Tudo leva a crer que a poluição atmosférica mexe mesmo com a fertilidade. E até o balanço entre população masculina e feminina está em xeque: em um trabalho brasileiro, médicos da Universidade de São Paulo (USP) cruzaram os registros de nascimento e os níveis de poluentes de vários pontos da capital. As regiões com índices piores tinham menos meninos vindo ao mundo.
“A poluição está afetando a seleção darwiniana. Toda espécie de mamífero tem de ter 52% de machos para 48% de fêmeas, porque o macho morre mais”, explica o urologista Jorge Hallak, de São Paulo. Mas não para por aí, viu? Uma nova revisão atribui a fatores como a poluição a queda de mais de 50% na quantidade de espermatozoides verificada em ocidentais nos últimos 40 anos.
Para piorar, o excesso de barulho também entraria na jogada. Tal hipótese foi reforçada este ano com um estudo sul-coreano que apontou, com base em dados de 206,5 mil homens, uma associação direta entre exposição a ambientes ruidosos e um maior risco de infertilidade.
João Pedro Junqueira Caetano, presidente da Sociedade Brasileira Reprodução Humana, ressalta que é cedo demais para bater o martelo. “Se fosse assim, quem mora no 2º andar seria menos fértil do que quem mora no 12º. É absurdo”, critica.
Hallak, por sua vez, afirma que o problema dos ruídos é o estresse. “Sabemos que o estresse crônico leva a mudanças hormonais que impactam nos óvulos e nos espermatozoides”, diz. Na dúvida, procure evitar, quando possível, locais barulhentos.