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O guia dos pés saudáveis (e sem dor)

Aprenda a conhecê-los direito, respeitá-los e, claro, conservá-los sem aperto

Por Chloé Pinheiro
Atualizado em 3 fev 2020, 18h09 - Publicado em 7 jun 2018, 10h30
cuidados com os pés
Os pés precisam receber mais atenção. (Ilustração: Rodrigo Damati/SAÚDE é Vital)
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Se tem alguém que vai aguentar você o resto da vida é ele. Ou melhor, eles. Acontece que nem sempre damos bola aos nossos pés. E há várias características e situações que merecem ser conhecidas para não descuidarmos deles — o que pode servir de pontapé inicial para dores, cansaço, má postura

Para começar: você sabia que é comum ter um pé maior que o outro? É o que mostra uma pesquisa realizada pelas Pés Sem Dor, fabricante de palmilhas que analisou as medidas de 37 mil brasileiros. Mais de 90% das pessoas tinham uma diferença ao menos milimétrica entre os pés esquerdo e direito, sendo que em quase 30% a variação era mais significativa — até 2 centímetros.

Isso não é motivo de alarde, mas deveria pesar na hora de escolher o sapato, por exemplo. E não é só tamanho. O formato dos pés, o tipo de sola, a pisada… Em tese, essas características individuais têm de ser levadas em conta para os pés (e você) não penarem depois.

Tamanho é documento

Os pés esquerdo e direito podem ter comprimentos discretamente diferentes por razões genéticas ou mesmo traumas. Se isso não for significativo, não vai alterar a mecânica do movimento. Ainda assim, o número do calçado influencia no conforto das pisadas. “Ocorre que geralmente compramos o calçado de acordo com o pé menor, o que pode causar incômodo e, no longo prazo, favorecer problemas como joanetes”, aponta Mateus Martinez, diretor de fisioterapia da Pés Sem Dor.

Descubra o tamanho correto para cada tipo de calçado:

Sapato Social: O correto é que ele seja 0,7 cm maior que o pé, tendo um espacinho entre a sua ponta e o dedão. A flexibilidade também é importante. Se for duro e apertado, é quase certo que vai gerar dor, bolhas e calos.

Tênis: O modelo ideal tem 1,5 cm a mais que o pé. Essa folga permite que ele se acomode e absorva impactos. Mas cuidado com os modelos largos, que afetam a estabilidade e favorecem lesões. E evite aqueles com amortecedores gigantes.

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Cada um com a sua pisada

O jeito que o pé toca no chão é determinado por estruturas normalmente consolidadas na infância — e influenciadas por um estilo de vida mais ou menos ativo. “Pisadas pronadas ou supinadas demais nos preocupam, pois afetam não só os pés, mas também as articulações dos tornozelos, joelhos e quadril”, observa o educador físico Júlio Serrão, professor de biomecânica da Universidade de São Paulo. Calçados e palmilhas visam corrigir os desequilíbrios e prevenir problemas futuros.

(Ilustração: Rodrigo Damati/SAÚDE é Vital)

Com a manutenção em dia

Nossos meios naturais de transporte precisam de cuidados constantes. Entra na lista não só a higiene básica como também estímulos para que a musculatura e a circulação sanguínea fiquem devidamente ativas. Permanecer um tempinho descalço ajuda a manter o pé firme para suportar impactos por mais tempo, sem contar que o hábito dá uma arejada na região, que costuma viver presa na umidade e na escuridão dos calçados.

Alguns cuidados básicos que você deve ter:

Unhas aparadas: O certo é cortá-las em formato reto, sem que os cantos, especialmente os do dedão, fiquem arredondados, e sempre preservar a cutícula ao redor.

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Lava e seca: Depois da água e do sabão, certifique-se de que os dedos estão bem secos passando a toalha entre eles. Se o pé sua demais, dá para recorrer a talcos.

Sessão de massagem: Pressionar os pés com os dedos das mãos facilita o retorno do sangue para o coração. Bolinhas massageadoras completam a tarefa trabalhando a musculatura local.

Os cuidados devem começar na infância

A genética explica em parte por que algumas pessoas pisam torto ou têm o arco do pé mais ou menos proeminente. Mas o estilo de vida e os estímulos contam muito nessa história — desde a infância! Um bom exemplo disso é o pé chato, situação em que o arco do pé, desenhado quando somos crianças, tem uma curvatura muito tímida. Segundo os especialistas, o quadro vem se tornando cada vez mais comum.

“Hoje as crianças brincam menos tempo descalças e usam calçados antes mesmo de começar a andar, o que prejudica o desenvolvimento natural dos pés”, avalia o professor. Uma das recomendações para prevenir ou corrigir o pé chato da infância é andar descalço na areia, no gramado, em casa…

Estímulos de mais ou de menos também impactam a vida adulta. O uso constante de saltos altos, calçados inadequados e o do próprio sedentarismo tendem a repercutir nos nossos pilares de sustentação, explicando a presença de dores, fadiga e outros chabus que não se restringem aos pés. Como dá para perceber, hábitos e escolhas diárias fazem total diferença.

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Estar ciente disso é importante para as próximas escolhas na loja de tênis e sapatos — especialmente se você já tem algum incômodo ou problema ao pisar. “Mas nem sempre o calçado, por mais caro que seja, vai resolver as coisas”, adverte Serrão. O ideal é buscar aconselhamento com um profissional para saber que modelo faz sentido no seu caso. Até porque às vezes parte da solução está numa palmilha, em sessões de fisioterapia…

Investir nessa avaliação e orientação — em vez do último lançamento do tênis do mercado — ajuda a flagrar e contornar alterações ortopédicas que podem virar problemas crônicos e afetar até a coluna e aí o tratamento fica muito mais complicado”, avisa Serrão. Pois é, o cuidado começa mais embaixo.

Por baixo de tudo

O arco plantar, que dá a curvatura da sola, termina de se desenvolver aos 12 anos de idade e atua como um amortecedor. Toda vez que pisamos no chão, a curva se deforma para distribuir melhor a carga pelo resto do aparelho locomotor. Da mesma maneira que ocorre com a pisada, alterações extremas aqui são prejudiciais. A estrutura tende a sofrer com o avançar da idade e por influência de outros fatores, como excesso de peso.

(Ilustração: Rodrigo Damati/SAÚDE é Vital)

O que fazer diante das chateações mais comuns lá nas bandas dos pés

Unha encravada: O corte influencia, mas alguns azarados estão predispostos a sofrer mais com ela. Nesse caso, é melhor resolver direto com um especialista.

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Micose: Vários fungos vivem e aprontam nos pés, causando de manchas nas unhas a frieiras. Todos adoram a umidade dos calçados fechados. Procure arejar as coisas.

Calos: Surgem como defesa contra o atrito entre osso, pele e superfícies externas. São inofensivos, mas exigem um olhar médico se afetarem a pisada.

Chulé: Manter os pés limpos e arejados já ajuda a reduzir o odor, produzido pela mistura entre bactérias e suor. Para casos graves, existem produtos específicos.

Joanete: A deformação é provocada por décadas de calçados apertados. Dá para amenizar o risco preferindo pares mais macios e deixando os pés livres às vezes.

FONTES CONSULTADAS: Ana Paula Ribeiro, fisioterapeuta e coordenadora do Laboratório de Biomecânica e Reabilitação Musculoesquelética da Universidade de Santo Amaro, em São Paulo; Roberto Rached, médico fisiatra do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo; Tatiana Gabbi, dermatologista da Sociedade Brasileira de Dermatologia.

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