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Ida ao trabalho explicaria maior concentração de Covid-19 em bairros de SP

Estudo feito na capital paulista sugere que os deslocamentos para o trabalho estão entre as grandes causas de transmissão do novo coronavírus

Por Maria Fernanda Ziegler (Agência Fapesp)
Atualizado em 15 jul 2020, 10h16 - Publicado em 14 jul 2020, 19h14
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  • Existe uma forte relação entre a circulação de pessoas que precisaram trabalhar durante a pandemia e as áreas da cidade de São Paulo com maior concentração de casos do novo coronavírus (Sars-CoV-2). Bairros como Cidade Ademar, Brasilândia, Sapopemba e Capão Redondo, que apresentam o maior número de internações na cidade, coincidem com aqueles cujos moradores não puderam permanecer em casa durante o período de quarentena.

    “Os trabalhadores essenciais, da área da saúde e de abastecimento, ou aqueles que precisaram trabalhar para manter a renda, como é o caso de muitas empregadas domésticas, estão mais expostos ao risco de morte ou de serem infectados. E a maior parte desses trabalhadores é usuária do transporte público”, diz Raquel Rolnik, uma das coordenadoras do Labcidade, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP).

    O estudo liderado por Rolnik, realizado em parceria com o Instituto Pólis, correlacionou informações de hospitalizações do DataSUS, da companhia de transportes São Paulo (SPTrans) e da pesquisa Origem Destino. Ele detectou que as linhas de ônibus com maior movimentação de passageiros durante a quarentena tinha origem ou destino nos bairros de Capão Redondo, Jardim Ângela, Brasilândia, Cachoeirinha, Sapopemba, Iguatemi, Cidade Tiradentes, Itaquera e Cidade Ademar. Outro ponto crítico da cidade é a região central, por onde passam quase todas as linhas de ônibus, além de ser o destino de muitos trabalhadores.

    Mais circulação com a abertura

    Os pesquisadores veem com preocupação a reabertura gradual de serviços e comércio na cidade. “O objetivo desse estudo é servir como base científica para auxiliar na formulação de políticas públicas. Com a abertura do comércio e o afrouxamento da quarentena, a consequência evidente é uma movimentação maior de pessoas. Portanto, o esperado é que o impacto na transmissão da doença também cresça”, argumenta Rolnik. “Compreendo que a abertura das novas fases de retomada da economia é baseada na capacidade do sistema de saúde poder atender a população doente e na ocupação de leitos de UTI. São medições importantes, que devem ser levadas em conta, mas existem outras que também precisam ser consideradas”, completa.

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    A especialista ressalta que a base de trabalhadores desse setor de serviços que está voltando a funcionar coincide com a que estava se contaminando mais. “Estamos falando do mesmo grupo social que vai circular sem nenhuma medida adicional de proteção nesse trajeto da casa para o trabalho”, lamenta.

    De acordo com a pesquisadora, o mapa com as áreas de maior contágio na cidade mostra algo perverso. “Aparece muito claramente uma divisão entre aqueles que ficaram em isolamento social, realizando um teletrabalho, e aqueles que precisaram sair para trabalhar”, conclui.

    Este conteúdo é da Agência Fapesp. Veja a versão completa aqui.

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