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Diabetes tipo 5: o que diz o primeiro consenso sobre nova doença que afeta milhões

Prevalente em indivíduos com histórico de desnutrição e baixo peso, a condição foi reconhecida neste ano por instituição científicas e médicas internacionais

Por Larissa Beani Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 18 set 2025, 07h23 - Publicado em 17 set 2025, 19h49
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A resistência à insulina provoca descontrole nos níveis de glicemia está associada a fatores genéticos e ambientais, sendo agravada por questões de estilo de vida como obesidade e sedentarismo (Freepik/Freepik)
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Setenta anos depois de ter sido proposto pela primeira vez, o diabetes tipo 5 foi finalmente reconhecido pela classe médica e científica.

Em artigo publicado no prestigiado periódico The Lancet Global Health, uma equipe internacional de pesquisadores publicou o primeiro consenso sobre a classificação dessa nova forma de diabetes — que afeta no mínimo 25 milhões de pessoas ao redor do mundo, segundo estimativas.

Em janeiro, os 39 signatários do consenso se encontraram em Vellore, cidade no sul da Índia, para discutir a necessidade de reconhecer essa condição negligenciada, que se manifesta principalmente em pessoas que passaram por graves episódios de desnutrição nos primeiros anos de vida.

O resultado desse encontro foi divulgado em abril, durante o Congresso Mundial do Diabetes, realizado na Tailândia pela Federação Internacional do Diabetes (IDF), e foi chamado de Declaração de Vellore. O documento atesta, de forma inédita, a existência do diabetes tipo 5.

Nesta quarta-feira (17), os médicos dão mais um passo na consolidação do tema ao publicarem um novo consenso que reúne evidências e padrões observados entre pacientes com a doença e também aponta quais são as lacunas que ainda existem sobre este problema de saúde.

“A Declaração de Vellore apela à comunidade internacional de diabetes para que reconheça formalmente esta entidade negligenciada, que provavelmente afeta a qualidade e a longevidade de milhões de pessoas em todo o mundo”, escrevem os autores do artigo.

Na conclusão do texto, eles pedem para que a condição ganhe a devida atenção. “Incentivamos organizações internacionais como a IDF [Federação Internacional de Diabetes] e a OMS [Organização Mundial da Saúde] a promoverem mais pesquisas sobre o fenótipo, a fisiopatologia e o tratamento do diabetes tipo 5″, rogam.

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+ Leia também: Maioria dos brasileiros com diabetes não controla a doença, diz The Lancet

O que é o diabetes tipo 5?

Descrita pela primeira vez em 1955, a doença é uma forma de diabetes observada principalmente em pacientes jovens, abaixo do peso (com IMC inferior a 18,5) e com histórico de desnutrição intrauterina (isto é, que não receberam nutrientes adequados ainda no útero da mãe).

Em 1985, a OMS chegou a reconhecer a existência de um “diabetes associado à desnutrição”, mas, em 1999, a entidade voltou atrás por falta de evidências que comprovassem que a insegurança alimentar fosse um fator de risco decisivo para a doença.

Agora, finalmente, pesquisas mais recentes evidenciam que o problema é uma condição singular, diferente dos outros tipos de diabetes já descritos.

Segundo estudos que avaliaram a fisiologia da doença — ou seja, como ela se desenvolve física e quimicamente no nosso corpo —, pacientes com diabetes tipo 5 tem baixas concentrações de peptídeo C (um importante marcador do bom funcionamento da produção de insulina), secreção de insulina prejudicada, mas sensibilidade normal à substância. Isso a diferencia da diabetes tipo 2.

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Além disso, as concentrações de insulina vistas em pacientes com o tipo 5 não são tão baixas quanto aquelas apresentadas em pacientes com diabetes tipo 1 — o que a separa também dessa forma autoimune da doença. Hiperglicemia moderada a grave é, inclusive, um dos traços da nova forma de diabetes.

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Impacto social

O meio em que o paciente vive também tem uma grande influência sobre o enfrentamento da condição. 

“Estudos mostraram que a maioria os indivíduos com diabetes tipo 5 pertencem a áreas rurais e de baixas condições socioeconômicas, com baixo consumo de proteínas e calorias na dieta”, descrevem os autores do consenso.

Para a endocrinologista Bianca Pititto, coordenadora de Epidemiologia da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), o reconhecimento da doença irá permitir um melhor tratamento a populações vulneráveis.

“É uma iniciativa necessária que dá visibilidade a quem convive com a insegurança alimentar e encara as complicações do diabetes”, avalia a médica, que é uma das representantes brasileiras em grupos internacionais de discussão sobre o tema.

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O trabalho só está começando. Estudos clínicos ainda precisarão ser realizados para estabelecer as melhores formas de diagnosticar e tratar a condição.

“É preciso avaliar a resposta a medicamentos orais e à insulina nesses pacientes para entender quais são as opções mais eficazes”, pontua Pititto. Assim como as outras formas de diabetes, o tipo 5 é uma doença crônica. Isso quer dizer que, mesmo que a desnutrição seja revertida, a doença continuará a evoluir caso não haja controle.

Daí outro motivo para investir em pesquisas sobre o assunto, que mostrem quais caminhos são possíveis para indivíduos com a condição.

Segundo a endocrinologista, as canetas emagrecedoras (como ficaram conhecidos os análogos da GLP1), apesar de estarem revolucionando o controle glicêmico, porém, não seriam uma boa opção para os pacientes com diabetes tipo 5 justamente por agirem na redução do apetite e na perda de peso.

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Por que tipo 5?

A nova forma de diabetes é a terceira a ser reconhecida pelos cientistas, no entanto, outras já haviam sido propostas antes sob as nomenclaturas de diabetes tipo 3 e tipo 4.

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“São subtipos aventados há algumas décadas, mas que não ainda não foram reconhecidos pela dificuldade de estabelecer o quão diferentes são, de fato, dos diabetes tipos 1 e 2”, esclarece Pititto. 

O diabetes tipo 3 estaria associado a uma dificuldade cerebral de responder à insulina, relacionando-se também a casos de declínio cognitivo e demência, como o Alzheimer. Já o diabetes tipo 4, seria uma versão da doença manifestada pelo nosso processo natural de envelhecimento.

“No momento, não há novas evidências ou discussões que justifiquem o reconhecimento dessas formas da doença”, pontua a endocrinologista.

 

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