Clique e Assine VEJA SAÚDE por R$ 9,90/mês
Continua após publicidade

O exame confiável que diagnostica a presença do coronavírus pela saliva

Novo teste, que usa a técnica RT-LAMP, tem boa eficácia e está disponível no Brasil. Ele detecta o coronavírus em si e pode ajudar no rastreamento

Por Chloé Pinheiro
Atualizado em 9 set 2020, 17h15 - Publicado em 8 set 2020, 14h51
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Desde junho, está disponível um teste para diagnosticar a presença do coronavírus (Sars-CoV-2) no corpo através da coleta de saliva humana. Mais barato e com eficácia similar ao do famoso exame de RT-PCR (aquele feito com o cotonete na garganta e no nariz), o novo método pode se tornar uma opção viável para o diagnóstico em massa de casos de Covid-19, inclusive os assintomáticos.

    Por enquanto, só o laboratório Mendelics está comercializando o exame no Brasil. Mas outras instituições, como a Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade Federal de Goiás (UFG), já trabalham em suas próprias versões.

    Assim como no RT-PCR, a técnica, chamada de RT-LAMP, verifica se o próprio vírus está circulando pelo organismo. Isso é diferente dos testes sorológicos, que medem a quantidade de anticorpos produzidos contra o Sars-CoV-2 e que são indicados para verificar quantas pessoas já entraram em contato com o vírus em algum momento (não para o diagnóstico precoce da doença).

    O RT-LAMP analisa o material genético do vírus nas células humanas, porém de uma maneira mais simples e rápida do que o RT-PCR. O resultado final pode chegar ao indivíduo em três horas.

    Continua após a publicidade

    “Além disso, as enzimas utilizadas como reagentes não precisam ser aquecidas em alta temperatura. E, durante a própria reação, já se sabe se o resultado é negativo ou positivo, sem necessidade de análises posteriores, como ocorre no PCR”, explica o virologista Fernando Spilki, presidente da Sociedade Brasileira de Virologia. Trocando em miúdos, o método simplifica etapas e possibilita uma coleta menos desconfortável, sem perder confiabilidade, segundo os estudos disponíveis.

    Contudo, os exames de RT-LAMP não vieram para substituir os de RT-PCR, como você verá mais adiante.

    A técnica RT-LAMP, aplicada na Covid-19

    Não vamos fingir que é fácil explicar. O teste induz a transcriptase reversa — processo em que o RNA do vírus é convertido em DNA nas células humanas. Então, faz milhões de cópias dessas fitas de DNA para flagrar a presença do material genético do intruso. “Ao fazer a replicação, o código genético do coronavírus, que pode ser difícil de detectar, fica mais exposto”, revela David Schlesinger, médico e CEO da Mendelics.

    No PCR, isso também acontece, mas antes é preciso “abrir” as fitas de DNA e fazer a investigação de uma maneira linear.

    Tecnicalidades a parte, esse procedimento não existe apenas para a Covid-19. Ele é bem estabelecido para testagens populacionais e já foi usado contra dengue, zika e HIV. Justamente porque, com os processos simplificados, o custo tende a cair. A USP calcula uma redução de 30% em relação ao valor do RT-PCR, e a Mendelics o oferece com valores a partir de R para empresas.

    Continua após a publicidade

    Há ainda vantagens práticas, como a possibilidade de fazer autocoleta e obter amostras melhores. A saliva, afinal, é mais abundante do que a secreção nasal, e parece ter papel chave na disseminação da Covid-19.

    “O RT-LAMP mede a presença do vírus na saliva, uma secreção que demonstra, nos estudos, ser a mais relevante para a transmissão da doença”, afirma Schlesinger.

    Um exame complementar, não substitutivo

    Em pesquisas realizadas com apoio do Hospital Sírio-Libanês (SP), a Mendelics atingiu uma especificidade de quase 100%. “Na prática, isto significa que não tivemos nenhum falso positivo”, destaca Schlesinger. Ou seja, quando o exame diz que o coronavírus invadiu o corpo, é quase certo que isso ocorreu mesmo.

    Já a sensibilidade, que é a porcentagem do total de positivos flagrados pelo RT-LAMP, ficou em 80%. Portanto, 20% das pessoas realmente infectadas com o Sars-CoV-2 passariam batidas pelo RT-LAMP, segundo o estudo. A sensibilidade do RT-PCR fica na casa dos 86% — um tantinho mais precisa, portanto.

    Apesar dos exames serem usados par fins semelhantes, a expectativa é o que RT-LAMP não substitua o teste com o swab nasal. Ele atuaria de forma complementar, principalmente na população que deve fazer testes em massa e de maneira recorrente (como em empresas ou hospitais). Ele pega mesmo os indivíduos assintomáticos que transmitem o vírus.

    Continua após a publicidade

    “Uma limitação do exame é não conseguir calcular exatamente a carga viral do indivíduo, mas ele pode ajudar muito para processos de rastreamento”, diz Spilki. “Qualquer método que facilite a testagem e o rastreamento de contatos, que não é feito adequadamente agora, é bem-vinda”, completa.

    Outro problema envolve os insumos necessários para fazer o RT-LAMP. No caso do RT-PCR, houve uma escassez que dificultou o acesso ao exame. Apesar dos reagentes do teste da saliva não estarem em falta no mercado, eles são importados e respondem por boa parte do custo.

    Mas isso pode mudar em breve. Recentemente, a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), no interior paulista, anunciou uma parceria com a Mendelics para produzir as enzimas necessárias e aperfeiçoar o teste em seu Centro de Química Medicinal.

    Continua após a publicidade

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Domine o fato. Confie na fonte.

    10 grandes marcas em uma única assinatura digital

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo
    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de 9,90/mês*

    ou
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba Veja Saúde impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de 14,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.