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Durateston: bula, para que serve, riscos e como tomar

Medicamento é indicado para o diagnóstico comprovado de deficiência de testosterona (hipogonadismo), mas há abuso para fins estéticos. Veja reações adversas

Por Lucas Rocha
18 jan 2024, 18h05
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Durateston deve ser utilizado apenas para tratamento de deficiência de testosterona (Foto: wirestock/Freepik)
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A reposição de testosterona pode ser realizada com a utilização de um medicamento chamado durateston. O tratamento é indicado especificamente para pessoas que apresentam o diagnóstico de deficiência hormonal, quadro clínico chamado hipogonadismo.

Com o avanço da idade, há uma queda na produção de testosterona no organismo do homem. Entre os sintomas estão diminuição do desejo sexual, perda de qualidade da ereção, disfunção erétil, irritabilidade, aumento da gordura abdominal e diminuição da massa muscular, além da perda de força e disposição.

O diagnóstico da condição é clínico e laboratorial. Nesses casos, o médico pode prescrever o tratamento com o medicamento durateston, comercializado apenas com receita. Infelizmente, há quem abuse desse remédio para fins estéticos – o que é um problema, inclusive por causa das reações adversas.

Saiba mais sobre as indicações do durateston, o que ele é, os efeitos colaterais e a bula:

O que é o durateston

Durateston é um medicamento injetável composto por quatro ésteres, que são compostos orgânicos, de testosterona. São eles: propionato de testosterona, fenilpropionato de testosterona, isocaproato de testosterona e decanoato de testosterona.

“Os ésteres vão fazer com que aumentem os níveis de testosterona no indivíduo. O medicamento é indicado principalmente para o tratamento do hipogonadismo, quando existe uma deficiência da produção de testosterona no homem”, afirma Paulo Rosenbaum, médico endocrinologista do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo.

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+ Leia também: Com prescrição proibida, anabolizantes podem causar efeitos irreversíveis

Para que serve o durateston

A queda na produção da testosterona está relacionada a diversos impactos no funcionamento do organismo do homem, como descrevemos anteriormente.

“O hipogonadismo pode ser primário ou secundário. O primário é quando a causa da deficiência de testosterona surge de uma falta de produção do hormônio pelos testículos. O secundário é quando o hipotálamo, que estimula os testículos, não vai estimular as glândulas a produzirem a testosterona”, detalha Rosenbaum.

O presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) Paulo Miranda explica que as causas são diversas. “Vão desde tumores hipofisários, condições genéticas, má formações congênitas, procedimentos cirúrgicos, uso de medicamentos ou drogas, traumas e funcionais”, enumera.

Mesmo quando a utilização do durateston se justifica, o acompanhamento próximo é fundamental, porque há alguns riscos. “Seu uso pode estar associado a formação de trombos, infecções no local das aplicações e aumento da próstata”, diz Miranda. “A monitoração dos níveis de testosterona deve ser regular, e acompanhado por um médico com formação adequada no tratamento desses pacientes”, arremata Miranda.

+ Leia também: O perigo do uso de anabolizantes

Riscos da utilização inadequada da terapia hormonal

A terapia hormonal com testosterona é utilizada inadequadamente com objetivos de ganho de massa muscular e melhora do desempenho esportivo, mesmo sem falta de testosterona. Essa é uma atitude expressamente contraindicada pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).

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Uma resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM) de 2023 proibiu a prescrição desses medicamentos com finalidade puramente estética. O CFM destaca que não existem estudos clínicos de boa qualidade que demonstrem a magnitude dos riscos do uso indiscriminado para homens e mulheres. Além disso, ressalta a ausência de comprovação científica da necessidade da terapia hormonal com testosterona para a mulher.

A utilização de medicamentos como o durateston sem prescrição e acompanhamento médico representa um risco para a saúde, como explica o endocrinologista Ricardo Barroso, diretor da SBEM Regional São Paulo. “O uso em dose extremamente alta pode levar a várias complicações metabólicas”, destaca.

Alterações de colesterol e pressão arterial, danos na musculatura cardíaca e aumento na incidência de risco cardiovascular e doenças cardíacas estão entre os efeitos colaterais. A diminuição da produção de espermatozoide, que compromete a fertilidade, e e atrofia testicular também.

E ainda há mudanças comportamentais, como irritabilidade e oscilação de humor. “Os efeitos ocorrem principalmente com o uso abusivo dessas substâncias, tanto por doses altas quanto por um tempo prolongado”, afirma Barroso.

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Prescrição de terapia hormonal para ganho de massa e fins estéticos é proibida pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) (Foto: Drazen Zigic/Freepik)

A aplicação indiscriminada de testosterona também pode provocar aumento de acne, queda de cabelo, retenção de líquido no corpo e doenças nos rins, incluindo hepatite medicamentosa, insuficiência hepática e câncer.

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Para mulheres, os riscos descritos pela SBEM incluem o surgimento de características masculinas no corpo, como aumento de pelos, engrossamento da voz, crescimento do clitóris, irregularidade ou interrupção da menstruação e diminuição dos seios.

Vale destacar ainda que circulam no mercado ilegal unidades falsificadas do medicamento durateston. Em 2023, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determinou a apreensão de produtos falsificados e emitiu um alerta.

Produtos falsificados podem ser altamente tóxicos para o organismo. “Sabemos que medicações vendidas irregularmente têm um risco elevado de conter outras substâncias que não as indicadas em rótulo. Os efeitos adversos e riscos são imprevisíveis e podem levar até a morte”, alerta Miranda.

Formas de administração

Voltando ao uso correto da medicação: a correção do déficit de testosterona.

“A forma de administração do durateston é injetável por via subcutânea, em um intervalo curto”, diz Rosenbaum. A administração pode ser realizada de forma segura em farmácias que oferecem serviço de aplicação de medicamentos injetáveis.

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Converse com um médico.

+ Leia também: Sociedades médicas voltam a destacar riscos do chip da beleza

Posologia e dosagem

A prescrição de dosagem e posologia é estabelecida de maneira personalizada, de acordo com a recomendação médica para cada caso.

“A indicação habitual é de uma ampola a cada 15 dias, mas deve ser individualizada a partir do acompanhamento médico e laboratorial”, afirma Miranda.

A dose da ampola é única e, geralmente, não há necessidade de fracionamento. “A não ser em situações específicas, como no tratamento inicial de adolescentes com diagnóstico de hipogonadismo”, acrescenta.

O tempo de uso varia, porém, muitas vezes, é feito pelo resto da vida.

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Bula durateston

Antes de utilizar qualquer medicação, é recomendável a leitura da bula.

O documento reúne informações sobre modo de usar, posologia, armazenamento, possíveis efeitos colaterais e contraindicações.

Acesse a bula do durateston disponibilizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aqui.

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