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Dexametasona reduz mortalidade em casos graves de coronavírus, diz estudo

Resultados preliminares de uma pesquisa colocam esse corticoide como o primeiro remédio capaz de diminuir o risco de morte em pacientes com Covid-19

Por Theo Ruprecht
Atualizado em 1 jun 2022, 17h58 - Publicado em 16 jun 2020, 15h13
dexametasona remedio coronavirus
Um corticoide surge como possível opção para os casos graves de coronavírus. (Foto: Deborah Maxx/SAÚDE é Vital)
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A dexametasona, um corticoide comumente receitado para alergias graves, artrite reumatoide e outros problemas, pode ser o primeiro remédio comprovadamente eficaz para reduzir a mortalidade do coronavírus (Sars-CoV-2). Segundo um consórcio de pesquisadores britânicos — chefiados pela Universidade de Oxford — o medicamento aumentou a chance de sobrevivência entre pacientes com casos graves da Covid-19, que necessitam de oxigenação artificial.

“Dia histórico no tratamento da Covid-19”, anunciou, por meio de comunicado, o infectologista Clovis Arns, presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).

A pesquisa que chegou a essa conclusão

Antes de tudo, cabe destacar que a investigação ainda não foi publicada, o que dificulta a interpretação de dados por outros experts. Seus autores divulgaram resultados preliminares na página oficial do estudo Recovery, que vem testando a eficácia e a segurança de diferentes medicações frente ao coronavírus.

A pesquisa é randomizada e com grupo de controle — ou seja, distribui os voluntários aleatoriamente entre uma turma que recebe a medicação e outra que segue com o tratamento usual. Esse rigor traz mais confiança nos dados encontrados.

Pois bem: 2 104 pacientes tomaram o corticoide por dez dias, enquanto outros 4 321 não o receberam. Ambas as turmas passaram pelos cuidados usuais necessários.

A conclusão dos cientistas é a de que a dexametasona diminui em 35% o risco de morte nas pessoas que estavam recebendo ventilação mecânica por causa da Covid-19. Nos voluntários submetidos à oxigenação, mas que não chegaram a recorrer ao respirador artificial — um subgrupo um pouco menos grave —, a queda na mortalidade foi de 20%.

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“Baseado nesses resultados, uma morte seria prevenida com esse tratamento a cada oito pacientes em ventilação mecânica ou uma a cada 25 entre quem só necessitava de oxigênio”, afirma a nota.

Nas pessoas com casos leves de coronavírus, não houve diferença na mortalidade. Em outras palavras, a medicação seria útil apenas para os quadros mais severos da infecção — não adianta tentar comprar na farmácia.

Além de o experimento não ter sido publicado em um periódico científico, os participantes que ficaram sem a dexametasona não receberam um placebo, o que seria ideal para tornar os dados ainda mais confiáveis.

No entanto, a SBI recebeu a notícia com otimismo. “Conclusão prática: todo paciente com Covid-19 em ventilação mecânica e os que necessitam de oxigênio fora da UTI devem receber dexametasona […] por dez dias”.

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Cabe destacar que, apesar da boa notícia, a dexametasona não opera milagres, segundo o próprio comunicado dos cientistas. Ela reduziu o risco de morte em pacientes graves, mas não o zerou.

Além disso, alguns centros já utilizam a medicação. Esse trabalho, portanto, ajuda a definir o paciente que mais se beneficia e a dose adequada. Por outro lado, ele não resolve, por si só, a pandemia.

A ação da dexametasona contra o coronavírus

Estamos falando de um corticoide antigo, usado desde a década de 1960. Ela faz parte da lista de medicamentos essenciais da Organização Mundial da Saúde — e trata desde problemas reumatológicos a alergias.

“A dexametasona não é cara […] e pode ser usada imediatamente para salvar vidas no mundo”, diz Peter Horby, um dos líderes do estudo Recovery.

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Não se sabe como o medicamento reduziria o risco de morte diante da pandemia. No entanto, quadros severos de Covid-19 vêm acompanhados de uma inflamação exacerbada, que danifica diferentes órgãos do corpo. E a dexametasona age como anti-inflamatório.

Essa teoria, aliás, ajudaria a explicar o motivo pelo qual o corticoide não beneficiaria pessoas com sintomas leves do coronavírus, que apresentam menos inflamação.

Curiosamente, corticoides podem suprimir o sistema imunológico, nossa linha de defesa natural contra infecções. Contudo, em uma matéria publicada pela Nature, o médico Anthony Fauci, chefe do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas (EUA) disse: “Em casos avançados de Covid-19, em que há necessidade do uso de ventiladores mecânicos, usualmente é […] a inflamação que contribui mais para a mortalidade do que um efeito direto do vírus”.

A dexametasona é ingerida como comprimido ou aplicada na veia. Entre as reações adversas mais agudas, ela pode gerar picos de pressão, enjoo, irregularidade menstrual. Seu uso prolongado — que não é o caso da indicação contra o coronavírus — está associado a uma série de encrencas, que vão de depressão a catarata, passando por úlceras gastrointestinais e danos no coração.

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Como a VEJA noticiou, o secretário de saúde do Reino Unido, Matt Hancock, médicos do serviço público de lá passarão a utilizar esse corticoide no tratamento contra o Sars-CoV-2.

Estudos anteriores sugeriam que o remdesivir, outro fármaco, reduziria o tempo de internação decorrente da Covid-19 — não a mortalidade. Vários outros tratamentos vêm sendo testados, inclusive a hidroxicloroquina, que recentemente teve seu uso emergencial revogado nos Estados Unidos.

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