A gente pode tentar ser o mais racional possível, mas tem muita coisa nessa vida que só é movida a paixão. Beira o clichê. E talvez seja, porque tem um fundão de verdade nisso.
O cientista cético que se dedica incansavelmente a decifrar enigmas ou descobrir curas é mobilizado por uma paixão, assim como o cozinheiro que quer encantar os convidados, o atleta que se esforça para quebrar um recorde e o profissional de saúde que se empenha em salvar o paciente.
Paixão também move jornalistas. E, longe de tentar fazer apologia ou autopropaganda, constato isso no dia a dia com nossas e nossos repórteres. Especialmente Chloé Pinheiro, a autora da matéria de capa desta edição sobre a batalha pela vacinação.
Tem gente que tem tesão pelo que faz… Tanta vontade de fazer a diferença — na apuração, no texto, no mundo… — que parece entrar numa fissura. Fissura que só abranda quando a reportagem é publicada.
Chloé é dessas apaixonadas pela causa. Tornou-se uma das principais jornalistas a cobrir a Covid-19 no Brasil e se juntou à missão de defender a ciência e as medidas em prol da saúde coletiva desde então.
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Chegou a ser xingada e criticada por isso — assim como criticou e xingou quem espalhou absurdos ou fake news em meio à pandemia. Se indispôs com gente próxima porque imaginou que seu dever profissional e cívico era algo maior.
Escolhas. A escolha de se aprofundar num fenômeno que se disseminou pelo Brasil feito o vírus — o tratamento precoce, descartado por estudos — a fez escrever, junto ao farmacêutico Flavio Emery, o livro Cloroquination (Paraquedas).
A dedicação traz recompensas. Chloé foi convidada a participar de um projeto internacional do prestigiado Pulitzer Center, nos Estados Unidos, que somou subsídios ao trabalho que ela agora apresenta aos nossos leitores: uma investigação sobre por que as taxas de vacinação despencaram no Brasil nos últimos anos.
Essa história tem a ver com ciência, política, economia, cultura, comportamento, crença e informação. A jornalista percorreu de São Paulo a João Pessoa, passando por Brasília e ouvindo mais de 25 pessoas, para entender por que um país antes referência em imunização amarga derrotas e desafios nesse mesmíssimo campo.
E aproveita o novo movimento do Ministério da Saúde para reatingir as metas de cobertura vacinal e o cinquentenário do Programa Nacional de Imunizações (PNI) para mostrar o que precisa mudar se quisermos continuar salvando vidas e o bem-estar social.
Como deixa evidente o empenho de Chloé Pinheiro, essa é uma batalha movida por ciência e paixão. Também podemos fazer parte dela.
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