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Meningite: crianças e adolescentes precisam de vacina

Surto recente de meningite em região de São Paulo tem gerado medo e dúvidas, como quem deve se vacinar

Por Fabiana Schiavon
Atualizado em 7 out 2022, 18h17 - Publicado em 7 out 2022, 17h31
surto meningite 2022
A letalidade da meningite meningocócica é de 10% em países desenvolvidos e de 20% nos países em desenvolvimento; Vacinação evita a doença (Ilustração: Erika Onodera/SAÚDE é Vital)
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Um surto por meningite meningocócica na zona leste de São Paulo e outros dois óbitos isolados em outros bairros da capital paulista fizeram a população entrar em alerta e correr atrás de imunização.

Especialistas esclarecem que esses casos regionalizados são comuns por todo o Brasil, e o mais importante agora é fazer o básico: manter a carteirinha de vacinação atualizada, conforme o Programa Nacional de Imunizações (PNI).

Segundo o Ministério da Saúde, até o fim de setembro o país registrou 702 óbitos pela doença. No ano passado, foram 793. A vacinação, que tem crianças e adolescentes como alvos, vai a passos lentos: a cobertura deste ano está em 52%, longe da meta de 95%.

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“É comum termos uma média de 3 mil casos por ano. O que houve nesses bairros de São Paulo também ocorreu em outras regiões do país recentemente, e sempre acontecerá. Por isso, a recomendação é mesma: manter a vacinação atualizada”, esclarece o pediatra Renato Kfouri, presidente do departamento científico de imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).

Agora, um detalhe importante: quando há surto, adultos e idosos da região acometida também entram na prioridade do SUS de vacinação.

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Por ser uma doença endêmica (ela circula o ano todo em um país, com volume esperado de casos e óbitos), a meningite é de notificação compulsória – ou seja, as autoridades precisam saber quem ficou doente e quando e, aí, agir.

“Ao identificar casos pelo mesmo sorotipo em um único lugar, que pode ser uma creche ou um bairro, é preciso medicar e fazer vacinação de bloqueio em todos os contatos próximos”, explica Raquel Xavier de Souza Saito, enfermeira da Unidade de Vigilância em Saúde de São Paulo e coordenadora e professora na Faculdade Santa Marcelina.

+ Leia também: Meningite e desinformação: páginas que o Brasil precisa superar

Vale lembrar que a meningite é uma infecção das membranas que recobrem o cérebro (as meninges). Ela afeta toda a região e dificulta o transporte de oxigênio às células do corpo. A doença pode evoluir rapidamente, em especial entre crianças e adolescentes, levando a perda dos sentidos, além de gangrena dos pés, pernas, braços e mãos.

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Há vários tipos da doença que são transmitidos por vírus e fungos, mas a mais grave é a meningite meningocócica, justamente sobre a qual falamos aqui. Ela é deflagrada por diferentes sorotipos da bactéria Neisseria meningitidis, também conhecida por meningococo. Esses subtipos são: A, B, C, W e Y.

Outras bactérias também desencadeiam a meningite. Estamos falando de micro-organismos como Streptococcus pneumoniae e o Haemophilus influenza tipo B.

+ Leia também: Projeto reúne diferentes grupos para subir índices de vacinação

Por que os casos têm aumentado?

“Na década de 1960, a meningite dizimou crianças. Mas não faz sentido entrar em pânico hoje, já que agora é uma doença prevenível por vacina”, pontua Alexandre Cunha, médico infectologista e vice-presidente da Sociedade de Infectologia do Distrito Federal.

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O problema é que os anos de boa adesão à vacinação ficaram no passado, e é isso que preocupa os especialistas.

Raquel reforça que é comum receber casos de meningite no SUS, mas ela entende que a baixa cobertura vacinal está abrindo portas para a doença se alastrar. “O prolongamento do outono-inverno também colaborou para o aumento da transmissão”, observa a enfermeira.

Quem deve se vacinar e quais são os imunizantes disponíveis?

A retomada da imunização é importante para proteger a população contra a meningite e também outras doenças graves, como a poliomielite. Então, mais uma vez, a melhor atitude é checar a carteirinha de vacinação ou buscar um posto de saúde se perdeu o documento.

O SUS disponibiliza três doses da vacina meningocócica C na infância: aos 3 e 5 meses, e um reforço aos 12 meses, que pode ser aplicado até antes de completar 5 anos. Para adolescentes, uma dose da vacina quadrivalente age contra os sorotipos A,C,W e Y, e é oferecida entre os 11 e 12 anos.

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Entenda que mesmo quem se vacinou quando bebê precisa desse reforço na adolescência, já que falamos de diferentes sorotipos. Esse imunizante mais completo foi aprovado pela Anvisa no ano passado e, por isso, ainda não chegou para todo mundo.

+ Leia também: Adolescentes são principais transmissores da meningite

“Aos poucos, a quadrivalente, que é mais recente, vai substituir as doses daquela que combate apenas o tipo C. Como ainda há doses dessa vacina antiga, elas serão aplicadas nos bebês. Agora, claro, se a pessoa tiver condições de pagar a imunização mais completa, pode procurar uma clínica de imunização”, explica Kfouri.

O pediatra lembra, ainda, que o tipo C da meningite meningocócica é o mais prevalente. Então, é muito importante receber essa vacina.

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Outro lembrete: nunca é tarde demais para se imunizar. “Essa informação vale para qualquer vacina. Se a pessoa perdeu alguma injeção no prazo indicado, sempre dá tempo de colocar a imunização em dia. Com ou sem a carteirinha, é possível se informar e atualizar suas doses”, destaca Cunha.

Adultos só precisam correr atrás da imunização contra meningite quando estão em uma região de risco, como é o caso dos bairros de Aricanduva e Vila Formosa, em São Paulo. Segundo a prefeitura da capital paulista, foram vacinadas 19 790 pessoas com doses da meningocócica C e da ACWY nesses bairros até o momento.

 

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