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Entenda o que é o câncer colorretal, diagnosticado em Preta Gil

Estudo aponta que entre os 14 tipos de câncer em ascensão, oito são do aparelho digestivo

Por Fernanda Bassette, da Agência Einstein*
Atualizado em 25 abr 2023, 14h17 - Publicado em 16 jan 2023, 12h56
câncer de intestino
Preta Gil foi diagnosticada com câncer de intestino, comum antes dos 50 anos. (Foto: Instagram/Divulgação)
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A cantora Preta Gil, de 48 anos, anunciou recentemente que recebeu um diagnóstico de câncer de intestino, localizado na porção final do canal digestivo. A doença, também chamada de câncer colorretal, é cada vez mais comum entre adultos com menos de 50 anos e se junta a outros 14 tipos de tumores que estão em ascensão, segundo estudo da Universidade de Harvard e publicado na revista científica “Nature Reviews Clinical Oncology” em setembro de 2022.

Segundo o trabalho, que fez uma extensa revisão de estudos sobre diagnósticos de câncer em 44 países, oito dos 14 cânceres que estão aumentando entre os adultos com menos de 50 anos são do aparelho digestivo: colorretal, esôfago, ducto-biliar, vesícula biliar, cabeça e pescoço, fígado, pâncreas e estômago.

Apesar de reconhecerem que esse crescimento nos casos se deve, em parte, a um maior acesso aos métodos diagnósticos pelos pacientes, os autores afirmam que as evidências mostram também uma influência determinante da exposição a fatores de risco, entre eles: consumo de álcool e alimentos processados, tabagismo, sedentarismo e obesidade.

Segundo os pesquisadores, as mudanças nos hábitos de vida, particularmente na alimentação, fizeram com que o risco de ter câncer antes dos 50 aumente a cada geração.

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O câncer colorretal

O câncer de intestino (ou colorretal) abrange os tumores que se iniciam na parte do intestino grosso (cólon), na porção final do intestino (reto) e no ânus. Segundo as estimativas do Instituto Nacional de Câncer (Inca), quase 46 mil novos casos da doença devem ser diagnosticados por ano no Brasil.

Nos Estados Unidos, por exemplo, entre os anos de 1998 e 2015, houve um aumento de 63% no número de casos de câncer colorretal, segundo dados do SEER (Surveillance Epidemiology and End Result).

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Os principais sintomas são alterações nos hábitos intestinais (com prisão de ventre ou diarreia); dor abdominal; fezes com presença de sangue e/ou alteração no formato (que ficam mais finas e alongadas).

Em geral, esses sintomas só costumam aparecer quando a doença está num estágio mais evoluído – dados do Radar do Câncer, que usa com base as informações do DataSUS, apontam que 74,94% dos pacientes que receberam diagnóstico de câncer colorretal em 2022 estavam com o tumor avançado.

Apesar de os fatores de risco e os sintomas serem basicamente os mesmos, existem diferenças no tratamento do câncer de cólon e no de reto.

+ Leia também: As fezes revelam muito sobre a sua saúde

Segundo o oncologista Rodrigo Nogueira Fogace, do Hospital Israelita Albert Einstein de Goiânia, quando é diagnosticado precocemente e não há metástase, o tratamento do câncer de reto envolve a realização de quimioterapia associada à radioterapia e, posteriormente, cirurgia. No caso do câncer de intestino tradicional, a recomendação é a realização da cirurgia primeiro e, depois, os ciclos de quimio e radioterapia.

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“A cirurgia é sempre necessária. O objetivo é preservar a funcionalidade do reto para que o paciente não precise usar uma bolsa de colostomia para sempre. Por isso, a importância do diagnóstico precoce. Quanto mais cedo descobrirmos, melhores os resultados cirúrgicos e menor o risco de precisar de colostomia”, destacou Fogace.

Diagnóstico e rastreamento

Grande parte dos tumores colorretais se inicia a partir de pólipos, que são lesões benignas que crescem na parede do intestino, mas podem se transformar em câncer, caso não sejam removidas. A biópisa é fundamental para determinar se aquele pólipo era pré-maligno ou não. E o diagnóstico precoce é essencial para o sucesso do tratamento.

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De acordo com o Inca, a Organização Mundial da Saúde (OMS) preconiza a realização do rastreamento do câncer de cólon e reto em pessoas acima de 50 anos, por meio do exame de sangue oculto de fezes.

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Caso o teste seja positivo, a pessoa deverá fazer uma colonoscopia ou retossigmoidoscopia para retirada dos pólipos. Mas, diante do crescente aumento de casos, desde 2021, a Sociedade Americana de Câncer recomenda a realização da colonoscopia de rotina para todos os adultos a partir dos 45 anos, mesmo sem sintomas.

A colonoscopia é o exame padrão-ouro para diagnóstico e, segundo Fogace, deve ser repetida a cada cinco anos se não forem encontrados pólipos ou anualmente, caso o exame constate a presença de pólipos. “Todo pólipo é benigno, mas alguns deles podem vir a se tornar câncer no futuro. Por isso a realização desse exame é tão importante”, disse.

O câncer colorretal é o terceiro tipo mais comum no Brasil. “Esse é um tumor que vem ganhando a atenção no mundo todo, foi destaque no último congresso americano de oncologia. Não é um câncer banal e existe forma de diagnosticá-lo, bem como fazer o tratamento precocemente. A gente se preocupa tanto com rastreio do câncer de mama e de próstata, não podemos nos esquecer do colorretal”, finalizou Fogace.

*Esse texto foi publicado originalmente pela Agência Einstein

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