e solte o ar completamente, até sentir que tórax e abdômen estão vazios e contraídos.
A movimentação ativa o core, e, de quebra, o exercício relaxa e oxigena os tecidos. As sessões podem ser feitas no pós-parto e beneficiam a população em geral.
Fontes: Karen Rocha de Pauw, ginecologista e especialista em reprodução humana pela Universidade de São Paulo (USP); Pamella Ramona, fisioterapeuta obstétrica do Centro de Saúde da Mulher da Pro Matre (SP); Bruna Cavalcante, ginecologista e obstetra do Grupo Huntington.