Dois anos depois do surto de mpox – anteriormente chamada “varíola dos macacos” – que acendeu alertas pelo mundo, a doença tem voltado às manchetes no início de 2024. Uma nova linhagem do vírus, aparentemente mais mortal do que a anterior, tem causado um pico de contágios na República Democrática do Congo e já dá sinais de estar cruzando as fronteiras, afetando também a vizinha República do Congo.
Ainda com o trauma recente da pandemia de Covid-19 na memória, especialistas temem que o avanço da nova linhagem da mpox esteja sendo negligenciado pela comunidade internacional. “Ainda não temos todas as medidas de defesa necessárias”, afirmou Rosamund Lewis, que lidera os esforços contra a mpox na Organização Mundial da Saúde (OMS).
No ano passado, a República Democrática do Congo registrou mais de 650 mortes associadas à mpox, um número que parece em vias de ser superado em 2024: apenas nos dois primeiros meses do ano, já foram 250 mortes pela doença no país.
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A vizinha República do Congo, por sua vez, confirmou em março seus primeiros casos da doença, em nove dos 12 departamentos (estados) do país. Um indício de que a “nova” mpox já está circulando na região, que fica no centro da África.
O que é a mpox – e o que a nova linhagem tem de diferente
A mpox é um tipo de orthopoxvírus originado em animais selvagens, que ocasionalmente infecta humanos. Antes chamada de “varíola dos macacos” ou monkeypox, porque foi estudada primeiro nessa espécie, ela teve seu nome modificado para evitar confusões e preconceitos – a maioria dos contágios humanos vem de outros animais, como roedores.
Em seres humanos, a doença é transmitida principalmente pelo contato de pele com pele que tenha a ferida. Ela não é considerada uma infecção sexualmente transmissível, mas, devido ao contato próximo que ocorre nas relações sexuais, esse pode ser um modo de contágio.
A variante de mpox em circulação na República Democrática do Congo ainda não tem suas características plenamente estudadas. Mas, segundo os números sugerem até aqui, a principal diferença é que ela parece ter uma virulência maior, com mais contágios e maior número de casos graves do que no surto de 2022.
Quais os sintomas de mpox
Embora fotos ilustrativas da mpox em geral mostrem pacientes com várias feridas na pele, a doença nem sempre se manifesta dessa forma: pode ocorrer, inclusive, de a pessoa ter uma única lesão, facilmente confundida com uma espinha ou pelo encravado.
Além das manifestações na pele, a mpox pode provocar febre, dor de cabeça e pelo corpo, fraqueza generalizada e inchaço nos gânglios linfáticos.
Crianças e pessoas com o sistema imune comprometido têm mais risco de enfrentar complicações da doença, que se manifesta de forma branda na maioria dos casos, mas pode causar complicações e morte quando se agrava. Na República Democrática do Congo, 87% das mortes vistas até aqui são em crianças de até 15 anos.
Existe risco dessa linhagem de mpox chegar ao Brasil?
Até onde se sabe, todos os casos dessa linhagem por enquanto estão restritos à região africana onde os contágios têm sido confirmados.
Mas nada impede que o vírus siga a trajetória de outras epidemias e seja levado para mais países por pessoas infectadas que não sabem que têm a doença.
Uma das preocupações da OMS, no momento, é a falta de vacina contra mpox em países africanos.
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Também não há estudos suficientes sobre a eficácia da vacina disponível em crianças que frequentemente enfrentam quadros de desnutrição, como ocorre entre as congolesas. Tudo isso pode criar um cenário em que, diante da escalada de casos de mpox, o vírus se espalhe mais facilmente.
Caso você suspeite que está com sintomas de mpox – de qualquer tipo – procure orientação médica, evite contato próximo com outras pessoas e realize os testes indicados para confirmar um diagnóstico.