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O perfil do brasileiro com Covid-19 internado em UTIs do SUS

Projeto mapeia características de pessoas que vão parar nas unidades de terapia intensiva por causa do coronavírus, o que ajudaria no controle a pandemia

Por Ingrid Luisa
Atualizado em 18 mar 2021, 18h47 - Publicado em 18 mar 2021, 17h51
Foto de vários médico olhando em direção ao espectador
Pesquisa mapeia as características dos pacientes que vão para a UTI. (Foto: National Cancer Institute/Unsplash/Divulgação)
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Você já parou para se perguntar qual o perfil médio das pessoas que estão internadas em UTIs (unidades de terapia intensiva) no SUS por causa da Covid-19? Qual a faixa de idade, as comorbidades, o sexo, o tempo de estadia médio? Pois fique sabendo que, desde março de 2020, o projeto Impacto MR, que é parte do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS), coleta dados sobre pacientes com o coronavírus nessa situação.

Até agora, a iniciativa identificou o seguinte:

Das 3 034 pessoas que participaram do estudo, 46,2% foram a óbito — a letalidade é alta, porém esperada em casos graves. O curioso é que, do total de participantes, 36,3% morreram na UTI. Essa diferença de quase dez pontos percentuais contempla os pacientes que faleceram no hospital, mas não nas unidades de terapia intensiva.

Segundo Thiago Lisboa, médico intensivista do Instituto de Pesquisa do Hospital do Coração (HCor) e pesquisador do Impacto MR, esses dados indicam que, às vezes, o indivíduo sobrevive à fase crítica da infecção e é encaminhado para outro setor do hospital. Mas acaba morrendo em decorrência de possíveis sequelas.

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Esses índices também sugerem que, fora da UTI, a qualidade assistencial nem sempre mantém o nível de cuidado necessário. Lisboa explica que as unidades de terapia intensiva oferecem atendimento com máquinas sofisticadas e uma equipe multidisciplinar. Por outro lado, as enfermarias não raro estão em condições precárias e contam com poucos profissionais disponíveis.

O projeto Impacto MR visa estimar a realidade da Covid-19 dentro das UTIs a partir de 50 unidades proporcionalmente escolhidas pelo Brasil. Esse mapeamento é essencial para traçar estratégias de prevenção, compreender possíveis fatores de risco e afinar a oferta de leitos, por exemplo.

Saber a idade, as comorbidades, o tempo de hospitalização, as taxas de sobrevivência dos pacientes e outras informações ajuda os profissionais e órgãos responsáveis a tomarem decisões de acordo com cada situação. “Ao longo da pandemia, é possível ajustar a distribuição de leitos, por exemplo”, diz Lisboa.

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Apesar de já trazer alguns dados concretos, o estudo segue em andamento. O projeto Impacto MR nasceu em 2018, quanto pretendia mapear micro-organismos resistentes (MR) entre pacientes graves internados em UTIs. Com a pandemia de Covid-19, o foco foi ampliado para englobar o coronavírus.

Ele é uma colaboração entre os cinco hospitais do PROADI-SUS: Hospital Israelita Albert Einstein, HCor, Hospital Sírio-Libanês, Hospital Alemão Oswaldo Cruz e Hospital Moinhos de Vento. O Ministério da Saúde e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) também participam.

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