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De dengue a malária: como os mosquitos mudaram o mundo

Em livro recém-lançado no país, historiador narra a interferência desses insetos e suas doenças em guerras e outros episódios que marcaram a humanidade

Por Diogo Sponchiato
24 Maio 2022, 16h53
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  • A biografia da nossa espécie inclui picadas de mosquitos em boa parte da sua trajetória, especialmente em momentos decisivos para as civilizações.

    Pense em qualquer episódio de relevo e provavelmente você ouvirá os zumbidos de anófeles, aedes e cúlex, os principais vetores de doenças entre esses insetos.

    Eles influenciaram o destino de gregos e romanos, a expansão colonial pelas Américas, a independência estadunidense e até as guerras do século 20, como relata o historiador americano Timothy Winegard em O Mosquito (compre aqui)lançado pela editora Intrínseca.

    Para ter ideia, o professor se refere diversas vezes ao “General Anófeles”, apelido para o mosquito transmissor da malária, a moléstia que mais decidiu guerras e alterou os rumos da humanidade.

    Winegard revisita o papel — ora coadjuvante, ora protagonista — dos mosquitos da Pré-História ao século 21, descreve as batalhas (infrutíferas) para erradicá-los e tece perspectivas otimistas e sombrias sobre a nossa convivência com essas criaturas.

    capa do livro

    O Mosquito — A Incrível História Do Maior Predador Da Humanidade
    Autor: Timothy Winegard
    Editora: Intrínseca
    Páginas: 608

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    + LEIA TAMBÉM: O novo cerco da ciência à dengue

    Os três terríveis

    Os mosquitos que transmitem doenças que mais assolaram o ser humano

    Anófeles: é o inseto que dissemina os protozoários da malária. O problema já atormentou todos os continentes — a exceção fica por conta das regiões mais geladas — e hoje, embora ocorra inclusive no Brasil, é predominante na África. A doença é caracterizada por febre, calafrios, mal-estar e dores pelo corpo. Pode provocar danos em vários órgãos e ser letal. Conta com algumas opções de tratamento — e uma vacina na África.

    Aedes: mais conhecido dos brasileiros, esse mosquito transmite dengue, zika, febre amarela, chikungunya e mais um rol de infecções. Especialistas já não falam mais em eliminação da espécie, mas em seu controle. Para isso, novas estratégias recorrem inclusive a mosquitos transgênicos para limar a proliferação do vetor original e sua capacidade de injetar vírus nos seres humanos.

    Cúlex: esse gênero, representado pelo popular pernilongo, é o menos tenebroso em matéria de impactos históricos, de acordo com o livro do professor Timothy Winegard. No entanto, também espalha parasitas da pesada, como o causador da filariose (ou elefantíase). A doença se instala no sistema linfático e provoca inchaços e deformações nas pernas, nos braços e nos genitais.

    + LEIA TAMBÉM: Casos de dengue sobem pelo país. O que fazer diante de sintomas?

    Picadas pelo tempo

    Os mosquitos participaram de dezenas de episódios históricos

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    Grécia antiga: o desfecho das batalhas entre gregos e persas foi moldado pelo mosquito da malária. A Grécia levou a melhor.

    Império Romano: a malária jogou tanto a favor como contra Roma. E o temor da doença teria ajudado a espalhar e sedimentar o cristianismo.

    Invasão mongol: o enfraquecimento dos exércitos de Gêngis e Kublai Khan pela malária é um dos fatores que evitaram a tomada da Europa.

    Era das navegações: o intercâmbio de povos, mosquitos e doenças após as viagens de Colombo devastou europeus, índios e escravizados.

    Independência americana: os mosquitos auxiliaram indiretamente a libertação estadunidense e a vitória da União na Guerra de Secessão.

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    Imperialismo: epidemias de febre amarela expulsaram europeus da região do Caribe, e o controle sobre o vetor levou os EUA a dominar a área.

    Primeira Guerra: A malária foi uma das doenças a ceifar vidas nas trincheiras. Infestava pântanos na Itália e derrubou milhões de soldados.

    Segunda Guerra: Os nazistas tentaram utilizar a malária como arma biológica ao reverter o represamento de águas em terra italiana.

    Ressurgência: a popularização do inseticida DDT entre 1930 e 1970 dizimou mosquitos e gerou uma trégua — mas eles adquiriram resistência.

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    Mosquito transmissor da malária ainda atormenta humanidade, sobretudo quem vive na África. (Foto: Oscar Cabral/SAÚDE é Vital)
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    Notícias da mosquitolândia

    Problemas com esses insetos continuam um desafio de saúde pública

    Dengue em alta: a rede Dasa registrou aumento substancial no número de casos em Goiás, Rio de Janeiro, Paraná e Distrito Federal.

    Surto na África: o governo do Quênia notificou em março dezenas de novos casos de febre amarela nesse país que fica no leste africano.

    Vacina no pedaço: um imunizante é aplicado em milhares de crianças de nações africanas para conter a forma mais temida da malária.

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