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Dos hormônios ao coração: quatro notícias quentes de um congresso médico

Uso de remédio para a gota contra o infarto e indicação de terapia de reposição hormonal foram alguns dos temas debatidos no encontro

Por Fabiana Schiavon
8 nov 2021, 19h08
mortes por doenças cardiovasculares
Evento abordou temas comuns à endocrinologia e à cardiologia, como reposição hormonal e controle de colesterol. (Foto: Alex Silva/A2 Estúdio)
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Endocrinologistas e cardiologistas, cujos caminhos estão frequentemente conectados, reuniram-se há pouco no evento médico Diacordis para trocarem experiências e se atualizarem. Entre várias discussões, quatro temas se destacaram – e eles podem ter impacto importante no dia a dia de muita gente. Confira:

Reposição hormonal para eles e para elas: quando fica perigoso?

Esse tipo de tratamento deve ter indicação correta e durar um tempo determinado. Quando fatores como esses não são respeitados, o coração fica ameaçado.

Para as mulheres, a reposição de hormônios vira assunto durante a menopausa, já que ela é capaz de reduzir sintomas incômodos típicos dessa fase, a exemplo das famosas ondas de calor (os fogachos), ganho de peso e mudanças de humor. Alguns estudos, porém, chegaram a relacionar essa terapia a um maior risco de câncer de mama e doenças cardiovasculares, levando o público feminino a ter dúvidas sobre as vantagens da reposição.

Com o tempo, os médicos foram percebendo que, na verdade, o tratamento deixa de ser bem-vindo quando dura mais de dez anos. Ou seja, é preciso saber a hora certa de parar. 

“A reposição é benéfica para o coração e para a prevenção da osteoporose no período em que a menstruação começa a falhar e os sintomas aparecem. Perto dos 60 anos, porém, o jogo muda, aí a saúde cardíaca entra em risco”, alerta o endocrinologista Carlos Eduardo Barra Couri, pesquisador da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP), e organizador do Diacordis.

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Em relação aos homens, a questão é mais complexa. A queda nos níveis de testosterona, conhecida popularmente como andropausa, não é um processo pelo qual todos eles necessariamente passam – ao contrário da menopausa para o sexo feminino. “Essa terapia só deve ser utilizada quando há realmente deficiência do hormônio no corpo deles. Do contrário, há risco de infarto, AVC e de desenvolvimento de tumores”, alerta Couri.

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Cabe lembrar que muitos marmanjos vão ao consultório em busca desse tipo de tratamento para finalidades estéticas e melhora de performance esportiva, o que pode ser perigoso.

Aliás, isso não é exclusividade do sexo masculino: tem mulher que também procura a testosterona por motivos semelhantes. “Nelas, é natural ter índices reduzidos do hormônio masculino. A única indicação para optar pela reposição é em caso de transtorno do desejo sexual hipoativo”, explica o endocrinologista. O quadro é caracterizado por uma perda ou queda brusca no desejo de transar sem causa conhecida.

Quando elas utilizam a testosterona de forma arbitrária, podem notar consequências como engrossamento da voz, surgimento de acne, queda de cabelo e aumento do clitóris, além de apresentarem maior risco de alguns tipos de câncer.

Para Couri, é normal que as pessoas ouçam sobre esses tratamentos e fiquem interessadas. “Mas cabe ao profissional ser o guardião da boa prática médica e explicar os efeitos deles”, pondera.

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Vacina da gripe reduz risco de um novo infarto

Já se sabe que o imunizante contra a gripe também é valioso para o coração. Isso porque ele previne uma infecção, causada pelo vírus influenza, capaz de alterar a frequência cardíaca, sobrecarregar o coração e levar a danos nas artérias. Ainda há risco de a pessoa gripada contrair pneumonia, quadro que gera maior complicação em quem já tem um problema cardiovascular.

Um estudo recente traz mais evidências dos benefícios da vacina. Nele, foram avaliados pacientes internados após um infarto. Depois da saída da UTI, parte deles recebeu o imunizante e a outra metade, não.

“Todos tiveram os mesmos cuidados e foram acompanhados ao longo de um ano. Após esse período, quem tomou a vacina apresentou 41% menos risco de morrer. Esse resultado fez com que a imunização passasse a integrar o protocolo dos internados por infarto”, relata Couri.

+ LEIA TAMBÉM: Vacina contra a gripe protege o coração

Remédio para gota protege contra eventos cardiovasculares

Um antigo anti-inflamatório utilizado contra a gota, a colchicina, pode ser indicado para a prevenção de doenças cardíacas entre alguns pacientes. A orientação vem da Sociedade Europeia de Cardiologia desde o ano passado, mas nem todos os médicos estão cientes da novidade, segundo Couri.

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“O remédio é recomendado para evitar a recorrência de infarto entre quem já passou pelo problema. Ele é seguro e tem um custo baixíssimo”, afirma o endocrinologista.

Um adendo: embora a colchicina tenha sido usada para tratar pessoas com Covid-19, não há pesquisas de grande porte confirmando esse efeito.

Colesterol: alerta para a baixa adesão ao tratamento

Ter um alto índice de colesterol ruim, o LDL, é um dos principais fatores de risco para infarto e derrame. E, infelizmente, essa é uma condição que acomete quatro em cada dez brasileiros. Agora, pior do que a incidência alarmante do problema é a baixa adesão a tratamentos, outro tema debatido durante o evento.

Couri lembra que, décadas atrás, as metas de colesterol até eram mais elevadas, mas estudos vêm comprovando que, quanto mais baixo esse índice, mais seguro fica para o coração. A definição dos limites depende da idade do paciente e de outros fatores, como presença de obesidade, diabetes, pressão alta etc.

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+ LEIA TAMBÉM: Gota: da prevenção ao tratamento

Na hora de tratar, é comum que a prioridade seja a mudança de hábitos, como melhora da alimentação e prática de exercícios. Couri ressalta, no entanto, que os novos comportamentos nem sempre são o suficiente.

“Estudos apontam que a maioria das pessoas no mundo está fora das metas adequadas e precisa de medicação para proteger o coração. Há diversas opções bastante acessíveis na rede pública e nas farmácias”, pontua o endocrinologista.

Na visão do especialista, a cultura de não combater o colesterol ruim vem da resistência do paciente em relação a medicamentos de uso contínuo e também da inércia médica. “Mas sabemos que esse tratamento é um marco da prevenção de doenças cardiovasculares. Precisamos ser mais agressivos para ficar dentro das metas”, afirma Couri.

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