Pode encher o pulmão, expandir o diafragma e tensionar as pregas vocais: é do Brasil! O Dia Mundial da Voz, celebrado em 16 de abril, surgiu por aqui. Veio da Semana Nacional da Voz, em 1999, um projeto organizado por um grupo de médicos, fonoaudiólogos e professores que buscavam conscientizar sobre a saúde vocal.
Pouco tempo depois, a proposta foi seguida por outros países, e se tornou “mundial” quando a Academia Americana de Otorrinolaringologia reconheceu a data em 2002 e adotou o nome mais pomposo. A efeméride é um bom momento para entender que problemas de saúde a voz pode indicar, caso esteja alterada.
Quais doenças afetam a voz?
O sistema de vocalização humano tem um funcionamento delicado e a mudança numa parte pode afetar o funcionamento de toda a voz. Condições alérgicas ou infecciosas, como rinite e sinusite, afetam a sonoridade de forma temporária pela obstrução da cavidade nasal, por exemplo.
Outro caso potencialmente reversível de problemas na voz está relacionado ao hipotireoidismo, que incha a tireoide e pode pressionar a laringe e causar rouquidão. As infecções nas amígdalas podem também alterar a passagem de ar e a articulação da fala e voz.
No entanto, é preciso atenção: alguns quadros que poderiam ser temporários podem afetar a voz de forma permanente se não forem tratados da maneira correta. Um exemplo é a laringite, infecção que costuma atingir a região das pregas vocais. As lesões por ali podem inclusive evoluir para tumores.
Uma situação semelhante ocorre no refluxo gastroesofágico (que pode atingir a estrutura vocal e virar um refluxo faringolaríngeo), onde a acidez dos líquidos pode danificar de forma irreversível a mucosa da região.
+Leia também: Exercícios contra o refluxo gastroesofágico
Hábitos também modificam a voz
O tabagismo e o consumo exagerado de álcool afetam diretamente a saúde da voz, da laringe (através do refluxo) até a boca (danificando a dentição).
Os casos graves também são influenciados por hábitos nocivos: estima-se que cerca de 70% dos casos de câncer de laringe sejam de pessoas que fumaram por um longo período da vida, além de pacientes com o chamado edema de Reinke (alteração da mucosa das pregas vocais), agravado através do fumo e do consumo exagerado de álcool.
Pólipos e nódulos estão entre as lesões causadas por esforço e uso inadequado da voz. É um problema que pode acometer, por exemplo, cantores. A boa notícia nesse caso é que não costumam apresentar riscos de longo prazo se forem tratados corretamente.
Quais cuidados são necessários com a voz?
Manter a hidratação, sem bebidas ácidas e muito quentes, além de fugir do tabagismo e do álcool são as medidas de prevenção mais recomendadas para problemas vocais. Mas existem outras formas de cuidar da voz:
- Evite abusos vocais, o que inclui gritos e sussurros
- Não permaneça por longos períodos em ambientes muito secos
- Evite pigarrear e tossir sem necessidade
- Consuma maçãs: rica em pectina, substância que auxilia na limpeza do sistema vocal e evita o acúmulo de secreção
- Evite alimentos que causem azia e má digestão, poupando as cordas vocais de serem atingidas por refluxo
- Evite o uso desnecessário de anti-histamínicos e diuréticos, que ressecam a mucosa das pregas vocais
Como produzimos o som da nossa voz?
A emissão do som começa com a respiração, através da expansão do diafragma e da expulsão do ar dos pulmões. Esse fluxo passa pelas pregas vocais, um tecido elástico da laringe, que durante a fala fica tensionado. O tecido em contato com o fluxo de ar gera o som.
A modulação desse som ocorre durante a passagem por todo o trato vocal, incluindo a faringe, boca e cavidade nasal. A musculatura da laringe permite o controle da altura e o tom do som, pela forma que tensiona as pregas vocais, da mesma forma que a boca é responsável pela articulação da fala.
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