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Diabetes eleva risco de fraturas – mesmo se o exame dizer que está tudo ok

Quando a glicemia está alta, é bom ficar de olho na saúde do esqueleto. Do contrário, o risco de ossos quebrados pode aumentar

Por Theo Ruprecht*
Atualizado em 10 out 2019, 17h10 - Publicado em 22 abr 2018, 17h04
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  • Não pense que só o sistema cardiovascular de pessoas com diabetes sofre. Estudos apresentados no Congresso Mundial de Osteoporose e Doenças Osteometabólicas, que está acontecendo em Cracóvia (Polônia), reforçam que essa doença enfraquece os ossos e promove fraturas – mas de um jeito diferente do esperado.

    Comecemos pelo diabetes tipo 1, versão menos comum do problema em que o próprio organismo do paciente ataca o pâncreas, comprometendo a produção de insulina – e, com isso, bagunça o controle do açúcar no sangue. Ao comparar 97 vítimas dessa encrenca com outras 77 saudáveis, pesquisadores da Universidade Médica da Bielorússia notaram que 18,5% da primeira turma já apresentava vértebras quebradas, contra apenas 1,3% do outro pessoal.

    Caso você esteja achando estranho: sim, é possível ter uma pequena lesão na espinha dorsal e não perceber. Mas ela, se já não está provocando eventuais dores, limitações de movimento, deformações ou uma corcunda, ao menos sinaliza para um risco elevado de mais ossos quebrados no futuro.

    “Já tínhamos mais noção de que isso acontece mesmo no diabetes tipo 1. Mas agora estão surgindo evidências com o tipo 2 também”, ressalta a endocrinologista Marise Lazarreti Castro, presidente da Associação Brasileira de Avaliação Óssea e Osteometabolismo, direto do congresso para a SAÚDE.

    Pois é: essa versão da encrenca, caracterizada por uma resistência à ação da insulina que, no longo prazo, sobrecarrega o pâncreas e faz a glicemia ir às alturas, também parece estar associada a fraturas. De acordo com mais um trabalho daqueles mesmos cientistas bielorrusos, mulheres após a menopausa que sofrem com diabetes tipo 2 apresentam uma probabilidade quase três vezes maior de ter vértebras quebradas.

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    Nesse experimento, 94 diabéticas foram equiparadas a 89 voluntárias com glicemia normal. E aqui vem um detalhe importante (e preocupante): o resultado não mudou muito até quando as pacientes o exame que detecta a osteoporose vinha praticamente inalterado. Ou seja, o teste de densitometria óssea parecia estar ok, porém mesmo assim elas sofreram com mais lesões.

    “Não é a densidade de osso, e sim a qualidade dele que está sendo afetada”, explica Marise. É como se, frente ao excesso açúcar na circulação, o organismo não conseguisse construir, reciclar e reformar o nosso arcabouço esquelético direito. “Há, inclusive, uma teoria de que a glicose afetaria o colágeno, uma proteína abundante nos ossos”, diz Marise.

    Verdade que também há o risco de o diabetes diminuir a densidade dos ossos, o que é mais facilmente reconhecível com exames tradicionais para detectar a osteoporose. Mas o fato é que trabalhos como os citados acima levantam a seguinte questão: como prevenir fraturas por fragilidade do esqueleto se um teste de densitometria óssea às vezes deixa a desejar?

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    Uma possibilidade do especialista é recorrer a outros testes ou, ainda, dar uma maior atenção às radiografias necessárias para o exame de densitometria óssea. Outra é fazer checkups preventivos com frequência.

    Porém, acima disso, convém ao indivíduo com diabetes tomar medidas que solidificam os ossos. Quais são elas? Fazer exercício físico, ingerir fontes de cálcio e garantir um aporte de vitamina D, entre outras estratégias.

    Essas práticas, de quebra, chegam a ajudar a controlar a glicemia do paciente. Afinal, não há um diabético que nunca tenha ouvido do médico para comer bem e suar a camisa, não é mesmo?!

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    Remédio para os ossos que ajuda no diabetes?

    Outro levantamento interessante apresentado com destaque no congresso sugere que o denosumabe, uma nova droga que aumenta a densidade óssea de pessoas com osteoporose, auxiliaria a controlar o diabetes tipo 2 em si.

    É importante deixar claro que a pesquisa ainda é muito inicial e não permite cravar qualquer coisa, porém ela dá indícios de que esse fármaco pode baixar a taxa de glicose nos vasos. “Sabemos que o denosumabe atua no pâncreas. Isso talvez explique o achado”, afirmou Bart Clarke, autor do artigo, da Mayo Clinic (EUA), durante sua apresentação.

    O experimento ainda indica que os pacientes emagreceram um pouco por causa da droga. E cabe destacar que a obesidade ocasiona e agrava o diabetes tipo 2.

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    É cedo para se entusiasmar. Contudo, talvez no futuro teremos tratamentos que, de certa maneira, atuam paralelamente contra o diabetes e a osteoporose.

    *As despesas do jornalista com hospedagem e voos para o local do evento foram pagas pela Sanofi Consumer Healthcare

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